23 maio 2009

A DOR GUARANI KAIOWÁ

De acordo com o site ECOAGENCIA, dos 60 (sessenta) indígenas assassinados no BRASIL no ano passado, 42 (quarenta e dois) eram da etnia GUARANI KAIOWÁ, de MATO GROSSO DO SUL - MS. Os outros assassinatos ocorreram no MARANHÃO (3), MINAS GERAIS (4), AlLAGOAS (2), PERNAMBUCO (2) e TOCANTINS (2). Os dados são do Relatório de Violências Contra Povos Indígenas 2008, divulgado pelo CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO - CIMI.

ANASTÁCIO PERALTA, liderança do povo GUARANI KAIOWÁ na região desabafa: "Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos". O relatório do CIMI chega a destacar o caso de um jovem GUARANI, morto por um agente policial. A polícia alega resistência da vítima, que teria resultado num confronto. "Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação", lamenta ANASTÁCIO PERALTA.

Há suspeitas de que muitos dos assassinatos possam ter sido praticados pelos próprios indígenas. Em 12 casos, os principais suspeitos são familiares da vítima. Vingança foi o motivo alegado em pelo menos oito casos. O relatório destaca que "a violência entre os próprios índios é o indicativo mais importante para avaliar o grau de tensão e profundo mal estar dentro das aldeias indígenas, sendo, inclusive, uma das causas para os deslocamentos de muitas famílias para a beira de estradas ou centros urbanos". A violência denominada "interna" é considerada mais complexa pelo CIMI. "Os povos indígenas aprenderam durante a longa luta pela recuperação e posse de suas terras a elaborar inúmeras estratégias de enfrentamento", aponta o relatório.

MATO GROSSO DO SUL - MS também é o único estado onde houve suicídios: 34 (trinta e quatro) no total, todos índios da etnia GUARANI KAIOWÁ.

ANASTÁCIO diz que os assassinatos e suicídios entre indígenas acabam gerando maior preconceito contra as comunidades. "Com isso, os meios de comunicação divulgam só as brigas e mortes, mas não analisam como estamos vivendo. A polícia vem rapidamente prender um índio que fizer algo errado. Mas se algo for feito contra ele, não são tomadas providências".

O ano de 2008 também registrou inúmeros casos de violência contra os profissionais da FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI. "Os antropologos são impedidos de entrar e realizar os estudos para a demarcação das nossas terras. Eles são ameaçados por capangas dos fazendeiros", conta ANASTÁCIO PERALTA.

O estudo encomendado pelo CIMI ainda destaca ainda que a FUNAI "não teve condições políticas para desenvolver as suas atividades, uma vez que o próprio presidente da fundação estabeleceu acordos com fazendeiros e autoridades estaduais para restringir os trabalhos deste Grupo Técnico (responsável pela realização dos estudos antropológicos), submetendo-os à ingerência daqueles que declaradamente se opõem a demarcação das terras".

A população GUARANI KAIOWÁ tem quase 45.000 (quarenta e cinco mil) indivíduos, de acordo com dados recentes da FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Desse total, mais de 23.300 (vinte e três mil e trezentos) índios estão concentrados em três terras indígenas (DOURADOS, AMAMBAÍ E CAARAPÓ), demarcadas pelo SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO (criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra.

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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2 comentários:

  1. A questão indígena é uma das páginas mais vergonhosas da política brasileira. O que hoje acontece não é novidade, mas obra da omissão criminosa do Estado, que chamou prá si a tutela do índio e o abandonou à própria sorte.

    Se não houver uma revolução entre os índios, nada vai se modificar.

    Vergonha, vergonha, vergonha.

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  2. http://www.unifolha.com.br/lernoticia.aspx?id_noticia=2892

    Povo Kaiowá Guarani sofrerá despejo amanhã

    Conforme determinação expedida pela Justiça Federal de Dourados, os indígenas deixarão a área que consideram como território sagrado

    segunda-feira, 25 de maio de 2009 18:14:46


    SABRINA LEAL

    Nesta terça, os indígenas da comunidade Laranjeira Nhanderú serão despejados na BR-163, como cumprimento da determinação expedida pela Justiça Federal. Essa ação faz parte de um cenário comum no estado, que é considerado o de pior situação dos povos indígenas, com maior taxa de mortalidade infantil por desnutrição, maior número de assassinato e também de suicídios indígenas. Além de Mato Grosso do Sul ser o segundo estado com maior concentração de indígenas, perdendo somente para o Amazonas.

    Laranjeira Nhanderú é uma aldeia antiga, em que há mais de um ano e meio tomaram o pedaço de terra em questão, que fica na margem do Rio Brilhante. Em média, 35 famílias vivem no local, totalizando um pouco mais de cem indígenas. Nessas famílias vivem crianças, adultos e idosos, que só reivindicam a demarcação de terras. O povo Kaiowá Guarani considera a área que estão vivendo como sagrada, ideal para a cultura deles, que preservam os recursos naturais, vivendo da pesca e de plantações.

    Com o despejo marcado para amanhã, a ser realizado pela Polícia Federal, os indígenas ficarão acampados na BR-163, até que seja definido um lugar em que possam ficar. Após a determinação expedida pela Justiça, a Fundação Nacional do Índio (Funai) teve um prazo de 120 dias para apresentar um laudo antropológico para a identificação da terra, se era indígena ou não, coisa que não aconteceu. Com isso, a ordem de despejo será cumprida, e os indígenas ficarão na beira da estrada esperando por uma solução.

    O despejo do povo Kaiowá Guarani preocupa a muitos, como é o caso do Assessor Jurídico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Rogério Batalha. “Os indígenas só estão reivindicando o que é de direito. Há uma negação muito grande no estado para com os direitos indígenas. Além disso, a ocupação deles nessa área não causa nenhum prejuízo ao dono”. A saída do povo Kaiowá Guarani será pacífica, como explica Rogério. “Os indígenas não tem condições de fazer um enfrentamento à polícia, e nem querem. Eles sairão de maneira pacífica, para preservar suas famílias, pois caso enfrentassem, sairiam perdendo”.

    Para tentar minimizar o sofrimento dos indígenas, várias organizações como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos (CDDH Marçal de Souza) e outros, estarão amanhã no local para prestar solidariedade e apoio aos indígenas.


    Conselho Indigenista Missionário - CIMI-MS
    Av Afonso Pena, 1557 sala 208 BL. B
    Campo Grande - MS - CEP 79002-070
    Telefone: 67-3384-5551 - Tel/Fax: 67-3383-5364
    Email: cimims@terra.com.br

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