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Tabela anexa ao projeto demonstra que, para o ano que vem, a previsão de gastos é de R$ 128,877 milhões, devendo chegar a R$ 175,119 milhões em 2018. Se tudo isso não bastasse, magistrados e servidores também terão direito a receber, uma vez por ano, uma ajudinha de custo no valor de 50% de seus salários básicos para fazer cursos de aperfeiçoamento, acredito eu que para melhorar a inércia do atual aparelho judiciário.
Como não poderia deixar de ser, a notícia gerou reações contrárias em vários segmentos da sociedade. João Senise, coordenador de mobilização da ONG Meu Rio, por exemplo, revelou que a instituição lançou ontem (11/09) pelo Panela de Pressão, um aplicativo mantido na Internet, a campanha “Deputados, não aprovem a boquinha dos desembargadores e juízes!”, onde é possível enviar aos parlamentares mensagens de repúdio à iniciativa.
- É um absurdo completo, principalmente pelo valor, num estado onde o salário mínimo é de pouco mais de R$ 700 e a maioria da população tem seus filhos matriculados em escolas públicas. Lançamos uma campanha na internet e vamos pessoalmente na semana que vem pressionar os deputados. Primeiro para que não assinem a urgência e depois para que não aprovem o projeto - disse João Senise.
Mas que ninguém se iluda. A maioria dos deputados fluminenses, com o rabo sujo no Judiciário, não se atreverá a votar contra o projeto. Além disso, e este talvez seja o maior argumento para a aprovação dessa imoralidade, o mesmo tipo de benefício já existe na própria ALERJ, onde cada filho de funcionário recebe R$ 850 mensais, e no Ministério Público (o projeto foi aprovado em maio deste ano), cujos membros recebem R$ 906,98 para cada filho ou dependente, com idade limite de 24 anos e desde que não exerça qualquer atividade remunerada, o que acaba premiando a vagabundagem.
Aliás, no ano passado, mais precisamente em dezembro, também por iniciativa de Leila Mariano, tema discutido aqui no Dando Pitacos, a ALERJ aprovou um outro projeto de lei que deu aos 841 magistrados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro um auxílio-moradia no valor de R$ 4.786 mil, o que impactou os cofres públicos cariocas em cerca de R$ 46 milhões.
Mas a cereja do bolo eu deixei para o final. Visando justificar o pedido de urgência na votação da proposta, a desembargadora Leila Mariano se agarra ao artigo 227, da Constituição Federal, que diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação...”.
Não há limites para a cara de pau e o cinismo, você não acha?
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |