15 junho 2011

Imagens do Calendário Pirelli 2011

A mitologia greco-romana foi o tema escolhido pelo fotógrafo Karl Lagerfeld para ilustrar a 38ª edição do Calendário Pirelli. Em um trabalho de pura arte, ele conta a origem do homem e do mundo através das aventuras de deuses e deusas, heróis e heroínas. Nas imagens que constituem o Calendário 2011, são retratados diversos temas entre divindades, heróis e mitos, com fotos em preto e branco, já que Lagerfeld acredita que esta composição dá maior personalidade às imagens, realça a beleza dos corpos em razão do grande contraste cromático e proporciona tridimensionalidade às fotos pelo uso sábio das luzes. A edição tem 21 protagonistas: 15 tops, 5 modelos masculinos e a atriz americana Julianne Moore. Entre as protagonistas destacam-se as italianas Bianca Balti e Elisa Sednaoui, a dinamarquesa Freja Beha Erichsen e a brasileira Isabeli Fontana, esta já clicada no Calendário 2005, por Patrick Demarchelier, e em 2009, por Peter Beard. 

Criado em 1964, o Calendário Pirelli já inspirou diversos fotógrafos, além de retratar lugares como França, Marrocos, Califórnia, Bahamas, Escócia, Inglaterra, China e Espanha. Este ano, porém, Lagerfeld resolveu voltar para Paris e se embriagar com os encantos da Cidade-Luz, revivendo o início da civilização clássica e reaproximando o Calendário Pirelli do Velho Continente.

As imagens são verdadeiras obras primas da fotografia. Confira cada uma delas e deixe o seu comentário.

HERA – Julianne Moore
Hera é a esposa de Zeus o deus supremo, rainha do Olimpo e do mundo. Possui um poder extraordinário que se manifesta quando é violada pelo gigante Eurimedonte do qual irá conceber Prometeu. Mergulhando nas águas, em uma fonte próxima de Argos, (na Grécia, as fontes são sagradas), recupera a sua virgindade. Recupera sempre a sua virgindade para continuar a celebrar suas núpcias com Zeus que a trai continuamente. E Hera vinga-se cruelmente das mulheres possuídas pelo marido, não somente quando são cúmplices, mas também quando são vítimas inocentes. Como no caso da pobre Io, perseguida em sonho pelo deus e, depois, por ele violada: Hera transforma-a em novilha destinada a errar sem paz, picada constantemente por um moscardo. Ou quando tira a palavra à linda ninfa Eco, culpada de ter assistido, com as outras ninfas, a um adultério de Zeus. Atena detesta os troianos devido ao ódio por Páris: na realidade, foi o príncipe de Ílion que escolheu Afrodite no famoso concurso de beleza. O Fado havia preparado a disputa entre as três lindas deusas. Hera, Atena e Afrodite, e decidido que Hermes, o mensageiro dos deuses, ia escolher o troiano Páris para entregar a maça de ouro para a mais bela. Admitindo que a escolha fosse difícil, pensou em premiar as três, mas acabou escolhendo Afrodite, a deusa do amor. A partir daquele momento Hera se tornará a grande inimiga dos troianos, intervindo na guerra a favor dos gregos, contra a vontade do marido Zeus que não queria que Tróia queimasse antes do tempo (Foto: Karl Lagerfeld)

ZEUS – Brad Kroenig
“Soberano da luz e do tempo”, Zeus é o deus supremo dos gregos. A ele todas as divindades obedecem e a desobediência é cruelmente castigada. Basta pensar no caso de Prometeu, um deus que o ajudou na batalha contra os Titãs, mas por ter doado o fogo aos homens, Zeus ordenou que fosse acorrentado em um rochedo na selvagem Scitia, onde uma ave de rapina diariamente devorava o seu fígado. Zeus governa e protege a ordem do Pantheon. É ele que obriga a ninfa Calypso a deixar Ulisses partir para Ítaca, abandonando-a. Zeus governa com o relâmpago, testemunho de sua potência celeste: soberano do céu e do fogo, do alto do monte Olimpo, pode atirar dardos e fulminar qualquer rebelde. Mas Zeus também, como todos os deuses gregos, está sujeito ao poder do Fado, palavra esta que traduzida “destino” carece de significado: o Fado é a lei dura e inexorável que rege o mundo grego. Zeus tem o privilégio de conhecer o Fado, e, portanto o futuro sem, entretanto, poder mudá-lo. Exceto no caso do oráculo de Dodona, confia este poder a outras divindades, entre elas Apolo. Soberano do céu e, portanto da terra, deixou ao irmão Posêidon o domínio do mar, e a Hades o reino dos mortos. Zeus é famoso pelas muitas traições à esposa Hera, estas realizadas com meios cruéis, desde atormentar as mulheres cobiçadas durante o sono, até ao estupro. Entre as muitas deusas com as quais se uniu, lembramos Temis, Mnemósine, Deméter, Latona, Perséfone, e entre as mulheres mortais Europa, Leda, Callisto, Io, Sêmele. Sendo o deus supremo, aparece menos caracterizado do que os outros, sendo clara a sua identificação com o relâmpago, o fogo transformado em dardo mortal que cai do céu (Foto: Karl Lagerfeld)
 
