01 dezembro 2012

A teúda e manteúda da Nação

Lula em viagem ao Peru (maio de 2008, com Resemary ao fundo
Ela viajou ao exterior 23 vezes na comitiva do ex-presidente
(foto: Celso Junor / Estadão Conteúdo)

O país nem bem assimilou a história do mensalão e já se depara com outro escândalo, agora envolvendo Rosemary Nóvoa de Noronha, a Rose, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Ela se apresentava como “namorada” de Lula, o que talvez justifique sua influência na hora de nomear afilhados e interferir em órgãos do governo.

A quadrilha dos mensaleiros já teve seu destino traçado pelo Supremo Tribunal Federal - STF. Treze dos réus, inclua-se aí o ex-todo poderoso-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, vão cumprir expediente integral na cadeia, coisa rara na história brasileira, que quase não tem registros de criminosos de colarinho branco que pagaram por seus crimes.

Agora, do nada, aparece na cena política dona Rosemary Nóvoa de Noronha, que falando em nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem dúvida, um padrinho político poderoso, conseguiu arranjar uma boquinha para vários afilhados no governo federal. Um deles, Paulo Vieira, foi preso pela Polícia Federal - PF (mas já está na rua por força de habeas corpus) na Operação Porto Seguro, sob a acusação de ser o chefe de uma quadrilha que cobrava propinas de empresários em troca de pareceres jurídicos favoráveis em Brasília. Outro afilhado de Rose, Rubens Vieira, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil - Anac e irmão de Paulo, também foi preso. Na sexta-feira (23/11), quando o caso se tornou público, Rose foi exonerada do cargo de chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo.

Segundo o Coturno Noturno, "a influência exercida pela ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, no governo federal, revelada em e-mails interceptados pela operação Porto Seguro, decorre da longa relação de intimidade que ela manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose e Lula conheceram-se em 1993. Egressa do sindicato dos bancários, ela se aproximou do petista como uma simples fã.

O relacionamento dos dois começou ali, a um ano da corrida presidencial de 1994. À época, ela foi incorporada à equipe da campanha ao lado de Clara Ant, hoje auxiliar pessoal do ex-presidente. Ficaria ali até se tornar secretária de José Dirceu, no próprio partido. Marisa Letícia, a mulher do ex-presidente, jamais escondeu que não gostava da assessora do marido.

Em 2002, Lula se tornou presidente. Em 2003, Rose foi lotada no braço do Palácio do Planalto em São Paulo, como "assessora especial" do escritório regional da Presidência na capital. Em 2006, por decisão do próprio Lula, foi promovida a chefe do gabinete e passou a ocupar a sala que, na semana retrasada, foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal. Nesse papel de direção, Rose contava com três assessores e motorista.

Sua tarefa era oficialmente "prestar, no âmbito de sua atuação, apoio administrativo e operacional ao presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais e membros do gabinete pessoal do presidente da República na cidade de São Paulo". Durante 19 anos, o relacionamento de Lula e Rose se manteve oculto do público. Em Brasília, a agenda presidencial tornou a relação mais complicada. Quando a então primeira-dama Marisa Letícia não acompanhava o marido nas viagens internacionais, Rose integrava a comitiva oficial.

Segundo levantamento da Folha tendo como base o "Diário Oficial", Marisa não participou de nenhuma das viagens oficiais do ex-presidente das quais Rosemary participou. Integrantes do corpo diplomático ouvidos pela reportagem, na condição de anonimato, afirmam que a presença dela sempre causou mal-estar dentro do Itamaraty. Na opinião deles, a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo não era necessária.

Oficiais da Aeronáutica se preocupavam com o fato de que ela por vezes viajava no avião presidencial sem estar na lista oficial. Em muitas vezes, Rose seguia em voos da equipe que desembarca antes do presidente da República para preparar sua chegada. Nessas viagens, seguranças que guardavam a porta da suíte presidencial nas missões fora do Brasil registravam ao superior imediato a presença da assessora. Oficiais do cerimonial elaboravam roteiro e mapa dos aposentos de modo a permitir que o presidente não fosse incomodado".

A intimidade entre Rose e Lula é tanta, que o Blog do Magno Martins noticia:

"Em diálogo captado pela Polícia Federal em maio deste ano, Rosemary Noronha se mostra preocupada com a imagem do ex-presidente Lula.  Na conversa, Rose fala a Paulo Vieira, ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), que vai perguntar ao ex-presidente se procedem especulações sobre a ida de Beto Vasconcelos, assessor da presidente Dilma Rousseff, para a AGU (Advocacia-Geral da União). "Mas hoje eu vou, provavelmente, eu vou encontrar com meu chefe e vou perguntar pra ele".

Vieira diz que achou Lula muito abatido em evento no Rio, e Rose responde:  "É, eu já falei pra ele. Ele tem que parar de se expor em público enquanto a perna dele não ficar boa... Ele levou um tombo domingo passado dentro de casa... Ele tá parecendo um velho caquético".  Em seguida, Vieira discorda: "Não, não chega a tanto".

Rose, porém, insiste: "Depende do canal (a) que você assistir. Uma coisa é você ver uma foto no jornal manipulada pelo (Ricardo) Stuckert (fotógrafo do Instituto Lula). Outra coisa é você ver um movimento na Globo News".

As investigações até aqui desenvolvidas pela Polícia Federal revelam que:

1) Ainda como presidente da República e sob a influência de Rose, Lula prestou, conscientemente ou não, três favores à quadrilha. Indicou os irmãos Paulo e Rubens Vieira para a direção da ANA e ANAC, respectivamente. Chamado de “chefão” ou “PR” nos e-mails enviados por Rose, Lula também deu um emprego no governo para a filha dela, Mirelle;

2) Espalhando-se pelo coração do poder, a quadrilha passou a fazer negócios. Aliados a advogados do PT que exerciam cargos no governo, os irmãos Vieira passaram a "vender" facilidades a empresários que dependiam de favores em Brasília;

3) Sempre utilizando-se de sua relação com Lula, Rose tinha influência até mesmo no Banco do Brasil, onde chegou a trabalhar pela escolha do atual presidente, Aldemir Bendine, indicou diretores (um deles a pedido do mensaleiro Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT), intermediou encontros de empresários com dirigentes do banco e obteve um contrato para a empresa de construção de seu marido;

4) Até as despesas do procurador federal Mauro Hauschild, do PT, ex-chefe de gabinete de Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal - STF, foram pagas pela quadrilha, situação parecida com a de José Weber Holanda, número dois da Advocacia-Geral da União - AGU, que também teria recebido propina, o que motivou sua demissão.

E você, o que acha de toda esta lama? Deixe o seu comentário.






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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