26 setembro 2009

A SITUAÇÃO DOS CAVALOS NA CIDADE DE SÃO PAULO

Esse texto foi publicado por Leonardo Bezerra no JORNAL DEFESA DOS ANIMAIS e está sendo postado aqui a título de colaboração na defesa dos animais irracionais, impotentes diante do homem, o animal "racional". O pedido de ajuda veio da amiga Alessandra Baroni, amiga do ORKUT e ferrenha defensora desses seres por vezes tão ignorados pela socidade.




Nos bairros da periferia de São Paulo e outras grandes cidades é comum observar-se cavalos abandonados que perambulam tristes pelas ruas. Alguns têm mesmo o hábito de revirar os sacos de lixo à procura de alimentos mais parecendo um cão vira-latas que cavalo. A situação é muito triste. A maioria das pessoas, confortáveis e bem alimentadas o que faz normalmente é afugentá-los como se tratasse de um objeto e não de uma vida. Por sorte e para felicidade de alguns, pelo menos em São Paulo, esses pobres animais contam com a sensibilidade, o sacrifício e o amor de Cynthia Fonseca, verdadeira heroína dos tempos atuais, porém desconhecida, pois as pessoas só querem saber de cavalos quando destes podem tirar proveito. Na hora de ajudar nem pensar.



Situação dos cavalos de rua

Doentes, abandonados, quase sempre famintos. Essas são as condições em que são recolhidos das ruas de São Paulo pelo CCZ – Centro de Controle de Zoonoses sendo a média de dois por dia. Antes do trabalho de Cynthia a maioria desses animais era simplesmente morta, pois não havia como abrigar tantos cavalos. Depois de muita luta a ONG Anjos dos Cavalos, conduzida por Cynthia, conseguiu reverter à situação com a permissão para usar parte das instalações para recuperar a saúde desses animais.



Maus tratos


Por incrível que pareça, a situação dos cavalos que tem donos é ainda pior do que a daqueles que vivem abandonados. Os donos fazem os animais trabalhar todo o dia e às vezes ainda os alugam para outro carroceiro à noite. A maioria não tem a alimentação apropriada, deveria comer cerca de cinco quilos de ração e, pelo menos, meio fardo de feno por dia, coisa que não acontece. Os carroceiros ainda os espancam com chicotes muitas vezes atingindo os olhos dos animais e provocando cegueira. Outros ainda andam com as patas machucadas pelo uso de ferraduras velhas e gastas.

Como a lei proíbe a circulação de carroças nas ruas e avenidas de São Paulo, os carroceiros quando denunciados, tem seu cavalo recolhido pelo CCZ. Para sorte do cavalo, o dono só tem cinco dias úteis para reclamar o animal e mesmo assim o custo para retirada deste é de R$ 1.500,00, dinheiro que normalmente o carroceiro não paga, mesmo porque não compensa já que a compra de outro cavalo não passa de R$ 200,00. Assim, o cavalo recolhido vai passar por todo um processo de recuperação e depois a doação para alguém responsável e não mais para trabalho nas ruas.

Por isso mesmo certamente a ONG Anjos dos Cavalos deve ser o terror dos carroceiros. Muitos destes vivem da cata de papelão e outros materiais pelas ruas e vêem nesse trabalho seu único meio de subsistência. Nada de errado, se tratassem seus animais com respeito e cuidados. O grande erro é que essas pessoas não tem a menor capacidade de entendimento com relação aos animais e por isso mesmo é que não se preocupam por eles.




Passos para recolha do animal

1. O CCZ recebe denúncias pelos telefones: 0/xx/11 6224-5540 ou 5567 e pelo número 156

2. A equipe de Rua do CCZ sai para recolha do animal que é levado à sede do centro por cinco dias, quando faz exame de anemia infecciosa. Se der positivo, é sacrificado. Se der negativo, é entregue a uma ONG, que irá busca um novo abrigo para o bicho


3. O novo "dono" assina um termo de compromisso, onde reconhece que não tem a posse do cavalo e, portanto, não pode vendê-lo ou trocá-lo. Deve aceitar receber visitas supervisionadas.



