08 dezembro 2012

O que você sabe do seu hospital?


Daqui a pouco a turma do jaleco branco vai dizer que está sendo perseguida pelo blog, o que não é verdade. Bons e maus profissionais existem em todos os cantos, em qualquer atividade profissional. Aliás, o tema da postagem de hoje tem a ver mais com os hospitais do que propriamente com os médicos, se é que se pode separar uma coisa da outra.

Quando se entra em um hospital, principalmente os de melhor reputação (digo isso porque na Baixada Fluminense, falar no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, desespera qualquer um, mesmo quem esteja necessitando com urgência de um atendimento médico), imagina-se que ali tudo é feito como manda o figurino da boa saúde, não é verdade? Pensa-se, por exemplo, que funcionário está atento a tudo no seu local de trabalho, pronto a atender e corrigir qualquer necessidade ou deslize.

Mas não é assim que a banda toca, ao menos na opinião de Martin Makary, comentarista das redes de TV CNN e FoxNews, e autor do livro "Unaccountable: what hospitals won’t tell you and how transparency can revolutionize health care" (em tradução livre, "Sem prestar contas: o que os hospitais não contam e como a transparência pode revolucionar a assistência à saúde"), obra recém-lançada na terra do Tio Sam e ainda sem editora no Brasil. Profundo conhecedor dos bastidores dos mais badalados hospitais norte-americanos, ele diz, sem meias palavras:

- A realidade é mais parecida com o Velho Oeste. E acrescenta:

- A cada colega que me considerou um traidor por escrever esse livro, cinco me agradeceram. É um sinal de que o tempo da transparência chegou.

Makary, que é cirurgião especializado em aparelho digestivo, passou pelas mais respeitadas instituições médicas dos Estados Unidos, fez pesquisas sobre saúde pública na Universidade Harvard, em Boston, e atende atualmente no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore.

E ao que tudo indica, Makary não está errado, pois há um movimento crescente, observado também no Brasil, em defesa de uma medicina mais transparente, formado por gente que acredita que todo cidadão deveria ter acesso a informações objetivas sobre a qualidade dos hospitais postos à sua disposição.

Hospitais americanos e brasileiros têm informações detalhadas sobre sua administração e funcionamento, mas elas são guardadas a sete chaves. A divulgação de indicadores de qualidade é coisa rara entre as instituições hospitalares, e é exatamente isso que Makary defende. Aliás, se utilizamos critérios técnicos para escolher um bar ou restaurante para o nosso lazer, por que não fazer o mesmo em relação a quem cuida da nossa saúde, bem maior de nossas vidas?

Por que não nos é dado conhecer, por exemplo, que parcela de pacientes contraiu infecção em determinada instituição hospitalar? Qual o índice de complicações cirúrgicas que ela registra em um determinado período? Ele está dentro dos parâmetros concebidos pela Organização Mundial de Saúde - OMS? Quais e quantos foram os casos de medicações erradas durante as internações? Por que temos que continuar assistindo a infecções, erros grosseiros, amputações desnecessárias, sem dados objetivos sobre suas origens, providências adotadas e punições? Até quando viveremos sujeitos às armadilhas camufladas pelas belas fachadas de hospitais e aparência de profissionais nem sempre aptos a exercer a sagrada missão do médico?

E você? Já teve problemas para ser atendido ou atender um parente em algum hospital? Deixe o seu comentário.







Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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