10 março 2009

ÁGUAS DE MARÇO (FECHANDO O VERÃO)

Texto enviado ao blog pelo Engenheiro Agrônomo JOSÉ LUIZ VIANA DO COUTO - jviana@openlink.com.br, também nosso amigo e colaborador.


Dia 28/12/04 (há mais de 4 anos atrás) criei na Comunidade “Água e Efluentes” do Orkut um tópico dedicado exclusivamente à água da chuva: Um uso nobre para a água da chuva (*). Ficou só 3 meses em cartaz e recebeu 38 postagens. Eu me referia, na ocasião, ao uso potável da mesma.


Folheando o jornal de ontem (O GLOBO, domingo, 8/3/09, caderno MORAR BEM) deparei-me com um artigo de página inteira: A chuva que alivia o bolso, que recomenda o uso da água da chuva nos condomínios. Vou pinçar de lá alguns dados interessantes, para você.


1 – Cerca de 80% da água consumida diariamente não precisa ser potável (especialista Romualdo Costa, diretor da Cosh/Soluções Ambientais Sustentáveis).

2 – Pode-se economizar até 90% de água, para fins não-potáveis, reduzindo a despesa em até 30%.

3 – A água pode ser usada para lavar áreas comuns do prédio e carros de moradores, além de molhar as plantas.

4 – O decreto municipal 23.940/04 torna obrigatória a captação, em prédios novos com área impermeabilizada acima de 500 metros quadrados. A lei estadual 4.393/04 obriga as construtoras a instalarem dispositivos de captação em prédios residenciais com mais de 50 unidades.

5 – A despesa com água potável é o 2o. maior gasto dos condomínios, perdendo apenas para as despesas com o pagamento de funcionários, que chega a consumir 35% do total da arrecadação (Manoel Maia, vice-presidente do Sindicato da Habitação – Secovi Rio).


Seja qual for o tamanho do sistema de captação da água da chuva, há quatro componentes básicos:


a) área de captação (em geral os telhados e pisos elevados impermeáveis);

b) calhas (11cm diâmetro) e tubulações para transporte da água;

c) telas ou peneiras para filtragem da água (retirada de folhas); e

d) reservatórios (2 de preferência, para o período de manutenção).


O texto só não deu “o pulo do gato”: o cálculo do volume a acumular; mas eu faço isso agora. Basta multiplicar a área do telhado (comprimento x largura) pela altura de chuva. Se a cobertura tiver, p.ex., 60 m2 e a chuva no local (site do INMET) é de 20 mm, basta multiplicar: 60 m2 x 0,020 m = 1,2 m3 ou 1.200 litros. Uma cisterna de 10 m3 encheria em 8 horas. Se quiser tratar (clorar), basta 1 ou 2 gotas de água sanitária, por litro. Agora, já pode beber.


O ENFOQUE AMBIENTAL

Todos sabemos, do ciclo hidrológico, que a água dos rios provém das chuvas. Nas cidades, com a impermeabilização dos terrenos provocada pela urbanização, essa água é impedida de se infiltrar no solo e pode provocar enchentes. Até aí morreu Neves, como se diz vulgarmente.


À pedido de um amigo, semana passada eu fiz um rápido estudo da bacia de um córrego que drena mais da metade da cidade de São José dos Pinhais-PR, vizinha de Curitiba, onde costumam ocorrer enchentes. Tomei a Equação das Chuvas Intensas e, para um Tempo de Recorrência de 5 anos e tempo de duração de 30 minutos, encontrei a chuva de 82 mm/h. Descontada a infiltração e evaporação, cheguei à vazão de 230 m3/s para o córrego. A Prefeitura pretendia construir um dreno com 9 x 2,3 m de seção para acabar com as enchentes. Usei de novo a calculadora e cheguei à vazão de 143 m3/s para o bueiro (mesmo aceitando a velocidade de 6,8 m/s, superior aos 4 m/s máximos permitidos). Já viu que não dá vazão, né ? E daí ? O que fazer então?


Nos cálculos acima, como a cidade conta com uma extensa área verde margeando o rio Iguaçu, e algumas praças, estimei uma infiltração de 20% da água da chuva. Mas foi pouco, como você viu. É claro que meus cálculos foram expeditos e para uma solução definitiva, merecem comprovação. Entretanto, de ante-mão, pode-se prever que apenas a retenção/infiltração é que vai solucionar o problema das enchentes.


SOLUÇÕES

Uma Lei parecida com a do Estado do Rio (e de Sampa, também) já seria “uma mão na roda”. Mas não bastaria. Aí lembrei-me da expressão do Zagalo, ex-jogador da Seleção Brasileira: Vocês vão ter que me engolir! Captou a mensagem (subliminar)?


No meu tópico “O ABC da Gestão Ambiental” (no Orkut), já abordei mais de uma vez as soluções de engenharia para captar água da chuva em áreas públicas para evitar enchentes urbanas. Na minha página da Rural (**) publiquei um capítulo intitulado Bacias Urbanas.


CONCLUSÃO

Captando água da chuva no seu telhado, além de economizar na conta da água potável, você ainda estará colaborando decisivamente com toda a sua cidade, evitando enchentes. FAÇA ISSO.


LINKS

(*)http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=58825&tid=5616982

(**)http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/baciaurb.htm


Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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3 comentários:

  1. Professor José Luiz: O meu pai é seu fã e já disse uma vez num comentário que se algum administrador, não interessa se municipal, estadual ou federal, realmente quisesse melhorar a vida das cidades, devia chamar o senhor.

    Eu concordo: o senhor sabe tudo e mais um pouco de gestão ambiental.

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  2. Olá,
    Muito bom divulgar esses dados, porém tenho uma pequena correção a lhe sugerir...Quando você fala: "Se quiser tratar (clorar), basta 1 ou 2 gotas de água sanitária, por litro. Agora, já pode beber."
    Na verdade neste estágio AINDA NAO PODE BEBER! A água da chuva é desmineralizada...e para bebê-la, devemos re-mineralizá-la antes!
    Isso é muito simples...basta fazer um pequeno filtro de carvão+areia+brita e aí sim PODE BEBER!
    Att, Arq. Camille
    www.tetoverde.com

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  3. Valeu, Camille! Obrigado pelas dicas e volte sempre!

    Um grande abraço...

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