07 dezembro 2012

Exame reprova 54,5% dos formandos de medicina em São Paulo


A notícia é no mínimo preocupante. Resultado apresentado nesta quinta-feira (06/12) pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo - CREMESP com base no exame de proficiência obrigatório a partir deste ano, aponta que mais da metade dos estudantes que concluíram o curso de medicina nas universidades paulistas não dominam áreas básicas ao exercício da profissão. E os números não deixam dúvidas: 54,5% dos 2.411 participantes não acertaram 60% das questões e foram reprovados. O Conselho também informou que 119 alunos boicotaram as provas; 86 optaram pela letra "b" para responder a todas as questões e 33 deles apresentaram outros padrões inconsistentes de respostas. A prova teve 120 questões objetivas de múltipla escolha consideradas de fácil e média complexidade. Ainda assim, a média de acertos foi baixa, até mesmo em áreas cruciais como clínica média (média de 53,1% acertos), saúde pública (46,1%) e saúde mental (41%).

O pior de tudo é que, por falta de uma legislação específica, como no caso da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, que submete seus acadêmicos ao chamado "Exame de Ordem", o mau desempenho não impede que o candidato obtenha o registro junto ao Conselho Regional de Medicina - CRM e comece a trabalhar. Até mesmo os estudantes que boicotaram o exame, segundo o CREMESP, terão o registro.

Renato Azevedo Junior, atual presidente do CREMESP, disse que vai propor discussões nas escolas e encaminhar os resultados para o Ministério da Educação.

- Nossa proposta é chamar atenção da sociedade brasileira. O resultado é preocupante e confirma nossa suspeita de que há um grave problema na formação dos médicos. O problema precisa ser enfrentado - afirma o dirigente.

Segundo Azevedo, alunos e escolas vão receber os resultados individuais de desempenho, mas o Conselho não fará a divulgação por instituição de ensino.

- Contribuímos dando os resultados e há um compromisso moral de não divulgarmos - afirma Azevedo, esclarecendo que o principal objetivo deste comportamento é evitar as comparações por meio de rankings.

De acordo com dados do próprio CREMESP, 12 denúcias são apresentadas diariamente contra médicos; o órgão julga toda semana de 15 a 20 casos que lhe são encaminhados, cassando o registro de pelo menos um profissional a cada mês. Azevedo acha que este cenário não pode ser creditado apenas à má formação médicos, mas garante que isto contribui com as reclamações.

Talvez por isso, segundo matéria publicada no G1, é que o número de denúncias de erros médicos em 2011 tenha sido 52,10% maior que no ano anterior. Os registros saltaram de 261 para 397. Em 2012, os casos registrados já somam 254 processos e envolvem não apenas médicos, mas também enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

Se em São Paulo, um dos centros mais avançados do país, a coisa está desse jeito, imagine você o que não acontece por esse Brasil afora. Qual a sua opinião sobre o assunto? O nível das faculdades de Medicina é fraco? Você acha, por exemplo, que o tal "exame de proficiência" deveria impedir que os alunos reprovados exercessem a profissão, como acontece na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB? Ou tal exigência seria ilegal e inútil, como já discutimos em "Todos são iguais perante a lei", texto publicado aqui mesmo no Dando Pitacos? Deixe o seu comentário.








Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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