Projeto Anjo dos Cavalos


Idealizado por Celina Valentino, mais conhecida como a “Celina dos Cavalos e dos Leões”. No período de 1996 a setembro de 2002, quando veio a falecer, conseguiu um novo lar para cerca de 2000 cavalos. O Projeto prosseguiu depois com Cynthia Fonseca.



A história de Cynthia Fonseca


Quando completou 23 anos na profissão de dentista em 2005 foi que teve inicio a heróica história de Cynthia. Passou a ser conhecida como “a mulher dos cavalos” quando passou a recolher cavalos, éguas, mulas e jumentos nos bairros da periferia. Claro que isso ia diretamente contra os donos dos animais que não entendiam o amor por esses animais nem viam sentido em querer salvá-los.

Quem também não via graça nenhuma no heroísmo de Cynthia certamente era seu marido, também dentista com que ela trabalhava. Por isso mesmo viu com alívio quando ela resolveu dedicar-se totalmente aos cavalos. Parece mesmo que Cynthia estava na profissão errada, assim passou a estudar veterinária para melhor ajudar os animais.

O início de sua preocupação por cavalos deu-se em 2002, quando a amiga de sua mãe que cuidava de identificar os cavalos nas ruas e comunicar aos CCZ, morreu. Cynthia pensou em como ficaria a situação dos cavalos daí por diante. Foi então que passou a organizar o projeto Anjo dos Cavalos idealizado por Celina Valentino, com apoio da ONG Quintal de São Francisco. Com mais de seis anos de atividades do projeto, já foram salvos mais de 3.500 cavalos, tratados e encaminhados a sítios e fazendas onde passaram a ter nova vida longe dos maus tratos (Leonardo Bezerra).



Segundo o Projeto Anjos dos Cavalos, eis os requisitos para quem desejar adotar um cavalo em São Paulo:

Obedecendo ao disposto na legislação em vigor, as pessoas interessadas em “adotar” um animal de grande porte na cidade de São Paulo (eqüinos em sua maioria) devem atender alguns pré-requisitos exigidos por lei, tais como:

Estarem cientes que não serão proprietárias, mas sim depositárias fiéis do animal “adotado”, não podendo vendê-lo, “doá-lo”, utilizá-lo em trabalho, fazê-lo procriar com fins econômicos, sendo permitido somente montaria para uso próprio ou de seu familiares.

Os animais já saem “chipados” do CCZ-SP. Concordarem com a “aposentadoria permanente” do animal “adotado”, independente do seu sexo, raça, tamanho, idade e condições de saúde.

Deverão possuir propriedade rural, sendo obrigatório a apresentação de escritura definitiva do imóvel em que o animal permanecerá, dentre outros documentos exigidos.

Comunicarem de imediato a coordenação do PAC – Projeto Anjo dos Cavalos qualquer problema que afete o animal (mudança de endereço, venda da propriedade, falecimento de seu depositário fiel, impossibilidade de continuar com o animal, etc.).

Fazemos uma triagem muito criteriosa dos cadastros preenchidos no CCZ-SP, pois buscamos sempre o perfil do depositário fiel mais adequado para cada animal, objetivando pleno êxito na “adoção” e a melhor opção de vida e bem-estar para cada animal.

Se você tiver interesse em “adotar” um animal, dirija-se ao CCZ-SP, preencha uma ficha cadastral e receba todas as informações necessárias (exigências legais, documentação, valores de taxas, entre outras), bem como, conheça todos os animais que esperam por um novo lar e uma vida digna em meio à Natureza.


Em cidades onde as carroças ainda são permitidas – Recomendações do DETRAN-RS

Em sua cidade, pode ter horários e locais certos para circular de carroça. Converse com as autoridades de trânsito para saber.

O cavalo não é um animal tão forte como parece. Procure cuidar bem dele, lavar as feridas se houver, e alimentá-lo bem. Não coloque carga pesada demais ou arreios duros demais. Não bata com força no animal, pois quem perde é você.

Sempre que for dobrar ou parar, faça os gestos certos para avisar quem em atrás. É importante também vacinar o cavalo contra doenças.


Na hora que o animal estiver descansando, não o deixe solto, pois poderá se jogar contra os carros e as pessoas.

Crianças tem que estudar, não trabalhar em carroça. Isso é coisa de adulto.Nunca pare em “fila dupla”, ao lado de carro estacionado.

Andar na contramão é pedir acidente. Nunca faça isso. Tem que andar sempre pela direita, junto do meio fio ou acostamento, e no mesmo sentido dos carros.

Nunca passe sinal vermelho. O sinal vermelho não é só para os carros pararem, mas também para as carroças e papeleiros. Todos tem que parar no vermelho, para não dar acidente.


Nunca deixe o animal andar pela calçada, é muito perigoso.

Use o cavalo no máximo oito horas por dia. Cavalo cansa e sente dor, por isso não dá pra exagerar no trabalho.

Evite as avenidas mais movimentadas nos horários de pico. Muitos carros e muito barulho fazem mal ao animal e você vai trancar o trânsito.

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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8 comentários:

  1. É muito triste esse tipo de situação. Alguns cavalos trabalham até quase não poder manter-se de pé. E o pior: sem alimentação adequada e sofrendo todo o tipo de violência!

    O texto é bem elucidativo e a introdução bem clara: são "animais irracionais, impotentes diante do homem, o animal "racional"!

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  2. "Em seu olhar firme, o cavalo resplandece uma eloquência silenciosa que fala de amor, lealdade, força e coragem. É a janela que nos revela o quanto é disposto o seu espírito, o quanto é generoso o seu coração."

    Muito obrigada Carlos, por ajudar a divulgar a verdadeira realidade de nossos nobres amigos e esse trabalho tão maravilhoso da Cynthia.

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  3. Comentário assina, feito por Alessandra Baroni.

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  4. Correção: acima e não assina.

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  5. Li sobre essa moça numa reportagem da Folha de São Paulo de 2008. Dizia o texto:

    "A história de Cynthia como defensora de eqüídeos começou em 2002, quando uma amiga de sua mãe morreu. Era ela quem identificava os cavalos nas ruas e comunicava ao CCZ. "Fiquei pensando como iam ficar os animais", lembra Seguindo o outro lado da tradição familiar (a mãe é bióloga e presidente do Fórum Nacional de Defesa e Proteção Animal), a dentista passou a coordenar o projeto Anjo dos Cavalos, com apoio da ONG Quintal de São Francisco.

    Em seis anos à frente do projeto, Cynthia contabiliza cerca de 3.500 cavalos recolhidos, tratados e encaminhados a sítios e fazendas dispostos a recebê-los. "É cada situação absurda", diz ela, sobre os abusos: patas em carne viva por falta de ferraduras adequadas, cascos apodrecidos, orelhas quebradas e animais cegos por chicotadas".

    Ela é um exemplo de gente que faz!

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  6. Belo exemplo de amor pelos animais nos dá essa moça Cynthia. É bom saber que ainda existem pessoas dispostas a defender os pobres animais, os chamados "irracionais", na luta contra a violência, maldade, covardia e desacaso do homem, o único animal "racional" sobre a terra. Parece piada!...

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  7. Pessoal
    abandonaram um cavalo há dias entre a Av. Prestes Maia e Av. Jacuí, em Diadema. Esse local fica próximo a linhas de transmissão da Eletropaulo.

    Ele está preso a uma corda curtíssima onde mal pode se movimentar.
    Está amarrado há dias sob sol e chuva e pelo tamanho da corda mal consegue ter liberdade de procurar o que comer. Ele pode morrer se continuar naquela posição e sem ter o que comer ou beber.
    É um cavalo marrom, parece jovem...

    Me ajudem a divulgar e reforçar esse apelo a Polícia Ambiental, aos Bombeiros ou a alguém do Projeto Anjos dos Cavalos do CCZ-SP !!!!!!

    Ajudem a divulgar para seus contatos, quem sabe alguém não tem um sítio e gostaria de ter um animal desses...

    Por favor, esse é um caso em que temos que correr contra o tempo.
    Quem quiser mais informações segue o telefone do meu amigo = Alencar 7329-7596

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  8. e lindo o seu trabalho com os animais como devo proceder para adotar um cavalo moro em um sitio em são francisco xavier interior de sp proximo a são jose dos campo adoraria adotar um cavalo adulto ou filhote

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