Angelina Jolie, em Tomb Raider |
A atriz Angelina Jolie, 37 anos, descobriu que tinha um "defeito" no gene chamado BRCA1, o que segundo seus médicos lhe dava 87% de chances de desenvolver um câncer de mama, além de outros 50% de possibilidades de ter um câncer no ovário, o que a levou a fazer uma dupla mastectomia preventiva, cirurgia para a retirada dos seios, revelação feita em um artigo chamado My Medical Choice, publicado hoje, terça-feira (14/05), no jornal americano The New York Times.
Depois de contar que sua mãe lutou contra um câncer por quase uma década e acabou morrendo aos 56 anos, Agelina esclareceu:
- Quando soube que essa era minha realidade, decidi ser pró-ativa e minimizar o risco o quanto podia. Tomei a decisão de ter uma dupla mastectomia preventiva. Comecei com os seios, já que meu risco de câncer de mama é mais alto que meu risco de câncer no ovário, e a cirurgia é mais complexa.
A atriz esclareceu ainda que as cirurgias ocorreram num intervalo de três meses, período em que ela conseguiu manter sigilo sobre o fato e continuou a trabalhar normalmente. As intervenções cirúrgicas iniciaram-se no mês de fevereiro último, utilizando a técnica nipple delay, um tipo de cirurgia plástica que tenta fazer com que a mastectomia não danifique esteticamente o mamilo.
Ela revelou que duas semanas depois de iniciado o processo, fez a principal cirurgia, ocasião em que o tecido mamário foi extraído.
- A operação pode levar 8 horas. Você acorda com tubos e expansores nos seus seios. Parece uma cena de um filme de ficção científica. Mas dias depois da cirurgia você pode voltar à sua vida normal - explicando que nove semanas depois foi feita a operação para reconstrução das mamas com implantes.
- Eu queria escrever isso para contar a outras mulheres que a decisão de fazer uma mastectomia não foi fácil. Mas estou muito feliz de tê-la tomado - disse Angelina, destacando que Brad Pitt a apoiou durante todo o processo.
Uma das atrizes mais bem pagas do mundo do cinema (só pelo filme de ação Salt (2010), ela recebeu US$ 20 milhões), Angelina Jolie lamenta que o teste para detectar as mutações genéticas BRCA1 e BRCA2 custe mais de US$ 3 mil dólares nos Estados Unidos, o que é "um obstáculo para muitas mulheres".
Ela também torce para que seu caso sirva de exemplo para outras mulheres que tenham conhecimento do risco de contrair um câncer de mama, doença que ela lembra em seu artigo, mata 458 mil mulheres por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS, afirmando que todo o processo médico a que foi submetida será exposto em detalhes no portal do Pink Lotus Breast Center, onde fez o tratamento.
- Decidi não manter minha história em segredo porque há muitas mulheres que não sabem que poderiam estar vivendo sob a sombra do câncer. Tenho a esperança que elas também sejam capazes de realizar exames genéticos e que, se tiverem um alto risco, saibam que há mais opções. A vida está cheia de desafios. Os que não devem nos dar medo são os que podemos enfrentar e podemos controlar - conclui Angelina.
Angelina Jolie ao lado da mãe, Marcheline Bertrand, na pré-estreia do filme Pecado original, em julho de 2001, em Hollywood (foto: Reuters/Fred Prouser/Files) |
Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Garota interrompida (1999), ela teve seis filhos com Brad Pitt, sendo três adotados. Além do cinema, Angelina é Alta Comissária da Organização das Nações Unidas para os Refugiados - UNHCR.
No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, o câncer de mama é o carcinoma mais comum entre as mulheres, e chega a ser responsável por 22% do total de casos todos os anos. Só em 2012, segundo a instituição, o país registrou 52.680 novos casos da doença.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |