A calcinha, peça fundamental no guarda-roupa feminino e um verdadeiro talismã no universo dos sonhos masculinos, vem ficando cada vez menor, e foi justamente esse detalhe, o tamanho da peça, que motivou uma pesquisa recentemente realizada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial - IEMI.
Engana-se, por exemplo, quem pensa que o tamanho da calcinha é a única coisa que importa para as mulheres. O conforto e a praticidade são os dois itens mais importantes, segundo elas, na hora de escolher o acessório. Depois deles vem o apelo sexual.
Por isso, de olho nestes aspectos, fabricantes tradicionais resolveram apostar nos modelos mais provocantes e nos chamados fios dentais, que há muito tempo deixaram de ser exclusividade dos sex shops. Um deles promete para os próximos dias o lançamento no mercado de uma das menores calcinhas já vistas por aqui.
E foi para mostrar a evolução da peça ao longo dos anos, que Tatiane Minerato, rainha da bateria da Gaviões da Fiel, foi convidada a ir até o Brechó Minha Avó Tinha, em Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo - SP, onde experimentou de tudo: desde um modelo da virada dos séculos XIX e XX, chamado de pantalon, até o atual e famoso fio dental, o mais badalado e polêmico.
A pesquisa do IEMI, feita com 1.100 pessoas em vários estados brasileiros, mostra que o conforto (39,6%) lidera a motivação da escolha da lingerie, seguido pela praticidade (15,2%), itens também apontados pelas consumidoras na hora de adquirir outras peças de seu vestuário, mas o que chama mais atenção no levantamento é que na hora da compra uma em cada cinco mulheres leva em consideração o apelo sexual/provocante (13,2%) ou romântico (5,9%) das peças íntimas.
- Com relação às lingeries, as mulheres se sentem mais confortáveis para ousar, pois o produto as permite mostrar aquilo que elas acham que devem. Isso é significativo e está dentro do esperado para a categoria (lingerie) - afirma o diretor do IEMI, Marcelo Villin Prado.
Confira a imagem das peças e as conclusões da pesquisa.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZtK6QhgdY3DshD_bYjp_ec3kU-y7R6e8ZIrzi1ocx5Pk1NDW4t2hDFT4DId8Ix5AYhdQbLiU1XaRft3F_1Ds3-KySeYFvwRn8yElGAAoECoIZ6t3lGELDxg55To4nZNDoTo4RzCv_LCo/s400/papo+calcinha-belle-epoque_.jpg) |
Belle Époque - A calcinha passou a integrar o guarda-roupa feminino após a Revolução Francesa, quando uma simplificação no vestuário passou a exigir das damas um cuidado maior com as roupas de baixo. De lá para cá, as mudanças foram muitas. O primeiro modelo, chamado pantalon ou calção, em geral, chegava abaixo dos joelhos. Segundo a especialista Rosemary Hawthorne, a austeridade marcou as roupas de baixo até meados do século 19. “Nenhuma mulher iria querer chamar a atenção para aquilo que as peças íntimas embrulhavam”, relata em seu livro. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRzruuIVRuwkQ7ZLmc3UfKl-ig6jEjQcVY4qfT8wEHK_hjx4EP4Sg3-dnxlN3FT1AobHZ_wkP0dQLoz5Nt0CACV7_-OjMnnZOdOnhXg6jsAhSc7aoxqVaJj5NSGaC0rKn4ivs1gHKJZCY/s400/papo+calcinha-anos-20_.jpg) |
Década 20 - As mudanças ocorridas durante a guerra (1914-1918) marcaram o nascimento da verdadeira mulher “moderna”, segundo Rosemary Hawthorne. As roupas se tornaram muito mais fáceis de vestir e o uso do espartilho foi deixado de lado. As saias se tornam mais curtas e as moças passaram a mostrar as pernas. Por isso, a calcinha sofre uma primeira redução no tamanho e chega até o joelho. Elas também passam a incorporar babados, rendas, aplicações de fitinhas e florzinhas, sinal de que a mulher começa a mostrar a lingerie para o marido. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmU139baFNNPj9bm9P-5YflQ4EUnr5sXeMr2DKoW892H6QJ7o1uP7EnI1b0y3jnq81QcQMyE_ptTjwR4P0VrqTuTMXqo1x_5PajJ3IEwNeE7wJTTLd0HvEDZCwelOdu5A7-yGsItq6evs/s400/papo+calcinha-30-40.jpg) |
Décadas de 30 e 40 - O tamanho da calcinha se reduz ainda mais. “A calcinha contorna levemente a curva da perna. Elas eram feitas à base de algodão, linho e as mulheres mais refinadas usavam seda”, diz a professora Shitara. A calcinha tem a cintura no lugar, o que atualmente se convencionou chamar cintura alta. O acabamento que era feito com cós e botões ganha um novo aliado: o elástico. Flexível e resistente à fervura, o uso do elástico se popularizou após 1925. As meias de nylon se tornam populares e passam a integrar o guarda-roupa feminino. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqG1FOV9Zsj7kqfLnQagWfQdWDphyphenhyphen7YSXFC3nuoPVxmgoANW61eCkK4CUIp-fZXKka53ENn2u2Mf-1Ogm1U7sys696U9y5NzP-tqD1FllsVM5yF-5nA9lc4Fa5Ihq8TeNphoPSkp40StM/s400/papo+calcinha-anos-50.jpg) |
Década de 50 - Nessa época, tecidos à base de nylon se popularizam. Após o elástico, é a vez do zíper compor os figurinos. “A lingerie da época tinha calcinha de renda e cinta-liga. Fecho Éclair se populariza. É a busca da feminilidade a todo custo”, afirma Franz Ambrósio. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEfUQADh2_Llqi5x4Rr9UM3OSoDue4RIsMuguRYSAe7ZiM_NlTjvunczbFx9DDSLsGJ85_J4YXnqRu6hPSzxOX1VpXSibnYFTGiBt-K5x0Vx8OIp3QLYpxB1rZlQkKQTqjo0RL1R9QkIM/s400/papo+calcinha-60.jpg) |
Década de 60 - Resistentes à máquina de lavar, o uso dos tecidos à base de nylon e poliéster se popularizam. A moda pedia trajes femininos cada vez mais curtos. A cintura baixa, que caracteriza a moda surgida em Saint Tropez, na badalada Côte D´Azur francesa, começa a ganhar adeptos. A professora Miti Shitara identifica duas tendências: “Uma parte prefere lingeries feitas com tecido e malha. De outro lado, estavam aqueles que estavam sintonizados com a “Era Espacial” e optam por tecidos sintéticos, que também eram mais baratos”, disse. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbc9T4ICyyyiK1MWK1-Cg8cBYr3g2PvBKULIU3o1wTY0jJ_mXb1y6XNC_bgNEVlzU6qtqM8oDVTtjKchGJP11ma4cWo3HI2pE24WVhkbFPqNkUpdQEZltuewsUa05-nwScxue82p531_Y/s400/papo+calcinha-70.jpg) |
Década de 70 - As calcinhas multicoloridas passam a integrar o guarda-roupa feminino. A cintura nessa época é baixa e as tanguinhas se popularizam. “O uso de anticoncepcional permite à mulher separar a maternidade do desejo. Ela fica mais à vontade para exibir seu corpo. Surgem modelos mais ousados, às vezes, mais depravados”, afirma Miti Shitara. A partir dessa década, os modelos das calcinhas passam a seguir a moda dos biquínis. A influência do movimento hippie se reflete também na confecção de roupas íntimas. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzFmfwUpxOKfFgrQEzuSN-h9QpfyWZ2Z6TXAtPmjcTYCNEYi0o-XZ30RcXR-B4fx5-imhRCXi_UT-XBD0kQSZRhRP4LZVNNxz-j6qwP3cFUzX7zj_AcKnvN3HAhv0AnSrlzTH2tlQZ_60/s400/papo+calcinha-anos-80.jpg) |
Década de 80 - Entre o fim da década de 70 e início de 80, aparecem tangas supercavadas e com a lateral enroladinha. O modelo, conhecido como asa delta, vira uma verdadeira febre. “A a silhueta fica masculinizada. As ombreiras e tailleurs entram na moda. Mas, por baixo da sisudez aparente, as mulheres também se preocupam em utilizar peças lindas, repletas de babadinhos”, afirma Miti Shitara. (Foto: Raul Zito / G1) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPFiPalk0GayQXqNmDWvZRfDKMbJk6dF5caevrVUDXU09H6_XtfzyiNJaWdVxJx6FzpFccdcbOjxbio5B5baEu-FDb8CukaBC9arqNJGSy_fMFuadPee1u_xEIpB4MwTqfBIjNvnqN_8Q/s400/papo+calcinha-anos-2000.jpg) |
Anos 90 e 2000 - Desde a década de 90, a indústria o mix de modelos de lingerie adaptados às diferentes situações do dia a dia: para o trabalho, para a noite, para o conforto. “É um período de forte mestiçagem: diversos modelos de lingerie convivem pacificamente’, observa a professora. A moda são os seios fartos e os bumbuns proeminentes. Foto: Raul Zito / G1) |
Sobre o Autor:
![Carlos Roberto](https://lh4.googleusercontent.com/-wt5vzUyawas/T68EFwTB4iI/AAAAAAAASWk/s9paNTyawuk/s75/roberto75x75.JPG) |
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
Cadastre seu e-mail e receba nossas postagens