PENTESILEIA – Daria Werbowy
Pentesilea é a rainha das Amazonas, um povo de mulheres guerreiras que vivia na Capadócia, nas margens do rio Termodonte. Por vezes elas iam até à Cítia, região esta considerada pelo gregos a mais extrema e inculta do mundo, indicando a natureza selvagem das Amazonas. Em seu país, os homens não eram admitidos, mas uma vez ao ano encontravam-se com eles, tendo como única finalidade a continuação da espécie. Matavam ou aleijavam os filhos homens, mas criavam com cura as filhas, queimando o seu seio direito para manejar melhor o arco. Guerreiras ferozes estavam quase sempre em conflito com as populações vizinhas; indomáveis com o arco e selvagens, foram derrotadas por Hércules em um de seus doze trabalhos. A rainha Pentesilea, filha de Ares, cruel deus da guerra, e de Otrera, participou da guerra de Tróia, a favor da cidade assediada. Enfrentou com grande coragem o grande Aquiles, mas por ele foi morta (Foto: Karl Lagerfeld)

AURORA – Heidi Mount
É o nome latino da deusa grega Eos que, por sua vez, provém de Ushas, a deusa da aurora, no hinduísmo. O seu nome significa Esplendor do Oriente e descreve perfeitamente a sua natureza. O Sol nasce no Oriente e daí a aurora ilumina o mundo ao despertar, na transição da noite para o dia. É irmã de Hélios, o Sol, condutora da carruagem puxada pelos seus cavalos através do céu, anunciando a chegada do irmão. Esposa de Astreu, ela teria sido a mãe dos ventos Bóreas, Zéfiro e Noto. Irmã do Sol, mãe dos ventos, traz o alvorecer, sendo, portanto uma das imagens mais radiantes da mitologia grega. Quando ela aparece, o mundo toma luz e forma, o gelo da noite começa a dissolver-se, as plantas e os bosques ganham nova vida pela magia noturna, os animais despertam e também o mundo dos humanos. Aurora é benéfica, mas ao mesmo tempo é a deusa que tira os homens de suas camas, dos braços das mulheres. Portanto é considerada a divindade que rapta os homens, uma espécie de atração voluptuosa e incessante, como o mistério que sempre empurrou o homem a partir em busca de uma luz sonhada, em direção de sua própria origem, para o Oriente. 
Um de seus amores foi Titonus, para o qual pediu a Zeus a imortalidade, mas esqueceu de pedir também pela juventude eterna. Assim ela ficou maravilhosamente jovem e ele foi envelhecendo, até não conseguir mais fazer amor. A deusa dos muitos amantes trancou-o em um dos quartos do palácio, onde ele continuará a envelhecer para sempre (Foto: Karl Lagerfeld)

APOLO – Freja Beha Erichsen
Apolo Irmão de Ártemis, ele compartilha com a deusa a elevada natureza, nobre e luminosa. Como ela, é arqueiro infalível e atirar com o arco não é um mero exercício físico, mas uma prova de equilíbrio superior entre força, visão e geometria. Atinge as vítimas de longe, de forma infalível e súbita, em silêncio, mas com uma calma extraordinária, e quem é atingido, morre sem sofrer, docemente. 
Como Ártemis, ele é rodeado por uma áurea misteriosa e enigmática. 
Em certa época do ano, vai com Ártemis para a afastada terra dos Hiperbóreos, um povo sagrado que não conhece doenças e velhice e depois regressa à sua sede em Delfos. Apolo representa a mais alta expressão do homem grego, a partir de sua beleza exterior e interior, de onde provem o adjetivo imortal “apolíneo”. 
A quantidade de templos, estátuas e hinos dedicados a Apolo, ultrapassa em larga medida a de análogas homenagens aos demais deuses, incluindo o supremo Zeus. Apolo proclama em oráculos e possui um conhecimento superior do bem e do mal, por conseguinte é um deus curador. Oráculo, instrumento da justiça, deus da cura, dotado de beleza e ânimo resplandecentes, é identificado com o Sol, enquanto que a irmã Ártemis assume características lunares. Ambos realizam o cosmo e a subdivisão harmônica entre o dia e a noite. É retratado como um lindo jovem, nu ou com o busto coberto por um manto. Seus atributos são o arco de prata e a lira, às vezes a coroa de louro na cabeça. O veado, o lobo e a rena são seus animais sagrados (Foto: Karl Lagerfeld)

NINFA ECO – Abbey Lee Kershaw
Eco existe ainda hoje, o seu mito é um dos mais potentes e duradouros do mundo grego. Eco, o eco que nós ouvimos repetir as nossas palavras em determinadas situações ambientais, agora é somente uma voz, e uma voz que responde à nossa, depende da nossa. Mas na época do mito, ela tinha uma voz maravilhosa e a sua fala era espontânea e eloquente. 
E seu corpo não era menos belo. Usava a sua conversa para entreter Hera, que acompanhava o marido nos bosques enquanto se unia com outras ninfas. Hera percebeu a artimanha, à qual Eco havia sido obrigada por Zeus, e castigou-a. Assim, quando ela encontrou Narciso, só pôde repetir as suas palavras. Eco tornou-se uma ninfa mutilada e desesperada. Rejeitada por Narciso, fugiu para o recesso dos bosques. Não se uniu mais às suas amigas. Isolou-se, cobrindo o rosto com a folhagem e vivendo nas cavernas. 
Mas o amor continuou e foi crescendo, aguçado pela dor do repúdio. Com o pesar, seu corpo foi definhando, até que as carnes desaparecem completamente. Irreconhecível não somente a bela ninfa que outrora havia sido, mas também a mulher, a jovem. Escondeu-se nos bosques, não apareceu mais nas montanhas: dela só ficou a voz que por um instante tinha detido Narciso em seu caminho rumo à autodestruição. O corpo, desprezado, desaparece (Foto: Karl Lagerfeld)

ATENA – Magdalena Frackowiak
Parece que Atena, segundo muitos estudiosos, é uma deusa grega não autóctone. É uma divindade marcada por sinais fortes e fatais: nasce diretamente da cabeça do pai já adulta e armada. É apresentada, prevalentemente, com a couraça, protegida por um escudo. Mas este traje armado não realça a natureza particularmente ardente e valente: Atena aparece armada mais no sentido de protegida, capaz de se defender do rio de irracionalidade que governa o mundo. Armada de sabedoria, como demonstra o seu nascimento pela cabeça do pai: é a deusa da inteligência, da sabedoria, uma das poucas puras e virgens do mundo grego.
E nela, a virgindade parece apontar para um afastamento do fogo das paixões, uma capacidade de escuta imperturbável e ao mesmo tempo interessada. Sabe proteger, ajudar, sugerir. Levar à razão. É ela que acalma a fúria de Aquiles que, ofendido por Agamenon, quer matá-lo, eliminando de tal forma o comandante da Liga grega na qual combate. Atena aconselha-o a não fazê-lo, Aquiles dá-lhe ouvidos. Atena revelar-se-á a grande protetora de Ulisses e em seu atormentado e dramático regresso à Ítaca, ampara-o e soccorre-o nos momentos existenciais. 
É a deusa da inteligência, mas não somente da inteligência lógica (de que Ulisses não carece), mas também, e principalmente, da inteligência do coração. Portanto está sempre próxima de seus protegidos. Enquanto a outra deusa virgem, Ártemis, deve defender a virgindade das armadilhas dos deuses, Atena não precisa: não é ameaçada e ao seu redor sopra um ar de quietude e doce respeitabilidade (Foto: Karl Lagerfeld)

TRÊS BACANTES - Erin Wasson, Bianca Balti, Lakshmi Menon 
Baco, um dos muitos nomes do deus Dionísio, é a divindade do Pantheon grego mais complexa e perturbante. Alguns estudiosos escreveram, e com fundamentos, que Dionísio é a própria Grécia, interpretada como cultura, espiritualidade, religião, prática ritual e arte. É um belo jovem, com traços ambíguos, por vezes vagamente femininos, mas capaz de inflamar-se de cólera súbita. 
Baco, ou melhor ainda, Dionísio, encontra-se na Trácia por volta do século VIII a.C., mas é um deus cuja origem é oriental. Um deus ao qual são dedicados ritos orgiásticos, inclusive os que assistem ao nascimento da tragédia grega. Dionísio é o deus do próprio segredo da natureza, do êxtase, da euforia, da metamorfose. O seu símbolo, a videira, não nos deve induzir a imaginá-lo como o Baco anafado, com o jarro na mão, que aparece nos divertidos letreiros das cantinas romanas. 
Baco não é o deus da embriaguez à mesa, das comidas e das bebidas, mas o deus do mistério do êxtase do vinho. O mistério da uva que de fruta torna-se substância inebriante e o mistério da mente levada pelo álcool a um estágio diferente da realidade. O seu culto é ligado, portanto, à celebração da própria vida: videira, semente, sexo, Baco transforma e regenera. Dionísio é una divindade fecundadora, não somente na esfera sexual, bem como na espiritual que, em sua imagem, são absolutamente inseparáveis. Criado pelas ninfas que o amamentam e cuidam dele, transformando-se depois em Mênades ou Bacantes, que o seguem e ao seu redor, dançam em um turbilhão orgiástico desenfreado e incessante. 
Dionísio é o deus da metamorfose: transforma em peixes, subitamente, alguns pescadores que o colocam no barco após tê-lo encontrado adormecido e bêbado, com o intuito de abusar dele e, a seguir, pedir um resgate. E quando Ariana, abandonada por Teseu por um engano, chora na ilha deserta onde foi deixada, é Baco que lhe aparece, que com ela casa e transforma-a em estrela. O deus da magia, do milagre, do mistério. As Bacantes, ou Mênades, cujo significado é “tomadas pelo furor”, participam do culto orgiástico do deus, entram em um estado de furor estático mascando folhas de hera. Ao atingirem o auge da exaltação, esquartejam um veado, símbolo de Baco, e comem suas carnes cruas atingindo assim a potência vital inebriante (Foto: Karl Lagerfeld)

UMA BACANTE - Bianca Balti (Foto: Karl Lagerfeld)

BACO E DUAS BACANTES - Garrett Neff, Isabeli Fontana, Bianca Balti (Foto: Karl Lagerfeld)

FLORA – Elisa Sednaoui
Assim como Aurora, a grega Eos de origem hindu, Flora não nasce no Pantheon grego, mas torna-se assim mesmo parte do mito grego. Flora é uma divindade de origem itálica, que aparece junto às populações Latinas, dos Oscos, dos Samnitas e entrará na mitologia latina após o encontro, mítico naturalmente, entre Enéias e as populações itálicas. Deusa romana autóctone, podemos afirmar que a sua natureza é facilmente revelada pelo seu nome, de origem latina e, por conseguinte conhecido por toda parte. Atualmente, a flora é o mundo vegetal e esta deusa representa a força natural, criadora, simples, feliz com toda a sua pujança. O mundo das plantas, das árvores, das flores e muito mais: Flora é a divindade da natureza em sua beleza simples, em seu florescer, em seu espalhar pelo mundo beleza perfumada. Mulher bonita, geralmente retratada com uma grinalda de flores, envolvida em um manto florido que deixava cair um rasto de flores ao lado do seu corpo, em Roma foram-lhe dedicados templos, um no Quirinal e outro no Circo Massimo, e as festas em sua honra eram uma exaltação da vida em sua essência natural e sensual (Foto: Karl Lagerfeld)

CASTOR E PÓLUX - Abbey Lee Kershaw, Freja Beha Erichsen 
Os gêmeos Castor e Pólux são os Dióscuros, palavra que significa “filhos de Deus”. Seu pai é Zeus e os Dióscuros ajudaram-no no antigo combate para dominar o mundo. Muitas mitologias têm, em sua origem, figuras de gêmeos heróicos, a partir do hinduísmo até ao mundo latino, com Rômulo e Remo. Os Dióscuros tornaram-se símbolo de amor e fidelidade fraternos e, portanto, a imagem dos gêmeos inseparáveis aparece frequentemente nas imagens iconográficas. Eram heróis e tinham participado da conhecida expedição dos Argonautas. Castor era conhecido como um invencível domador de cavalos, Pólux como um grande lutador. Mas o Fado atribui-lhes dois destinos opostos: Pólux, como os outros deuses, é imortal, Castor é mortal, como os humanos. Os gêmeos raptaram, para casar com eles, as duas filhas do sacerdote Leucipo. Não era especialmente escandaloso raptar as donzelas, mas elas eram noivas de outros dois gêmeos, Linceu e Idas, que no dia das núpcias protestaram pela ofensa, ameaçando vingar-se. As duas duplas de gêmeos entraram em conflito e durante o combate, Linceu (cuja vista atravessava qualquer coisa) vê Castor escondido no tronco de uma árvore e desfere o golpe fatal. Pólux, por sua vez, mata os gêmeos inimigos, mas atormentado pela perda do irmão, suplica ao pai Zeus que lhe dê a mortalidade e a morte, mas o deus não tem este poder, então propõe uma solução possível: um dia de morte no reino de Hades, e um dia de vida no Olimpo, entre os deuses. Para sempre. Pólux, por amor ao irmão, aceita e assim serão eternamente, um dia mortos e um dia resplandecentes e eternos, sempre juntos. Além de ser o testemunho heróico do carinho fraterno, são ainda os protetores dos navegantes e, submetidos a viver aquela nova vida, não renunciam a proteger a irmã Helena que viaja pelo mar, cavalgando ao lado do navio e lutando contra a fúria das ondas (Foto: Karl Lagerfeld)

