29 março 2011

Um centésimo de segundo

One hundredth of a second (Um centésimo de segundo), filme objeto desta postagem, curta-metragem dirigido e roteirizado por Susan Jacobson, foi exibido em 22 de agosto de 2006, em estréia mundial, no Edinburgh International Film Festival. Apesar do tempo decorrido, o tema abordado continua atual e incita uma interessante reflexão. Ele retrata o dilema de Kate (Emma Cleasby), a quem o destino reservou uma terrível surpresa: o testemunho do brutal assassinato de uma menina, o que ela revela ao mundo através das imagens colhidas por sua câmera. Aliás, cenas como as mostradas no vídeo acontecem milhares de vezes nos conflitos que se desenrolam mundo afora. Em todos eles a luta pelo poder político é a razão principal. O homem, cego pela ambição, deixa aflorar sua brutalidade e covardia, perdendo completamente a noção de humanidade.

Por isso, países de regime fechado como China, Cuba, Venezuela e mais recentemente nas rebeliões populares registradas no Egito, Iêmen, Siria e Líbia, as forças de segurança tentam, de todas as formas (até mesmo seqüestrando e assassinando correspondentes de guerra estrangeiros), impedir o trabalho da mídia.

Mas não é esse o assunto que quero enfocar. Na minha busca de informações sobre o vídeo, esbarrei com muitas opiniões. Há uma unanimidade contra os horrores da guerra, disso não há dúvidas. Mas controvérsias surgiram sobre o comportamento de Kate, a fotógrafa. A maioria tece elogios à sua coragem no exercício da missão de informar, mas há quem diga que ela foi covarde e pouco ética, por não esboçar qualquer reação em defesa da menina, preocupando-se apenas em registrar o fato através das imagens guardadas em sua máquina fotográfica.

Não penso assim! Como uma simples fotógrafa, mulher, desarmada e despreparada, Kate nada poderia fazer para evitar o trágico destino da menina, e muito pelo contrário, assinaria a própria sentença de morte se fosse descoberta. Em situações como essa, não há como evitar, o instinto de preservação fala mais alto. Mesmo assim ela vive um conflito interior: além de não conseguir esquecer o olhar da garota, vive a se perguntar se não a deveria ter socorrido.

Como disse a amiga AnaKris, que me enviou o vídeo, é muito fácil criticar a atitude pessoal e profissional de Kate, sem que se tenha vivido a situação de perto, sem que se tenha sentido o cheiro da morte. Também acho que ela, como profissional, fez o seu trabalho, mostrando ao mundo a brutalidade e estupidez da guerra, e dando a todos nós a oportunidade refletir sobre o tema.

O que você acha? Kate errou em não defender a pequena vítima ou agiu como um ser humano comum, que sente medo e tenta preservar a própria existência? Sua conduta teria sido contrária à ética profissional? Assista ao vídeo e depois deixe o seu comentário...





Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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