28 outubro 2010

A vida imita a arte ou a arte imita a vida

Oscar Wilde dizia que a vida imita a arte muito mais que a arte imita a vida. Ou será o contrário? Onde estará a verdade?
Pesquisadores alemães revelaram, na última segunda-feira (26/10), que encontraram em Cambaia, na Índia, centenas de criaturas presas em âmbar há 50 milhões de anos, descoberta que bem poderia ter servido de inspiração para a história de Jurassic Park ou Parque dos Dinossauros, filme de ficção científica dirigido por Steven Spielberg, com roteiro baseado no livro homônimo de Michael Crichton, que conta a história de John Hammond, presidente da InGen, uma empresa de biotecnologia, que consegue clonar dinossauros a partir do DNA extraído de mosquitos também fossilizados em âmbar.
As novas criaturas agora encontradas, porém, não são do período jurássico (145 a 199 milhões de anos atrás), mas antigas o suficiente para acrescentar capítulos inéditos ao conhecimento da pré-história. São cerca de 700 abelhas, formigas, aranhas e outras pequenas criaturas que viveram há 50 milhões de anos e morreram aprisionadas em âmbar.
O âmbar surge quando a leve e pegajosa seiva de árvores se solidifica, formando rígidos blocos de resina, que quando enterrados se transformam numa substância valiosa por sua cor, transparência e beleza natural. A resina produzida pelas árvores tem propriedades anti-sépticas para proteger a planta contra o ataque de fungos e bactérias, uma característica que também ajuda a preservar insetos ou pequenos animais que ficam presos antes dela se solidificar. A jazida agora encontrada é, muito provavelmente, a maior e mais espetacular do mundo.
Esse tipo de depósito de âmbar é o primeiro a ser descoberto na Índia, e segundo os cientistas, pode ser maior que as estruturas conhecidas na Rússia, Polônia, Ucrânia e Alemanha, os mais importantes até então.
O depósito foi encontrado nas minas de carvão a céu aberto da região de Cambaia, no noroeste da Índia, e de acordo com os pesquisadores, a análise do âmbar mostra que ele foi formado pela resina de uma família de madeiras de lei tropicais ainda existente no sudeste asiático.
Os animais encontrados em âmbar europeu geralmente estão secos, mas no caso da Índia, os exemplares estavam intactos, já que preservados pelo âmbar, o que vai permitir aos pesquisadores um estudo mais detalhado.
- Podemos dissolver o âmbar e retirar o animal ainda inteiro - disse Joe Rust, que liderou a equipe responsável pela descoberta. - É como extrair um dinossauro completo do âmbar e analisá-lo em detalhes.
Rust, no entanto, não acredita na possibilidade de obter material genético dos insetos presos no âmbar indiano.
- Nunca encontraremos DNA ancestral no âmbar. Ele está completamente destruído e deteriora após milhares de anos - explica.
A maioria das espécies encontradas no âmbar indiano é de insetos, mas também há pequenos aracnídeos e até fragmentos de plantas. Uma espécie de formiga é de um gênero só existente hoje na Austrália.
Ao analisarem as camadas de carvão onde o âmbar foi descoberto, os pesquisadores concluíram que os animais teriam vivido entre 50 e 52 milhões de anos atrás, quando o subcontinente indiano ainda era uma ilha que se movia a uma velocidade de 15 a 20 centímetros por ano em direção a Ásia. A colisão entre estes blocos, segundo eles, teria forma os montes Himalaias.
Eles mostraram ainda que a semelhança entre as espécies encontradas no âmbar indiano as descobertas na Ásia e Europa acabou com a teoria segundo a qual a vida selvagem indiana teria sido a responsável por povoar os outros continentes.
- A Índia ficou isolada por milhões de anos. Após sua colisão com a Ásia, acreditava-se que a fauna da Índia teria conseguido se expandir dali para outras terras - conta Rust.
- O que descobrimos nesse âmbar é que os insetos ali contidos tinham grande semelhança com os já existentes na Europa.
Cientistas da Universidade de Bonn – Alemanha, estimam que os 700 animais são apenas uma amostra do que a reserva indiana pode abrigar. Esses insetos e aracnídeos sobreviveram à extinção dos dinossauros e viveram em uma época anterior à dos mamíferos.

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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4 comentários:

  1. Muito interessante o texto! Fico imaginando o quanto ainda há para se descobrir. Imagine o fundo do mar??? O mundo, a vida é realmente incrível!!!Abração!

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  2. Olá querido Roberto!
    Interessante! Só espero que antes de pensarem em reproduzí-las através de DNA (como no filme) estudem e vejam se há compatibilidade entre os habitats passado e presente para que tais espécies não representem mais um tipo de ameaça à vida atual. No filme foi um verdadeiro desastre...rsrs.. Aliás, adorei os 3 Jurassic Park!
    Grande beijo,
    Jackie

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  3. Com certeza, Della!

    O mundo, a vida, a natureza são absolutamente inexpugnáveis, jamais serão completamente explicados, e justamente por isso você está correta: o que é que ainda não conhecemos?

    Um grande abraço...

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  4. Tenho que concordar com você, Jackie!

    Ninguém pode sair por aí reproduzindo animais sem antes saber se eles podem ser adaptados ao nosso convívio.

    Um beijão...

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