NARCISO E NINFA ECO - Elisa Sednaoui, Baptiste Giabiconi
Hera tirou da linda ninfa Eco o poder de falar e ela só podia repetir as palavras. Eco vê o jovem Narciso nos bosques, cobiçado por um grupo de ninfas e donzelas, mas o jovem recusa-as todas, indiferente. Tem dezesseis anos e é um jovem de extrema beleza, mas a grande soberba impede-lhe de se deixar seduzir. Assim a ninfa vê-o perseguindo dois veados, mas sem voz, não pode chamá-lo. Narciso para chamar os amigos grita: “Há alguém aqui”?, e a voz da ninfa repete somente: “Aqui”. Narciso fala e ela repete, até se encontrarem; ela cheia de amor, tenta abraçá-lo, ele afasta-a. Desprezada, esconde-se nos bosques, desaparece. Narciso, cansado, deita-se na relva, próximo de uma fonte de água fresca e transparente. Aproxima-se da fonte para tirar a sede, e quanto mais ele bebe, mais a sede aumenta: o jovem, então, é atraído pela imagem desconhecida e refletida, o seu próprio rosto. Olha admirado para as duas estrelas - os seus olhos -, os cabelos anelados como os de Baco ou de Apolo, o pesçoço alvo, a bela boca: sem saber, admira a sua própria imagem que vê pela primeira vez. Beija em vão a água enganadora, muitas vezes enfia os braços na fonte para abraçar aquele pescoço inacessível. Esquecido de alimento e de água, pouco a pouco seu corpo definha perante aquela imagem que, agora, reconhece ser a sua, intangível. Não sem alguma razão, mas identificado de forma superficial com o protótipo do vaidoso e do leviano, apaixonado por si próprio, Narciso é mais a figura trágica do jovem que não sabe crescer, que não consegue enxergar o outro, tampouco se apaixonar, e não consegue se abstrair de si próprio, perdendo-se para sempre (Foto: Karl Lagerfeld)

ATENA - Iris Strubegger (Foto: Karl Lagerfeld)

AQUILES - Jake Davies
É o herói por excelência, a figura que melhor representa a concepção heróica do mundo grego: Aquiles é o invencível guerreiro dos Aqueus, que zarparam para defender o orgulho grego, violado pela fuga do troiano Páris com a bela Helena, esposa do grego Menelau. De todos os guerreiros, Aquiles é superior até ao valoroso Agamenon, chefe da Liga. Sua natureza é irredutível como o fogo. Aquiles luta furiosamente, como que procurando a morte na luta: morrer jovem e belo lhe permitiria fugir à lenta decadência da idade, remetendo sua imagem imortal à memória, única realidade onde um grego pode viver após a morte.
Aquiles é um semideus, filho da deusa Tétis e de Peleu, rei dos Mirmidões. A mãe, querendo torná-lo imortal, mergulhara o menino três vezes nas águas do rio Estige, segurando-o pelos calcanhares que, não tocados pelas águas sagradas, tornam-se a única parte vulnerável de seu corpo. E é no calcanhar que Aquiles é atingido por uma flecha, depois de matar e dilacerar o corpo de seu inimigo absoluto, o valoroso troiano Heitor. Aquiles é alvo de paixões incontroláveis. Quando Agamenon, o chefe supremo, manda raptar Briseida, sua escrava predileta, Aquiles se retira para o acampamento, recusando-se a entrar nos combates. Mas após a morte de seu melhor amigo, Pátroclo, pelas mãos de Heitor, ele volta ao campo de batalha. Heitor e Aquiles se enfrentam, o herói grego sai vencedor, graças também às artimanhas da deusa Atena, protetora dos Gregos. Aquiles não tem piedade, não respeitando o corpo do inimigo morto, arrastando-o com a biga e dilacerando-o, infringindo a lei sagrada que impõe o respeito pelos mortos. Aquiles conclui sua vida jovem e vitorioso, como provavelmente almejava: uma flecha atinge-o no calcanhar, único ponto vulnerável e mortal (Foto: Karl Lagerfeld)

HÉSTIA – Magdalena Frackowiak (Foto: Karl Lagerfeld)

ÁJAX – Erin Wasson
Ájax era filho de Oileu, um dos Argonautas, míticos heróis dos primórdios. Era um famoso arqueiro e na corrida perdia apenas para Aquiles “pés velozes”; fortíssimo e corajoso, mas brutal. Participou, com outros heróis gregos, da expedição e da guerra contra Tróia, que foi vencida, conquistada e queimada. Levado por sua índole bárbara, adentrou o templo da deusa Minerva, onde a sacerdotisa Cassandra havia se refugiado. Ájax não respeitou a sacralidade do templo e violentou a sacerdotisa, que pediu justiça aos deuses. E a justiça, implacavelmente, chegou. Posêidon, rei dos mares, a quem Cassandra dirigiu suas orações, criou uma terrível tempestade na hora em que Ájax levantava âncora para voltar para a pátria. A tempestade caiu sobre a frota, que naufragou com todos os homens. Todo o exército e os bens saqueados da cidade derrotada acabaram no fundo do mar. Mas o destemido guerreiro, ajudado por seu orgulho desmedido, conseguiu, com um esforço tremendo, agarrar-se a um recife, zombando dos céus: “Escaparei, apesar dos deuses!”. A ofensa superava qualquer limite: Posêidon, que depois de destruir toda a frota salvara Ájax, golpeou-o com seu tridente, abrindo o recife: o violento e arrogante Ájax afundou no mar (Foto: Karl Lagerfeld)

