Mostrando postagens com marcador assassinatos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador assassinatos. Mostrar todas as postagens

01 junho 2009

MAIS UM GUARANI KAIOWÁ É ASSASSINADO

Logo ao raiar do dia 30 de maio último, LEILA PEREIRA, índia KAIOWÁ GUARANI, do acampamento KURUSU AMBÁ - CORONEL SAPUCAÍ - MT, foi avisada de que o corpo de seu filho, OSWALDO PEREIRA, estava na beira da estrada, notícia que lhe foi dada pelo cacique JONAS.

Chocada, ela se dirigiu ao local, que fica a cerca de um quilometro do acampamento, e quando lá chegou encontrou vários policiais, que dizendo que tudo não teria passado de um "simples" acidente de transito, queriam retirar o corpo do local, no que foram impedidos por memebros da comunidade que também chegaram ao local.

Além da dor da perda do ente querido, LEILA PEREIRA e os demais membros da comunidade indígena enfrentaram um longo dia de angustia, dor e revolta ao lado do corpo, suportando o frio e a chuva que caía, já que a Polícia Federal, chamada ao local, para a perícia não apareceu até à noite, quando veio a informação de que, por falta de efetivo, os policiais não poderiam comparecer.

Assim a comunidade permitiu que o corpo fosse removido pela funerária Bom Jesus e levado para Coronel Sapucaia. Centenas de pessoas ao longo do dia puderam acompanhar a dor da comunidade, que não quis fechar a rodovia no intuito de não prejudicar ninguém.

OSWALDO PEREIRA, que tinha sido escolhido recentemente secretário da organização da comunidade, contava 24 (vinte e quatro) anos de idade, era casado e tinha um filho recém nascido, e segundo relato da mãe, saiu do acampamento por volta das 21:00 horas do dia 29/05, em companhia de 02 (dois) dois homens não indígenas que ela não conseguiu identificar. Ela soube da morte do filho no dia seguinte.

O corpo apresentava marcas de tiros logo abaixo da costela e na cabeça, bem como sinais de ferimento possivelmente por faca. Para os membros da comunidade não restam dúvidas de que se trata de assassinato. As marcas recentes de pneu de trator próximo a cerca do lado interno da fazenda que beira o local do crime, também denunciam a possível manobra de arrastar o corpo até a beira da estrada para simular um acidente.

Fonte: Adital (leia detalhes)

23 maio 2009

A DOR GUARANI KAIOWÁ

De acordo com o site ECOAGENCIA, dos 60 (sessenta) indígenas assassinados no BRASIL no ano passado, 42 (quarenta e dois) eram da etnia GUARANI KAIOWÁ, de MATO GROSSO DO SUL - MS. Os outros assassinatos ocorreram no MARANHÃO (3), MINAS GERAIS (4), AlLAGOAS (2), PERNAMBUCO (2) e TOCANTINS (2). Os dados são do Relatório de Violências Contra Povos Indígenas 2008, divulgado pelo CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO - CIMI.

ANASTÁCIO PERALTA, liderança do povo GUARANI KAIOWÁ na região desabafa: "Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos". O relatório do CIMI chega a destacar o caso de um jovem GUARANI, morto por um agente policial. A polícia alega resistência da vítima, que teria resultado num confronto. "Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação", lamenta ANASTÁCIO PERALTA.

Há suspeitas de que muitos dos assassinatos possam ter sido praticados pelos próprios indígenas. Em 12 casos, os principais suspeitos são familiares da vítima. Vingança foi o motivo alegado em pelo menos oito casos. O relatório destaca que "a violência entre os próprios índios é o indicativo mais importante para avaliar o grau de tensão e profundo mal estar dentro das aldeias indígenas, sendo, inclusive, uma das causas para os deslocamentos de muitas famílias para a beira de estradas ou centros urbanos". A violência denominada "interna" é considerada mais complexa pelo CIMI. "Os povos indígenas aprenderam durante a longa luta pela recuperação e posse de suas terras a elaborar inúmeras estratégias de enfrentamento", aponta o relatório.

MATO GROSSO DO SUL - MS também é o único estado onde houve suicídios: 34 (trinta e quatro) no total, todos índios da etnia GUARANI KAIOWÁ.

ANASTÁCIO diz que os assassinatos e suicídios entre indígenas acabam gerando maior preconceito contra as comunidades. "Com isso, os meios de comunicação divulgam só as brigas e mortes, mas não analisam como estamos vivendo. A polícia vem rapidamente prender um índio que fizer algo errado. Mas se algo for feito contra ele, não são tomadas providências".

O ano de 2008 também registrou inúmeros casos de violência contra os profissionais da FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI. "Os antropologos são impedidos de entrar e realizar os estudos para a demarcação das nossas terras. Eles são ameaçados por capangas dos fazendeiros", conta ANASTÁCIO PERALTA.

O estudo encomendado pelo CIMI ainda destaca ainda que a FUNAI "não teve condições políticas para desenvolver as suas atividades, uma vez que o próprio presidente da fundação estabeleceu acordos com fazendeiros e autoridades estaduais para restringir os trabalhos deste Grupo Técnico (responsável pela realização dos estudos antropológicos), submetendo-os à ingerência daqueles que declaradamente se opõem a demarcação das terras".

A população GUARANI KAIOWÁ tem quase 45.000 (quarenta e cinco mil) indivíduos, de acordo com dados recentes da FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Desse total, mais de 23.300 (vinte e três mil e trezentos) índios estão concentrados em três terras indígenas (DOURADOS, AMAMBAÍ E CAARAPÓ), demarcadas pelo SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO (criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra.