Mulher é linchada e morta depois de confundida com foto postada no Facebook

Fabiane sendo carregada por populares (foto: reprodução)

O Brasil está se transformando cada vez mais em um país medieval, uma terra sem lei, onde manda quem grita mais alto, é mais forte ou atira primeiro. Os exemplos são muitos, mas o pior de tudo é que a maioria dos linchamentos públicos, tema que vamos abordar, sequer vira inquérito policial. Este ano, ao menos até aqui, a mídia já registrou 22 casos. No último sábado (03/05), a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, mãe de duas filhas, que morreu hoje (05/05), foi espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo - SP em razão, acreditem, de um boato gerado por uma página de uma rede social que afirmava que ela sequestrava crianças para serem usadas em rituais de magia negra.

Fabiane (foto: reprodução)

Segundo alguns moradores, que por razões óbvias preferiram não se identificar, a vítima foi imobilizada por vários homens, amarrada, agredida e levada para um canto do bairro onde pretendiam matá-la, o que não aconteceu em razão da intervenção, ainda que tardia, da polícia. Fabiane foi encaminhada para o Hospital Santo Amaro, onde deu entrada em estado crítico. O caso foi registrado na Delegacia Sede de Guarujá, onde será investigado, mas ninguém foi preso até o momento, apesar das imagens do vídeo feito por uma das moradoras da comunidade.

Marido de Fabiane, o porteiro Jaílson Alves das Neves afirmou que a esposa era inocente e que tudo começou por causa de uma foto colocada no Facebook.

- Começou com um boato na internet. Eles colocaram uma foto de uma pessoa parecida e todo mundo achou que era ela. Quando ela voltou para o bairro, a cercaram e começaram as agressões - explicou Jaílson. O perfil a que ele se refere é o Guarujá Alerta, hospedado no Facebook, onde foi postado o retrato falado da tal mulher que estaria sequestrando crianças no bairro e que seria "parecida" com Fabiane.

Os administradores da página, que assumem ter publicado o retrato falado (removido horas depois), agora dizem que "sempre" chamaram a atenção de seus seguidores para o fato de que tudo poderia ser um simples boato. Eles garantem estar à disposição das autoridades (como se isso fosse um favor!) para qualquer esclarecimento e garantem que nada foi alterado no perfil por eles administrado.

Por tudo isso, a polícia trabalha com a hipótese de que a vítima tenha sido confundida com outra pessoa. E agora, bando de animais? E se a pobre mulher era inocente, que é para onde apontam todas as evidências? E as comissões de defesa de direitos humanos, onde estão, para onde foram? Será que alguém tem algum tipo de comentário para esse tipo de barbárie?

G1

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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