21 março 2014

Lula diz que Dilma agiu por impulso e deu um tiro no próprio pé

Dilma e Lula (foto: reprodução

Ao que tudo indica, criador e criatura parecem não estar tão alinhados como deveriam, principalmente em véspera de eleições. Corre a boca pequena que o ex-presidente Lula, em conversas reservadas, fez críticas à estratégia adotada por Dilma Rousseff, que para justificar a compra pela Petrobrás da refinaria de Pasadena - EUA, tentou desqualificar a fundamentação técnica e jurídica do parecer apresentado na época. Para ele, temendo um desgaste em ano eleitoral e agindo por puro impulso, Dilma buscou desviar o foco das investigações sobre o negócio, o que acabou gerando um efeito contrário, um autêntico "tiro no pé" da presidente, porque trouxe para o Planalto uma crise que se desenrolava, quase em segredo, dentro da Petrobras.

Depois da repercussão negativa no próprio governo, na Petrobrás e até mesmo entre aliados, Dilma Rousseff tentou consertar o estrago, explicando que o negócio parecia ser vantajoso à época, mesmo argumento defendido pela estatal brasileira.

Contudo, segundo a jornalista Eliane Catanhede, colunista da Folha de São Paulo, algumas perguntas precisam ser respondidas:

1 - Como a tão centralizadora e detalhista Dilma, então chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor de uma operação tão esquisita?

2 - Se havia todo um detalhamento da proposta, por que Dilma e os conselheiros, que são bem remunerados, contentaram-se com um mero resumo agora criticado como "técnica e juridicamente falho"?

3 - Como, à época, o diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, pivô da crise, acabou diretor financeiro da BR Distribuidora?

4 - E como o presidente Gabrielli virou secretário do governo da Bahia, subordinado ao governador petista Jaques Wagner, e até é um dos pré-candidatos à sua sucessão?

5 - Mas a mais importante questão de todas, no caso Pasadena, é aritmética: como, quando e por que pagar US$ 360 milhões pela metade de uma refinaria que acabara de ser vendida um ano antes, integralmente, por US$ 42,5 milhões?

6 - E a cláusula que obrigava uma das partes a comprar 100% da refinaria em caso de divergências, não acendeu nenhum sinal amarelo?

7 - É comum uma refinaria de US$ 42,5 milhões passar a valer mais de US$ 1 bilhão num passe de mágica?

8 - Por que Dilma ficou esses anos todos calada e agora resolveu soltar uma nota jogando o escândalo dentro do Palácio do Planalto? Ela quis se antecipar a outros dados que estão para pipocar?

9 - Nessa nota, Dilma disse que, se todas as cláusulas fossem conhecidas, "seguramente" a compra da refinaria de Pasadena não seria aprovada. Admitiu, assim, que o negócio foi um verdadeiro escândalo?

E pra finalizar, uma perguntinha do blog: por que razão PT e PMDB entraram naquela do "toma, que o filho é seu" em relação à indicação de Nestor Cerveró, apontado como o pivô da crise, para o cargo de diretor internacional da Petrobrás?

Você tem a resposta para alguma destas perguntas? Não faça cerimônia e deixe um comentário.


Folha de São Paulo




Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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