05 agosto 2013

A luta dos Awá-guajá para impedir a devastação da Reserva Biológica Gurupi

Índios Awá-guajá (foto: Sebastião Salgado)

Os Awá-guajá, do tronco Tupi-Guarani, estão fugindo do homem branco há exatos 500 anos, simplesmente porque resolveram preservar sua cultura. Vivem no que resta da Floresta Amazônica no Maranhão. Para eles, o mundo se resume à Terra, que habitam enquanto vivos, e ao Céu, para onde vão os mortos, os Karawara, seres meio humanos, porque caçam como os vivos e com eles se encontram durante os rituais, mas que dependem da floresta. Para o povo Awá-guajá, se você mata a floresta, elimina, a um só tempo, a possibilidade de vida dos vivos e dos mortos. Ou seja, matando a Terra, que é o mundo de agora, e o Céu, o mundo de amanhã, você impede a existência da espécie. Por isso, eles são tão agarrados à floresta.

Considerados um dos últimos povos caçadores e coletores do planeta, os poucos mais de 400 Awá-guajá têm pela frente a talvez mais difícil missão de sua existência, qual seja, impedir que grileiros, posseiros e madeireiros destruam o seu mais valioso bem, pois, como frisei, é das árvores e da mata fechada da Reserva Biológica do Gurupi, de onde tiram o seu alimento, que vem a certeza do amanhã e da continuidade do seu povo, da sua gente.

Por isso, a única coisa que eles pedem ao governo federal é a garantia de que não terão o seu território devastado pela ganância do homem branco, que avança a passos largos em busca de madeira nobre, mesmo depois que os 116.582 hectares de terra de sua reserva foram demarcados, homologados e registrados pela União.

Descrentes do respeito à ordem judicial que determinou a retirada dos "intrusos" ou não índios, como definido pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI, os Awá-guajá temem pela própria sorte. Por isso, não hesitam em afirmar a sua coragem para para enfrentar o perigo.

- Não temos medo. Vamos resistir - dizem, em discursos emocionados.

Se você quiser saber mais detalhes sobre a luta dos Awá-guajá, acesse o link ao final da postagem e assista aos vídeos (infelizmente não liberados pelo O Globo) onde a repórter Míriam Leitão conta o que viu na viagem que fez, a convite do famoso fotógrafo Sebastião Salgado, até a Aldeia Juriti. E para entender um pouco mais da cultura Awá-guajá, assista ao vídeo em que o antropólogo Uirá Felipe Garcia fala sobre a sua tese de doutorado e mostra a etnografia dos "índios invisíveis", como são chamados os Awá, por sua capacidade de movimentação dentro da floresta. Isso vai ajudar você a entender a luta deste pequeno grupo de verdadeiros índios pela preservação de sua espécie.








Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

Cadastre seu e-mail e receba nossas postagens

Blog Widget by LinkWithin