Foto: Roberto Cristino/Foto Rio News (reprodução) |
O antigo "farofeiro", sujeito geralmente pobre que vai à praia com a família para passar somente um dia e leva comidas (frangos, farofas, lanches), bebidas (cerveja, refrigerante), roupas (muda para a troca depois do banho de mar) e brinquedos para os filhos, entre outras coisas. As praias preferidas pelos "farofeiros" eram, normalmente, as não muito elitizadas, frequentadas por gente mais simples. Mas a exploração que impera entre os quiosques e vendedores ambulantes, legalizados ou não, instalados em qualquer praia do país, está fazendo isso mudar. O "farofeiro" da antiga está sendo copiado por gente de classes mais abastadas e frequentadora de praias consideradas verdadeiros points. É o que está acontecendo, por exemplo, na badaladíssima praia de Maresias, em São Sebastião - SP, onde isopores e caixas térmicas já se espalham sob os guarda-sóis, em uma espécie de "farofa chique".
O pessoal do cooler está invadindo a praia", reclama o vendedor Eduardo Scheid, atrás da barraca onde vende bebidas, completamente vazia em uma bela manhã de sol.
Segundo alguns vendedores, a queda nas vendas nesta temporada já chega perto dos 30%, o que está deixando a todos preocupados. De acordo com eles, o pessoal que antigamente não reclamava de preços, agora "está trazendo tudo de casa". Em razão disso, o que hoje é vendido em uma semana, antes saia em um único dia.
A única área um pouco menos ameaçada pela invasão das caixas térmicas é a que fica em frente a alguns restaurantes mais concorridos, que quando percebem que as pessoas já trazem suas bebidas, aumentam de R$ 20 para R$ 35 o valor cobrado por cabeça para o empréstimo de mesas, cadeiras e guarda-sóis, o que não chega a assustar os turistas, que dizem que trazer a própria bebida vale pena, principalmente para economizar na cerveja, cobrada a R$ 11 a garrafa. Nas barracas, uma lata de cerveja pode custar até R$ 7.
Ontem não trouxemos e a conta ficou em R$ 550 para dez pessoas", afirma a professora Rúbia Amaral, 34, que saiu de Rio Claro, no interior de São Paulo para passar o Réveillon em Maresias.
A única coisa que gastei até agora foi uma água de coco", afirma o gerente de novas mídias Diego Felice, no meio de uma tenda com mais de 12 familiares e amigos –incluindo uma caixa térmica com água, cerveja, e salgadinhos.
Os tempos realmente estão mudando, o que está sendo sentido por todos. A vendedora Carla Maiara da Silva, não é exceção. Para ela, o perfil de Maresias vem se modificando nos últimos tempos.
Estão trazendo mais coolers e tendas. Já trouxeram até churrasqueira. Nunca tinha visto isso." Pelo visto, a "farofa" está virando moda. O que você acha? Deixe um comentário.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |