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Cadeiras impedem o acesso às salas de aula na Unesp (Foto: Rafael Alberici/G1) |
- São problemas que tem que ser discutidos, mas não dessa maneira. A maioria quer estudar, no entanto, o pessoal impediu isso. A causa da manifestação se baseia unicamente na questão da expulsão por causa do sexo grupal. Temos provas, trabalhos e essa minoria nos impede de estudar e promove essa desordem - reclama o jovem.
Um outro grupo de estudantes, chamado de Reação, é contra a paralisação, por entender que ela não deve ser feita dessa forma. O líder do movimento, o estudante de ciências econômicas Bruno Teixeira Sousa Barbosa, acha que a manifestação deveria respeitar o direito dos alunos que querem assistir as aulas e dar continuidade às atividades acadêmicas.
- Queremos que seja sem impedimento. Não dessa forma que esta sendo feita, via “cadeiraço”. Pois é contraditório fazer um protesto questionando a legitimidade e a autoridade das pessoas, impondo outras coisas a elas. Impondo propriamente uma restrição ao direito delas de ir e vir e assistir as aulas - explicou Barbosa.
Os manifestantes querem mudanças nos critérios de hierarquia atualmente utilizado nas decisões da universidade, já que o voto dos professores tem um peso de 70% e alunos e funcionários apenas 15%.
- Esse é um modelo que vem desde a ditadura militar e é mantido até hoje. Isso faz com que vários pontos de revindicações dos estudantes e dos funcionários não sejam atendidos, já que eles não têm um poder de decisão efetivo - disse Ricardo Polimante, um dos organizadores da paralisação.
Ainda segundo os manifestantes, a expulsão dos estudantes não foi a causa principal da paralisação, até porque eles também estão cobrando melhorias na infraestrutura do restaurante universitário, nas moradias e tentando afastar as dificuldades enfrentadas no momento em que buscam ajuda de custo, como bolsas, por exemplo.
- É justo que seja averiguado, mas que não distorça o que está acontecendo como se fosse por uma orgia ou ato sexual, pois não é. É um problema sério, de educação, que está pautado por vários problemas no Estado de São Paulo. Então é esse o intuito do que está acontecendo, da paralisação, que foi tirado em assembleia geral. É por melhorias e benefícios, para não prejudicar mais a educação, pois sabemos de vários problemas, como a greve dos professores em São Paulo - afirmou outro organizador da paralisação.
Além disso disso, os estudantes também querem o fim do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista - Pimesp, projeto do governo estadual que visa aumentar a inclusão, destinando 50% das vagas aos cotistas, que precisam passar por um curso de dois anos antes da graduação, o que segundo os manifestantes contraria a política de cotas raciais e sociais.
Dando cá o meu pitaco, acho que a razão está ao lado do jovem Carlos Henrique. Os problemas, como aliás vem ocorrendo em todo o sistema educacional do país, certamente existem e precisam ser discutidos, mas sem agredir o direito de quem quer estudar. Toda reivindicação é legítima e faz parte do processo democrático, mas ela tem que obedecer aos critérios de preservação do patrimônio público e de respeito ao direito dos que não concordam e não querem participar do movimento, principalmente quando se sabe, e parece ser esta a opinião da maioria, que seu objetivo maior é a defesa dos alunos que quebraram as regras de conduta impostas pela instituição e transformaram o alojamento estudantil num verdadeiro prostíbulo, o que não se pode tolerar.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |