Foto: Dando Pitacos |
Quando tudo está bem, elas curtem a vida e se beneficiam das vantagens que as atividades, digamos, não muito éticas dos maridos lhes propiciam. Mas quando a relação azeda, elas põem a boca no trombone e detonam o ex-parceiro. Será esse um comportamento padrão entre as mulheres de políticos, magistrados, fiscais e famosos? Aguns casos demonstram que sim. As denúncias feitas por Vanessa Felippe contra o ex-marido, o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), por exemplo, trazem à lembrança outros casos que se tornaram famosos por envolver brigas de casais no meio político, no Judiciário e no governo. Bethlem nega haver recebido uma mesada de uma ONG e de manter conta em um banco na Suíça, segredos tornados públicos por Vanessa.
No início do ano de 2000, num dos casos mais rumorosos até então registrados, Celso Pitta, à época prefeito de São Paulo, foi acusado pela mulher, Nicéia Camargo, com quem foi casado por 30 anos, de comprar vereadores que investigavam sua gestão numa CPI, além de garantir que ele sabia das negociações para que a Câmara desse um fim à investigação sobre a Máfia dos Fiscais, onde parlamentares municipais eram acusados de cobrar propinas.
Pitta ocupou o cargo de secretário municipal de Finanças na gestão Paulo Maluf (1993 a 1996), sendo eleito prefeito da maior cidade do país logo no ano seguinte, com 3,1 milhões de votos. A partir das denúncias, sua carreira política desmoronou. Em 2000, ele deixou o cargo na condição de réu em 13 processos, a maior parte por irregularidades em sua gestão, como superfaturamento de obras e desvios de recursos públicos. No curso de 2008, fechando a maré de tropeços, o ex-prefeito de São Paulo teve a prisão decretada por não pagar R$ 150 mil de pensões atrasadas devidas a Nicéia. Chegou a ser considerado foragido da Justiça, mas depois apresentou-se e cumpriu prisão domiciliar de um mês.
Situação bem parecida foi experimentada pelo ex-governador de Alagoas, Geraldo Bulhões. A primeira-dama alagoana, Denilma Bulhões, descobriu que ele tinha uma amante, expulsou-o do Palácio dos Martírios, dizem as más línguas depois de uma surra com toalha molhada, e se lançou candidata à Câmara dos Deputados, utilizando como carro-chefe de sua plataforma eleitoral várias denúncias contra o ex-marido.
Nem Fernando Collor escapou das consequências de uma separação mal resolvida. Acusada de corrupção durante sua gestão na Legião Brasileira de Assistência - LBA, Rosane Collor não foi socorrida pelo marido, que um mês antes passara a andar sem aliança. Depois a excluiu do almoço em comemoração a seus 42 anos e se recusou a cumprimentá-la no beija-mão do Palácio do Planalto. Mas as rusgas do casal parecem ter sido contornadas, principalmente depois que Rosita, mãe de Rosane disse que "na família Malta" não havia "mulheres separadas. Só viúvas".
Marinalva Soares também fez história na CPI do Orçamento, em 1993. Ex-esposa do deputado federal Manoel Moreira (PMDB-SP), tornou-se uma das principais testemunhas contra o parlamentar, investigado por engordar seu patrimônio com recursos públicos desviados na Comissão Mista de Orçamento. Em 2002, acusado de ter US$ 15 milhões em paraísos fiscais em um processo de separação litigiosa pela ex-mulher Mônica Infante de Azambuja Alves, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) viu-se em maus lençóis, sendo obrigado a divulgar uma nota classificando as acusações de delirantes e dizendo que não possuía os bens que a ex-mulher pedia na Justiça.
No Judiciário, um dos casos de maior repercussão foi o da ex-auditora Norma Regina Cunha, em 2003, ex-mulher do juiz João Carlos da Rocha Mattos, que afirmou, em depoimento no Tribunal Regional Federal de São Paulo, ter gravado telefonemas que envolviam o magistrado a acusados de vender sentenças judiciais. Nas ligações, Norma citou nomes de advogados, empresários, juízes e agentes federais que fariam parte do esquema.
No mesmo ano, o Rio de Janeiro foi o palco do escândalo do Propinoduto, cujo desfecho teve a participação importante de Valéria Gonçalves dos Santos, ex-mulher do fiscal Carlos Eduardo Pereira Ramos. Segundo ela, o marido guardava dólares em gavetas de casa e já estivera com ele e outro acusado num banco na Suíça, em 1997. Revelou, ainda, ter ouvido da mulher de outro fiscal que os dois haviam recebido uma propina de US$ 3 milhões, dinheiro que seguia para a Suíça por meio de empresários. Sete fiscais foram presos pela Justiça Federal.
O playboy Chiquinho Scarpa também passou maus momentos. Depois de seis meses de casamento, Carola, sua ex-mulher, escreveu um livro tornando públicas as preferências sexuais do antigo cônjuge. Ana Cristina Bastos Moreira, depois de 17 anos casada com o bicheiro Castor de Andrade, então com 70 anos, trocou-o por outro, 45 anos mais jovem, o que lhe custou todas as mordomias até então experimentadas. Ela acusou o bicheiro de assassinatos, contrabando de armas e suborno de juízes e policiais.
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Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |