Gabriel Braga e Bruna Marquezine (foto: reprodução) |
Veja as principais razões para o folhetim não ter embalado até agora.
1 - Elenco desafinado
Humberto Martins, marcado como "pegador" descamisado, não convence como Virgílio, o marido bonzinho e submisso.
- Houve problema de casting - opina a professora Maria Immacolata Vassallo de Lopes, do Centro de Estudos de Telenovela da Universidade de São Paulo - USP.
A vilã Branca, vivida por Ângela Vieira, apesar de linda como sempre, é um outro equívoco para o colunista Mauricio Stycer, da Folha: "Uma milionária ridícula, grotesca, interpretada fora do tom."
2 - A confusão do tempo
A novela se enrolou nos vários tempos narrativos. É uma "cronologia estapafúrdia", afirma Nilson Xavier, autor de "Almanaque da Teledramaturgia Brasileira". No começo, a personagem Juliana era vivida pela atriz Gabriela Carneiro da Cunha, de 32 anos, mais velha, portanto, que sua sobrinha Helena, vivida por Bruna Marquezine, de apenas 18. Na fase atual, a Juliana envelhecida, protagonizada por Vanessa Gerbelli, de 40 anos, parece mais nova que a atual Helena, encarnada agora por Julia Lemmertz, atualmente com 51.
3 - A baixaria entre mãe e filha
Que Helena é rancorosa já deu pra perceber, mas a baixaria do momento em que ela descobre que a filha está namorando Laerte (Gabriel Braga Nunes) é de doer: "Quando ele beija você, é a mim que está beijando", diz à filha, antes de enfiar a mão na cara dela.
4 - Graça sem graça
Visando "temperar" os temas mais pesados, a novela criou um asilo com velhinhos artistas simpáticos e trapalhões, que não dão conta do recado. "As histórias não avançam, giram como pião", diz Stycer.
5 - Um galã frio e sem sal
E o "mocinho" da história, Laerte? "Não é carismático. É frio, difícil ter empatia do público", diz Xavier. No começo, agia como psicopata: enterrou vivo o seu rival, hoje seu sogro.
6 - Gays versus família margarina
A novela balança também entre o amor moderninho gay e a família margarina. O carisma que falta em Laerte sobra em Cadu (Reynaldo Gianecchini), o que prejudicou o obrigatório relacionamento amoroso que deveria rolar entre Clara (Giovanna Antonelli), mulher de Cadu, e Marina (Tainá Müller). A concorrência é dura e difícil para Marina: além de Cadu, o marido boa-praça, há o lindinho filho do casal, Ivan (Vitor Figueiredo).
7 - Música chata
A trilha sonora não vai além da bossa nova preferida de Manoel Carlos. E o pior: quando saem para jantar, os dois músicos eruditos, Verônica (Helena Ranaldi) e Michel (Michel Melamed), acabam se regozijando ouvindo o clássico "Ordinary People".
8 - O fail da PEC das domésticas
Há um flagrante descompasso com os costumes atuais: empregadas são retratadas como na década de 80. Participam das conversas de família sempre em pé, e são recompensadas com "mimos" como sorvete com geleia.
9 - Cicatriz mutante
A cicatriz de Virgílio muda de lugar e, mesmo depois de 20 anos, é pior que a de Cadu, operado recentemente.
10 - Trama fora da realidade
Mas o que irrita mesmo é a narrativa inverossímil. "Luiza se apaixonou pelo homem que quase matou seu pai, de maneira torpe, insana. É estranho que não esboce qualquer questionamento moral", diz Igor Sacramento, professor de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
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Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |