06 setembro 2014

Brasil: uma República mergulhada na lama

Foto: reprodução

A partir de informações sigilosas do Ministério Público, a Polícia Federal está se mobilizando para uma nova operação, a Lava Jato 3, que deve mandar para a cadeia uma razoável quantidade de assessores parlamentares, familiares e políticos sem mandato, e tudo porque o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, pressionado, resolveu dar com a língua nos dentes e denunciou pelo menos 70 parlamentares, deputados, senadores e três governadores que dele teriam recebido propina. Todos são da base aliada do governo federal. O caderninho com os nomes dos corruptos foi entregue e o depoimento gravado em vídeo.

Ao que tudo indica, o Partido dos Trabalhadores - PT e toda a sua base estão indo para as cucuias, não só nas pesquisas eleitorais, mas também nas páginas policiais. A revelação dos nomes é parte do acordo de delação premiada (figura jurídica na qual um réu conta o que sabe à Justiça em troca de redução de pena) fechado no dia 22 de agosto último por Costa com os procuradores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que querem saber como os contratos da Petrobras eram superfaturados e como a grana excedente ia parar no bolso dos nossos "representantes" no Parlamento.

Em seu depoimento, entre outras personalidades, Paulo Roberto Costa aponta pelo menos 25 deputados federais, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e três partidos políticos que teriam lucrado com o dinheiro roubado dos cofres da Petrobras: o PT, é claro, o PMDB e o PP.

Entre os envolvidos estão o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, homem de confiança do ex-presidente Lula e ligado ao ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), responsável pelas contas do partido que serve de base ao governo federal, os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR) e os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), João Pizzolatti (PP-SC) e Mário Negromonte (PP-BA).

Entre os governadores de Estado, o ex-diretor Petrobras cita o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB-MA), e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE), morto em acidente de avião no último dia 13 de agosto em Santos - SP.

Os contratos superfaturados e a forma pela qual a propina chegava aos partidos foi o caminho escolhido pelos procuradores para a delação premiada por uma razão simples: estes dois pontos da investigação são os mais nebulosos, aqueles sobre os quais os procuradores têm menos elementos de prova para usar nas ações penais. Um dos indícios de que Paulo Roberto Costa distribuía dinheiro aos partidos políticos mencionados está em uma caderneta apreendida pela Polícia Federal em seu poder e onde aparece uma doação de R$ 28,5 milhões para o PP. Segundo os procuradores, toda essa dinheirama saiu de contratos superfaturados da Petrobras, principalmente na construção da refinaria Abreu e Lima, pela qual Costa era um dos responsáveis. Segundo ele, a distribuição do dinheiro servia para garantir que os partidos aliados continuassem a apoiar o Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

O depoimento do ex-diretor da Petrobras chegou ao Supremo Tribunal Federal - STF no começo desta semana e foi remetido ao ministro Teori Zavascki, que terá a incumbência de homologar o acordo. Em razão do envolvimento de políticos com direito a foro privilegiado, o caso será acompanhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Detalhe: Zavascki e Janot foram nomeados por Dilma Rousseff.






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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