02 junho 2012

Completa 40 anos a fotografia mais famosa da Guerra do Vietnã

Na postagem de ontem (01/06), o Dando Pitacos lembrou os 45 anos do lançamento do mais famoso e polêmico disco da carreira dos Beatles, o "Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band", um grande momento da arte e cultura musical.

Hoje, com a ajuda da imagem aí ao lado, vamos relembrar aos mais velhos e mostrar aos mais jovens o terror da Guerra do Vietnã, um momento de violência causado pela ação do homem. A menina de apenas 9 anos que aparece na foto, nua e ferida, é Kim Phuc, hoje com 49 anos. Na ocasião, 1972, ela tentava fugir, aterrorizada, do bombardeio lançado sobre sua vila no Vietnã. Enquanto corria, depois de ter o corpo queimado por napalm, ela gritava "muito quente! muito quente!".

A imagem, considerada a mais famosa da Guerra do Vietnã, feita pelo fotógrafo Huynh Công "Nick" Út, da Associated Press, completa exatos 40 anos na próxima semana. Kim Phuc conta que a fotografia a "perseguiu" durante boa parte de sua vida.

- Eu realmente queria escapar daquela pequena menina. Mas parece que aquela imagem não me deixava ir - explica Phuc.

Imagem mostra o momento da fuga de Kim Phuc (foto: Nick Ut/AP)

Nos muitos anos que se passaram, ela e o fotógrafo reuniram-se diversas vezes para relembrar e recontar os acontecimentos no dia do bombardeio e suas consequências, principalmente na vida daquela menina vietnamita, que virou embaixadora da boa vontade da Organização das Nações Unidas - ONU, e hoje trabalha ajudando vítimas de guerra.

Nick Ut e a personagem de sua foto
um ano após o bombardeio
(Foto: AP)
Huynh Công Út, conhecido profissionalmente como Nick Ut, trabalha atualmente em Los Angeles. Sua foto ganhou o Prêmio Pulitzer de 1973.

Nascido em Long An - Indochina Francesa, Nick começou a fotografar para a agência aos 16 anos, logo depois que Huynh Thanh My, seu irmão mais velho e também fotógrafo, ter sido morto no Vietnã. Ferido três vezes em guerras, ele passou a trabalhar para a Associated Press em Tóquio, na Coréia do Sul e em Hanói.

De acordo com Nick, a publicação da foto de Kim chegou a ser questionada pela Associated Press - AP, porque ela estampava um nu frontal, o que a agência não permitia. A exceção foi aberta depois de uma consulta feita via telex à sede da empresa em Nova Iorque, ocasião em que Hal Buell, o New York Photo Editor, concordou em cancelar a proibição em razão do valor da informação contido na fotografia.


Morando há anos no Canadá, casada e com dois filhos, Kim ainda se lembra do que teve que enfrentar depois que o regime comunista do norte tomou conta do sul do Vietnã, onde fica a vila em que ela nasceu.



Kim Phuc aparece nesta foto de 1997 com o filho e o marido no apartamento da família em Toronto
(Foto: Nick Ut/AP)



Nick Ut visita a antiga casa de Kim Phuc no vilarejo Trang Bang, perto de onde a famosa fotografia foi tirada (Foto: Na Son Nguyen/AP)


Ao perceber o potencial da imagem, os "estrategistas" vermelhos passaram a usar Phuc como um símbolo de suas críticas ao Ocidente. Ela foi obrigada pelo governo comunista a abandonar a faculdade e passar a atender jornalistas, sempre em visitas monitoradas.


- Eu fui queimada com napalm e me tornei uma vítima de guerra, mas crescer daquele jeito me tornou outro tipo de vítima - lembra a mulher.

Segundo a Wikipédia, este foi o relato feito por Kim à BBC:

"Em 1972, os americanos lançaram uma bomba de napalm em meu povoado, no sul do Vietnã.

Um fotógrafo, Nick Ut, tirou uma foto minha fugindo do fogo, a foto que hoje é tão famosa. Eu me lembro que tinha 9 anos, era apenas uma menina. Naquela noite, nós do povoado havíamos ouvido que os vietcongues estavam vindo e que eles queriam usar a vila como base. Então, quando já era dia, eles vieram e iniciaram os combates no povoado. Nós estávamos muito assustados. Eu me lembro que minha família decidiu procurar abrigo em um templo, porque nós acreditávamos que lá era um lugar sagrado. Nós acreditávamos que, se nos escondêssemos lá, estaríamos a salvo. Eu não cheguei a ver a explosão da bomba de napalm; só me lembro que, de repente, eu vi o fogo me cercando. De repente, minhas roupas todas pegaram fogo, e eu sentia as chamas queimando meu corpo, especialmente meu braço. Naquele momento, passou pela minha cabeça que eu ficaria feia por causa das queimaduras, que eu não ia mais ser uma criança como as outras. Eu estava apavorada, porque de repente não vi mais ninguém perto de mim, só fogo e fumaça. Eu estava chorando e, milagrosamente, ao correr meus pés não ficaram queimados. Só sei que eu comecei a correr, correr e correr. Meus pais não conseguiriam escapar do fogo, então eles decidiram voltar para o templo e continuar abrigados por lá. Minha tia e dois de meus primos morreram. Um deles tinha 3 anos e o outro só 9 meses, eram dois bebês. Então, eu atravessei o fogo."

Na imagem que o mundo jamais esquecerá, ela será para sempre a vítima sem nome da guerra, uma daquelas imbecilidades que só o homem, único animal racional sobre a face da Terra, é capaz de promover. Você lembra da imagem? Não a conhecia? Deixe o seu comentário.



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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