23 maio 2009

A dor Guarani Kaiowá II

Desculpem fazer mais um tópico com o mesmo nome, mas não seria possivel postar algumas fotografias pelo comentário e acredito que uma imagem diz mais do que mil palavras.

As imagens são de Antônio Viegas, repórter cinematográfico do Correio do Estado (MS), e me foram enviadas por ele, com a devida permissão do jornal.

A luta dos Kaiowá no Mato Grosso do Sul já faz parte dos meus "pitacos" há alguns anos. Vamos lá. Os Guarani se dividem em 3 sub-etnias: os Mbya, os Nhandeva (ou Ava-Guarani) e os Kaiowá. Dos três, os Kaiowá são os mais reservados, mais calados e também os mais perseguidos.

O início do processo de demarcação da reserva foi em 1999 e só em 2005 foi concluído com a homologação da TI Marangatú pelo Presidente Lula.

Foi então que os conflitos se agravaram. O Agronegócio movimenta milhões e o coronelismo neste país é uma tradição por demais enraizada. Os kaiová vivem numa luta desigual contra jagúnços fortemente armados a mando de fazendeiros que, por sua vez, são acobertados pelos seus amigos de Brasília.


Durante a cobertura da expulsão dos índios por jagúnços, Viegas fotografou este homem no momento em que ele verifica o que sobrou de sua casa queimada. Algumas horas depois, este mesmo homem foi encontrado morto a tiros.


Os kaiowá foram expulsos das terras que receberam do Governo, mas ainda resistem. Hoje vivem como mendigos, revirando lixo, enxotados de um canto para o outro.





Por outro lado, sofrem o preconceito da população das cidades circunvizinhas que sabem que, numa disputa judicial de terra, os pequenos agricultores (boa parte da população) são duramente afetados. A ajuda não chega, seja por medo ou por descaso e as crianças mais novinhas morrem por inanição.


Uma constante...



A história de Géria. Géria é essa menininha Kaiowá. A foto da esquerda mostra como Géria foi encontrada. Depois de ser cuidada por alguns agentes da FUNASA, Géria voltou a ser um bebê saudável e feliz. Lamentavelmente, a história de Géria é uma excessão, quase um milagre, entre os Kaiowá.


O moral é baixo e daí vem o grande número de suicídios e de casos de alcoolismo e prostituição.


O filho tenta acordar o pai caído, totalmente alcolizado


Aqui a criança prefere dormir ao lado do pai nas mesmas condições.


O filme abaixo, também foi feito pelo Viegas. Cabe a mim alertá-los que as cenas são muito chocantes e explícitas, e por isso podem até causar algum mal estar.



Tenhamos em mente - e principalmente nos corações - que não estamos apenas tratando de índios, e sim de pessoas, de SERES HUMANOS!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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Um comentário:

  1. 19/05/2009 - 12:17
    Regina Duarte tem medo de índio

    A atriz global e pecuarista Regina Duarte, em discurso na abertura da 45ª Expoagro, em Dourados (MS), disse que está solidária com os produtores e lideranças rurais quanto à questão de demarcação de terras indígenas e quilombolas no estado.

    “Confesso que em Dourados voltei a sentir medo”, afirmou a atriz, neste domingo (18), com referência à previsão de criação de novas reservas na região de Dourados. “O direito à propriedade é inalienável”, explicou ela, de forma curta, grossa e maravilhosamente elucidativa o que faz do BRASIL um brasil. Em verdade, ela deve estar sentindo medo desde a campanha presidencia l de 2002… (O deputado Ronaldo Caiado, principal defensor desses princípios, deveria cobrar royalties de Regina Duarte… Inalienáveis deveriam ser o direito à vida e à dignidade, mas terra vale mais que isso por aqui.)

    “Podem contar comigo, da mesma forma que estive presentes nos momentos mais importantes da política brasileira.” Ela e o marido são criadores da raça Brahman em Barretos (SP).

    Dos 60 assassinatos de indígenas ocorridos no Brasil inteiro em 2008, 42 vítimas (70% do total) eram do povo Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, de acordo com dados Conselho Indígenista Missionário (Cimi). “Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos”, afirma Anastácio Peralta, liderança do povo Guarani Kaiowá da região.

    “Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação”, lamenta Anastácio Peralta.

    A população Guarani Kaiowá é composta por mais de 44,5 mil. Desse total, mais de 23,3 mil estão concentrados em três terras indígenas (Dourados, Amambaí e Caarapó), demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra. Enquanto os fazendeiros, muitos dos quais ocuparam irregularmente as terras, esparramam-se confortavelmente por centenas de milhares de hectares. O governo não tem sido competente para agilizar a demarcação de terras e vem sofrendo pressões até da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).

    Mesmo em áreas já homologadas, os fazendeiros- invasores se negam a sair - semelhante ao que ocorreu com a Raposa Serra do Sol.
    É esse massacre lento que a pecuarista apóia, como se as vítimas fossem os pobres fazendeiros. Só espero que, na tentativa de apoiar a causa, ela não resolva levar isso para a tela da TV, em um épico sobre a conquista do Oeste brasileiro, nos quais os brancos civilizados finalmente livram as terras dos selvagens pagãos.

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