25 janeiro 2011

Tortura e estupro: a "cura" para o lesbianismo

O tempo passa, o mundo avança em conhecimentos, a tecnologia atinge níveis jamais esperados, mas em algumas partes do mundo o ser humano, e principalmente a mulher, continua vivendo no tempo das cavernas.

Millicent Gaika foi amarrada, estrangulada, torturada e estuprada durante cinco horas por um homem que dizia estar “curando-a” do lesbianismo. Infelizmente Millicent não é a única, porque este crime horrendo é recorrente na África do Sul, onde lésbicas vivem aterrorizadas com ameaças de ataques. O mais triste é que jamais alguém foi condenado pelo chamado “estupro corretivo”.

Dotadas de uma coragem que surpreende o mundo, escondidas em um abrigo secreto na Cidade do Cabo, algumas ativistas estão arriscando as próprias vidas para garantir que o caso de Millicent sirva como exemplo e possa gerar mudanças. O apelo lançado ao Ministério da Justiça teve forte repercussão, ultrapassando 140.000 assinaturas e forçando-o a uma resposta por uma rede de televisão nacional, mas o ministro ainda não respondeu às demandas por ações concretas.

Esse horror precisa ser mostrado ao mundo - se um grande número de pessoas aderir ao movimento, conseguiremos amplificar e escalar esta campanha, levando-a diretamente ao presidente Zuma, autoridade máxima na garantia dos direitos constitucionais. Vamos exigir de Zuma e do Ministro da Justiça que condenem publicamente o “estupro corretivo”, criminalizando crimes de homofobia e garantindo a implementação imediata de educação pública e proteção para os sobreviventes.

A África do Sul, chamada de Nação Arco-Íris, é reverenciada globalmente pelos seus esforços pós-apartheid contra a discriminação. Ela foi o primeiro país a proteger constitucionalmente cidadãos da discriminação baseada na sexualidade. Porém, a Cidade do Cabo não é a única, a ONG local Luleki Sizwe registrou mais de um “estupro corretivo” por dia e o predomínio da impunidade.

O “estupro corretivo” é baseado na noção absurda e falsa de que lésbicas podem ser estupradas para “se tornarem heterossexuais”, mas este ato horrendo não é classificado como crime de discriminação na África do Sul. As vítimas geralmente são mulheres homossexuais, negras, pobres e profundamente marginalizadas. Até mesmo o estupro grupal e o assassinato da Eudy Simelane, heroína nacional e estrela da seleção feminina de futebol da África do Sul em 2008, não mudou a situação. Na semana passada, o ministro Radebe insistiu que o motivo de crime é irrelevante em casos de “estupro corretivo”.

A África do Sul é a capital do estupro do mundo. Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler. Absurdo, absurdo, absurdo!

Surpreendentemente, um quarto das meninas sul-africanas são estupradas antes de completarem 16 anos. Este problema tem muitas raízes: machismo (62% dos meninos com mais de 11 anos acreditam que forçar alguém a fazer sexo não é um ato de violência), pobreza, ocupações massificadas, desemprego, homens marginalizados, indiferença da comunidade.

Alguns casos são corajosamente disponibilizada pelo portal Avaaz. Ajude a denunciar ao mundo o descaso e a impunidade das autoridades africanas. Clique aqui e assine a petição. Ela será entregue pelo Avaaz ao governo da África do Sul através dos parceiros mantidos na Cidade do Cabo. O mundo não pode mais aceitar esse tipo de violência!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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14 comentários:

  1. Saudações!
    Amigo ROBERTO:
    Eu assinei a lista faz algum tempo.
    O relato é chocante e infelizmente, triste e lamentável! É redistribuir o abaixo assinado e para que no amanha tal situação de brutalidade e terror seja dissipada não somente na áfrica do Sul, mas, de todos os países do mundo.
    Parabenizo-o por sua louvável iniciativa em divulgar o acontecimento. Você meu amigo, é um cidadão de bem que vem ao longo do tempo demonstrando de forma inequívoca a sua preocupação para com o ser humano. Principalmente para com os menos afortunados e isso é nobre. Aceite respeitosamente os Meus aplausos e os Meus parabéns!
    Abraços fraternos,
    LISON COSTA.

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  2. Obrigado, Lison!

    É realmente absurdo que esse tipo de coisa ainda aconteça no mundo. Aliás, se podemos dizer que algumas sociedades atingiram um avançado grau, não menos correto será reconhecer que em outras ainda existem verdadeiras bestas humanas, e é contra isso que o restante do mundo precisa lutar.

    Agradeço seu elogio, sinceramente, mas sou apenas alguém que gostaria de viver em um mundo melhor, de mais liberdade, e, principalmente, sem violência, onde as pessoas, homens ou mulheres, pudessem ser respeitados, independentemente de suas religiões ou opções sexuais. Nada mais que isso!

    Um grande abraço...

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  3. Nossa, Roberto! Como dói saber: "Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler". Isso dói muito! Já assinei a petição e vou divulgar no twitter e no facebook. Parabéns pelo post! Beijos da Lu.

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  4. Obrigado, Luciana!

    A divulgação é tão importante quanto a assinatura da carta. Legal que você entendeu a necessidade da participação de mais e mais pessoas.

    Um beijão...

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  5. que coisa isso !
    :o(
    é triste e revoltante
    XOXO

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  6. Carlos,

    A ignorância do homem, aliada a sua suprema burrice e a omissão de muitos, permite este tipo de coisa.

    Assinei o manifesto da Avaaz.org e convido todos os nossos amigos a faze-lo.

    Grande abraço!

    Valéria

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  7. Como você disse, Renatinha: "é triste e revoltante"!

    Se a sociedade internacional não se mobilizar, esse tipo de violência continuará acontecendo indefinidamente.

    Um abração...

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  8. Com certeza, Valéria!

    A soma da estupidez, ignorância (principalmente a religiosa), o machismo e a omissão da própria sociedade mundial são os responsáveis por fatos como esse. A frase "ma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler" me tocou. Afinal, tenho duas filhas e uma neta!

    Parabéns a você pela participação, assinando a carta e indicando a notícia. Não vamos mudar o mundo, mas estamos fazendo um pouquinho do muito necessário pra que isso aconteça um dia!

    Um grande beijo...

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  9. "Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler."

    Meu deus, meu deus... Não tenho palavras para descrever a repulsa, a raiva que sinto ao ler este texto.

    Assinei a petição e repassarei a informação em meu blog e twitter.

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    Respostas

    1. E você acha que é só lá que acontece isso? Não, não, não, no Brasil também muitas meninas são estupradas, o problema é que na maiorias dos casos ninguém sabe, dentro de casa, nas festas de carnaval, nos carna boi da vida isso é muito comum. Devemos nos preocupar sim, com essas crianças da África, mas aqui no Brasil devemos redobrar nossa preocupação, se não em breve teremos milhares de futuras mulheres com o sentimento destruído, talvez até com transtornos emocionais para o resto da vida.

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  10. Essa é a dura realidade, Dell!

    A pobreza e a corrupção dos governantes, aliadas ao descaso do resto do mundo, transformaram a África num país de medo e violência. Some-se a isso os problemas criados pela enorme diversidade religiosa, e entenderemos a atual situação enfrentada pelo povo africano, principalmente o de classe mais pobre.

    Um abração...

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  11. Impressionante como esse povo não entende que ninguém escolhe ser gay, lésbica, bissexual ou heterossexual!

    Você, como hétero, se tentar sair com outro homem, NÃO VAI ROLAR...porque você NÃO curte!

    Ave Maria, dai-me paciência!

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  12. É isso aí, Kiara!

    A maioria das pessoas não entende, ou não quer entender o homossexualismo. Fingem compreender, aceitar, mas no fundo, a discriminação é o sentimento de ordem.

    Um abração...

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  13. santa ignorância, batman!!!!

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