22 março 2014

Planalto bate cabeça por causa da Petrobrás

Lula e Dilma Rousseff (foto: reprodução)

Em nota oficial distribuída ontem (21/03), o Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora, subsidiária da Petrobrás que atua no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis, aprovou a demissão do diretor financeiro da companhia, engenheiro Nestor Cuñat Cerveró, exatamente três dias depois dele ser apontado pela presidente Dilma Rousseff como o responsável por induzi-la a erro quando da aprovação do contrato de compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. À época, Dilma Rousseff, então ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula, era quem presidia o conselho administrativo da estatal.

Cerveró, que estranhamente (ou muita coincidência, convenhamos) entrou em férias exatamente no dia em que seu nome foi relacionado à crise, foi quem conduziu as negociações para a compra de 50% da refinaria de Pasadena, em 2006, quando fazia parte da diretoria internacional da Petrobras e foi responsável, também, pelo resumo executivo que embasou a decisão de fechar o negócio, agora investigado pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal.

O imbróglio gira em torno do preço pago pela Petrobrás em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria - US$ 360 milhões - oito vezes o valor pago empresa belga um ano ante pela unidade inteira. E o pior de tudo: a Petrobras ainda desembolsou mais US$ 820,5 milhões, porque foi obrigada a comprar os outros 50% da refinaria, em razão de um desentendimento com a Astra Oil, obrigação prevista no contrato, numa cláusula conhecida como "put option", onde ficou estabelecido que em caso de desacordo entre os sócios, um deveria comprar a parte do outro.

Depois que o fato veio a conhecimento público, o Planalto apressou-se em dizer que o negócio foi feito com base em um relatório falho, o que é desmentido por executivos da própria estatal, que afirmam que ela e todos os membros do Conselho de Administração da Petrobras tinham à sua disposição o processo completo da proposta de compra.

Um deles, Ildo Sauer, também executivo da Petrobrás à época do negócio com a Astra Oil (ele exercia o cargo de diretor de Gás e Energia), rebateu as declarações de Dilma Rousseff de que o Conselho de Administração da estatal não foi devidamente informado acerca das condições do negócio. Ele afirma, inclusive, que após o surgimento das primeiras dúvidas sobre o contrato, a empresa brasileira poderia ter pedido uma investigação para saber se a proposta inicial tinha sofrido adulterações, o que não aconteceu, já que a Petrobrás, segundo seu entendimento, cometeu uma série de equívocos, como a decisão de recorrer ao processo de arbitragem e depois contestá-lo na justiça, o que acabou elevando o preço do negócio.

Ao comentar a situação de Cerveró e as denúncias que levaram à prisão do ex-diretor Paulo Roberto Costa, suspeito de lavagem de dinheiro e um dos responsáveis pela decisão de compra da refinaria de Pasadena, Sauer deixou exposta a ponta do iceberg de toda a imoralidade que hoje afeta a direção das maiores empresas estatais do país.

- A empresa tem que ter equipes confiáveis. Não se pode colocar em postos estratégicos despachantes de interesses ou crachás de aluguel - mandou, e muito bem, o executivo.

Depois disso será que é preciso dizer mais alguma coisa? Deixe o seu comentário.


Folha de São Paulo




Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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