18 fevereiro 2014

Juiz que ironizou o CNJ por receber sem trabalhar recebe apoio no Facebook

Postagem de Marcelo Antônio Cesca no Facebook (foto: reprodução)

Marcelo Antônio Cesca foi afastado das funções de juiz da 2ª Vara Federal de Brasília depois de sofrer um surto psicótico depois que um médico dobrou a dose do antidepressivo que ele tomava à época em razão de um tratamento contra estresse pós-traumático, o que gerou a abertura de um processo administrativo pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ com o intuito de avaliar se ele estava capacitado para retornar ao exercício da magistratura. O afastamento aconteceu em novembro de 2011 e até hoje o CNJ não resolveu sua situação. O magistrado esclarece que já foi periciado por três psiquiatras e que está apto a retornar às suas atividades normais desde maio de 2013. Nove meses depois, porém, o CNJ ainda não decidiu sobre o destino do juiz, que recebe R$ 22 mil por mês e se diz indignado com a situação.

Numa foto em que aparece na praia ao lado da namorada, Cesca ironiza o órgão:

“Eu agradeço ao Conselho Nacional de Justiça por estar há 2 anos e 3 meses recebendo salário integral sem trabalhar, por ter 106 dias de férias mais 60 dias pra tirar a partir de 23/03/14, e por comemorar e bebemorar tudo isso numa quinta-feira à tarde ao lado de minha amada gata de 19 anos! Longa vida ao CNJ e à Loman (Lei Orgânica da Magistratura Nacional)!”, escreveu Marcelo na legenda da foto.

- Isso é um absurdo e me afeta por vários motivos. Primeiro, não posso legalmente exercer outra profissão. Segundo, sem trabalhar, minha saúde piora, porque afeta minha autoestima. Terceiro, não posso me promover na carreira. Quarto, falta juiz, sobram processos e eu aqui olhando para o teto - disse Marcelo Cesca, acrescentando que voltar a trabalhar é tudo o que ele quer.

Foto: reprodução
Em outra postagem, Cesca faz referência ao tempo que está sem trabalhar e ironiza: "não é fácil viver no Brasil".

Somente nesta segunda-feira (17/02), certamente depois de tomar conhecimento da entrevista de Cesca, foi que o ministro Francisco Falcão, Corregedor Nacional de Justiça, oficiou ao presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região informando a data em que analisará a volta do juiz federal.

O mais engraçado nessa história é que um relatório sobre o panorama da justiça brasileira, divulgado em outubro de 2013 pelo mesmo CNJ, mostrou que 10 dos 27 tribunais do país tiveram baixa produtividade e alta taxa de congestionamento de processos. Pelo visto, baixa produtividade e congestionamento de processos não é privilégio dos tribunais espalhados pelo Brasil. O nosso CNJ, que não quis comentar o caso Cesca, também não consegue descascar seus abacaxis. 


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Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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