MELPÔMENE - Natasha Poly
 “Pelas Musas heliconíades comecemos a cantar. Elas têm grande e divino o monte Hélicon, em volta da fonte violácea com pés suaves dançam e do altar do bem forte filho de Crono”. São os versos do poeta grego Hesíodo, que atestam a natureza superior das Musas, que representam e dão inspiração às aspirações mais altas do homem grego. Como sabemos, as Musas, filhas de Zeus e da Memória, embora pudessem inspirar qualquer arte, tinham, cada uma, uma prerrogativa específica, um campo de ação inspiradora privilegiado. Para Melpômene, é a tragédia, uma realidade importantíssima, um dos alicerces (com a filosofia) do mundo grego. Como a filosofia, a tragédia é invenção dos gregos, que transformam em espetáculo poderoso, repleto de significados religiosos, o teatro das origens, que era um ritual, uma celebração religiosa. E assim permanece no resto do mundo durante séculos. Na Grécia nasce a tragédia, nascendo também os grandes teatros onde os poetas trágicos, Ésquilo, Sófocles, Eurípides, escrevem as obras que tratam do mundo das origens, o nascimento do cosmo, o sentido da vida e da morte, a tragédia das paixões. Melpômene é, portanto, a protetora da tragédia, importante gênero poético grego que produzirá obras de arte ainda vivas e que continuam sendo representadas nos dias de hoje, dois milênios e meio depois (Foto: Karl Lagerfeld)

HADES - Jeneil Williams
Hades era um deus poderoso, irmão de Zeus e Posêidon. Na origem da dinastia, dividiram-se respectivamente a terra e o mar, Hades ficando apenas com o reino dos mortos. Hades, que depois será chamado também Plutão, raramente sai de seu escuro reino ínfero, e são poucas suas aventuras amorosas, num mundo de deuses onde, ao contrário, são diárias. A natureza de seu reino não inspira o eros: no lago Averno são reunidas as almas dos mortos que Caronte, com sua balsa, leva para um reino feito de nada. Contrariamente a outros mundos antigos, como o Egito e a Mesopotâmia, a religião grega não acredita na vida depois da morte. Com o fim da vida extingue-se tudo, as almas vagueiam no reino de Hades apagadas, pálidas, desalmadas, opacas. A natureza deste reino, que não permite renascimento ou vida eterna, é essencial para a compreensão do espírito grego: sendo a única vida a vida física, histórica, o homem deve levar ao máximo esplendor suas possibilidades. Os gregos constroem o Partenon, Fídia esculpe suas estátuas imortais, os poetas e os atletas celebram o mundo com versos e atividades esportivas para alcançarem a glória, se tornarem eternos sobrevivendo na memória dos pósteros. Concluída a breve vida, há somente o reino sombrio de Hades, onde Ulisses desce para encontrar o fantasma de sua mãe, e encontra o espectro pálido e inconsistente do grande Aquiles (Foto: Karl Lagerfeld)
ORFEO E EURÍDICE – Freja Beha Erichsen, Abbey Lee Kershaw
É o mito do amor e da poesia por excelência. O amor que procura superar a morte, a poesia que, com sua força, pode conseguir vencê-la. Orfeu é o poeta mais talentoso, canta seus versos tocando a lira, instrumento de cordas (a poesia, na Grécia antiga, era sempre cantada e acompanhada por música), e com suas palavras, sua voz, sua música, sua poesia é capaz de comover até as árvores dos bosques, que se desprendem do solo para segui-lo, as rochas perdem sua dureza, amansa e comove as feras. 
Orfeu casa-se com a sua amada Eurídice, mas no próprio dia do casamento, a bela jovem morre, picada por uma serpente. Confiando no dom da poesia e de sua voz, Orfeu se aproxima das portas do reino Ínfero inacessível aos vivos, conseguindo, com seu canto, encantar o barqueiro Caronte, que aceita levá-lo no lago Averno. E quando Orfeu canta, todo o mundo escuro e sombrio das almas dos mortos para, encantado. Chega diante de Plutão e Perséfone, soberanos do reino das trevas, que ficam comovidos com seus versos de amor, e permitem que leve a amada Eurídice à luz dos vivos, com a condição que, seguido por ela, jamais olhe para trás, até que saiam do mundo das sombras. Orfeu consegue, graças à poesia, que é música e amor, aquilo que nenhum ser vivo jamais alcançara. Encontra a sua amada, que o segue, silenciosa. Mas quando o poeta não ouve mais seus passos, angustiado por medo de perdê-la, olha para trás e, naquele mesmo instante, a condena a voltar para as trevas. Ela olha para ele, atônita, frágil e já distante. Orfeu sobe depois de ter perdido aquilo que mais amava, quando já estava prestes a recuperá-lo. Inútil agora tentar comover Caronte. Eurídice está perdida, para sempre. As notas serão agora apenas de lamento pela felicidade perdida (Foto: Karl Lagerfeld)

TERPSÍCORE - Anja Rubik
Terpsícore é uma das nove Musas, a quinta-essência de toda inspiração para o espírito dos gregos. As nove musas nasceram do encontro de nove noites entre Zeus e a deusa Mnemósine (Memória), personificação da faculdade mais importante para os gregos: memória significa imortalidade, que é a aspiração de todo artista, poeta, filósofo, atleta. Além disso, a religião grega não acredita na vida além da morte, o único espaço de eternidade permitido ao homem sendo, portanto, a memória. A partir desta poderosa união nascem as deusas inspiradoras dos mais altos sentimentos humanos, que animam o artista e o poeta, invadindo-o e possuindo-o, fazendo com que crie obras imortais. Segundo Platão, era impossível criar poesia sem receber a visita das musas inspiradoras: impossível, escreve o grande filósofo, tornar-se poeta apenas “por força da arte”, uma espécie de folia, que nós definiríamos “inspiração”. As Musas, todas elas belíssimas, dotadas de voz celestial, interagem com todas as artes e ciências mais nobres, mas embora cada uma delas seja completa, em certa medida cada uma foi considerada particularmente inspiradora e protetora de uma arte: Clio era a musa do canto; Euterpe inspirava a música das flautas; Tália, a comédia; Melpômene, a tragédia; Érato, a poesia amorosa; Urânia, a astronomia; Polínia, o canto clássico; Calíope (a rainha, segundo Hesíodo e Horácio), a poesia heróica e elegíaca; Terpsícore, a dança e a lírica coral. Terpsícore é, portanto, a musa da arte que se torna viva através do corpo, movimentado pelas harmonias sublimes da poesia declamada por um coro: voz, música e dança (Foto: Karl Lagerfeld)

ANFITRITE - Heidi Mount
“Até então, nenhum Titã fornecia luzes ao mundo, nem Febe, crescendo, reparava novos cornos, nem a terra pendia no ar circunfuso, equilibrada em seus pesos; nem os braços Anfitrite estendera pela longa margem das terras”. Encontramos Anfitrite no começo de Metamorfoses, o poema em que o grande poeta latino, Ovídio, relata o nascimento do mundo, nos tempos originários em que reinava o Caos. Anfitrite é uma deusa que contribui para o nascimento do mundo, tal como o conhecemos; seus braços apertam o mar, circunscrevendo o espaço da terra. Sem ela, não existiriam fronteiras entre os oceanos e a terra, tudo estaria submerso. Símbolo da força natural do mar, é uma ninfa marinha que com seus braços abraça a terra e comanda as ondas. É representada muitas vezes numa carruagem em forma de concha, puxada por golfinhos sobre as ondas e cercada por divindades marinhas, Tritões ou Nereidas. A jovem ninfa tinha sido cortejada pelo deus do mar, Posêidon, a quem rejeitara por muito tempo por seu aspecto feio e disforme: não devemos esquecer que é o deus das tempestades que castigam, gerando morte e afundando embarcações. Mas acabou se casando com ele, graças à pressão de um golfinho, animal mágico segundo a mitologia grega. Com o casamento, tornou-se rainha absoluta do mar, dando à luz ninfas marinhas e um filho homem, Tritão (Foto: Karl Lagerfeld)

APOLO - Baptiste Giabiconi (Foto: Karl Lagerfeld)

AFRODITE – Lara Stone
É a deusa mais encantadora da religião grega. Páris a escolhe como a mais bela, atribuindo-lhe o troféu da maçã de ouro, desencadeando a ira de suas rivais, Atena e Hera, que se vingariam cruelmente dos troianos dos quais Páris era príncipe.
Afrodite, nascida da espuma do mar, era venerada pelos navegantes como a deusa que tornava o mar manso e bonito; Posêidon era o deus feio, violento, poderoso e agitador. Afrodite estende à terra seu dom de beleza: é a deusa dos campos, das flores, do amor inocente e da irresistível atração dos sentidos; enquanto Hera, esposa de Zeus, é a deusa do casamento. Afrodite, que para os romanos será Vênus, é simplesmente a deusa do binômio beleza-amor, é a divindade escondida que leva homens e mulheres a se apaixonarem perdida e imediatamente; é ela que enche de sensualidade o mar com suas doces ondas e a terra de flores. No mar, seu símbolo sagrado é o golfinho, animal muito amado pelos gregos, e que salva sobre seu dorso o poeta Aríon. Ela é representada numa carruagem puxada por pardais, pombos e cisnes: o pardal é o pássaro mais humilde e próximo; o pombo simboliza paz e amor; o cisne, elegância e beleza. 
Seu corpo é rodeado de rosas e murta, seu cinto milagroso é tecido com todos os feitiços: a palavra sedutora, os olhares, os segredos que tornam irresistível a atração do amor. O poeta Hesíodo define suas mais evidentes características: “as conversas de moças, os sorrisos, os enganos, o doce gozo, o amor e a meiguice”. De seu romance com o herói troiano Anquises, dá à luz Enéias, o herói da cidade queimada e futuro fundador de Roma; mas Zeus a obriga a se casar com Vulcano, o rude ferreiro, que ela trai com Marte. Tem relacionamentos amorosos com muitos deuses, entre eles o fatídico, enigmático, encantador Dionísio (Baco), com quem conceberá as Graças, símbolo de beleza (Foto: Karl Lagerfeld)

AFRODITE E MARTE – Lara Stone, Sébastien Jondeau
Como Flora, Marte é um deus romano, de ascendência itálica. Prova da origem romana de ambos é também o nome, de origem latina. Marte, deus da guerra, tem alguma correspondência com o grego Ares, embora não se trate de uma filiação: Ares encarna a brutalidade sanguinária, a parte mais feroz do ser; Marte é uma divindade nacional dos romanos, representando a defesa da pátria, a preservação do equilíbrio. Uma espécie de deus guerreiro defensor, símbolo da ordem e do rigor que o estado deve manter e que implica também atividades bélicas. Reveladores são os animais consagrados a Marte: além do lobo e do cavalo, símbolos da ferocidade e da guerra (a cavalaria estava no topo da hierarquia do exercito), há o touro e o pica-pau, animais que não têm nenhuma ligação com a guerra. O carvalho é também árvore consagrada ao deus Marte. Mais que de guerra, são símbolos da civilização agreste, que testemunham a origem desta divindade, que em épocas remotas era o deus do campo e dos agricultores, da vegetação primaveril.
Era invocado no começo do ano, durante as cerimônias ligadas ao despertar da natureza, sendo esta a origem do nome do mês de março. Transformou-se depois em deus da guerra, representado com lança e escudos. Provavelmente sua transformação indica o desenvolvimento de Roma, que desde as épocas antigas da agricultura e dos reis míticos passou, expandindo-se constantemente, a império capaz de dominar todo o mundo conhecido da antiguidade (Foto: Karl Lagerfeld)

ÁRTEMIS - Daria Werbowy
Muitas vezes erroneamente considerada deusa das selvas, Ártemis não é exatamente a divindade do universo selvagem e impenetrável da floresta. É a deusa das margens, dos limites: antes de tudo, do limiar entre a casa e o bosque e o mundo todo da natureza não sujeito a regras, que vai além do mundo humano. Os gregos tinham uma rígida divisão entre mundo humano e o animal: o viajante Heródoto notou, admirado, durante sua viagem ao Egito, que os habitantes daquele país moravam com animais dentro de casa: cães, gatos, algumas espécies de pássaros. Para os gregos, o mundo fora da cidade representa o reino sombrio das forças cegas e irracionais da natureza e Ártemis permitia a comunicação entre os dois mundos. Ártemis é a deusa mediadora entre homem e natureza, que no mundo antigo nada tem de idílico, mas se manifesta em sua potência: solidão, florestas escuras, animais perigosos. Não é por acaso que a deusa com o arco tem uma relação privilegiada com o cervo: o caçador e a vítima, o homem e o animal manso, mas selvagem se fundem nela, que representa, assim, a harmonia entre os dois mundos. Ela é muitas vezes representada com leões, que evidentemente consegue domesticar e colocar em relação com o mundo humano. De origem provavelmente oriental, Ártemis é a deusa da natureza, com seu rosto solar e sereno, seu caráter dócil, feminino, a cerva capaz de amansar o lobo e o leão. Gêmea de Apolo, com ele tem em comum um espírito harmonioso e benéfico e, sendo encarnação da natureza em sua pureza, é a deusa virgem (Foto: Karl Lagerfeld)

HERMES - Anja Rubik
Hermes é o deus de sandálias aladas. Ele voa. Os outros deuses aparecem do nada e em seguida desaparecem, mudando muitas vezes sua forma. Filho de um dos muitos amores adúlteros de Zeus, é o incansável mensageiro dos deuses, mas seu papel não se limita ao mundo divino: leva suas mensagens aos humanos e, tarefa mais dolorosa, acompanha as almas dos mortos ao reino de Hades. Na Odisseia, é Hermes que chega à gruta marinha da ninfa Calipso, e ordena a ela que deixe partir o exilado de Ítaca. Os deuses decidem, depois, que Ulisses volte para casa. A bela ninfa dirige-se a ele com a feroz invectiva contra os deuses olímpicos: “Duros sois todos os deuses e mais invejosos que os homens, que vos zangais quando, acaso, uma deusa se acolhe no leito de homem mortal e resolve esposar quem na terra lhe agrade”. Hermes acompanha Orfeu ao mundo das trevas, vendo a ruína do mesmo. Voador, rápido, ele é também espirituoso e alegre, gosta de brincar com os humanos. Esperto e com dons mágicos, deus, falador e enganador, explorador de oportunidades propícias, pai de filhos sem nunca casar, astuto, desde o primeiro instante de vida. 
Nascido há poucas horas, vê uma tartaruga: a mata, esvaziando-a e recobrindo o casco com pele de boi, acrescenta dois braços e estende sete cordas feitas de tripas de ovelha, inventando assim a lira, o instrumento com o qual os poetas entoarão suas canções (Foto: Karl Lagerfeld)


Fonte: Terra



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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