29 novembro 2013

O modo de vestir da mulher justifica a violência sexual?

Foto: reprodução

Segundo a pesquisa Juventude, Comportamento e DST/AIDS, encomendada pela Caixa Seguros, que foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília - UnB e feita com o acompanhamento da Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS e do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids - DST/AIDS Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o traje insinuante usado por uma mulher pode justificar um ato de violência sexual para 4 em cada 10 jovens entrevistados, resultado que revela um elevado grau de desinformação e preconceito de gênero.

Para Miguel Fontes, doutor em saúde pública e coordenador da pesquisa, o machismo ainda está muito presente entre os jovens, principalmente entre os homens. Para que você tenha uma ideia, pouco mais de 9% dos entrevistados concordam ou são indiferentes ao fato de um homem agredir uma mulher porque ela não quis fazer sexo com ele e cerca de 11% têm a mesma opinião em relação aos homens que batem na parceira que o traiu.

Na visão de Jolúzia Batista, socióloga do Centro Feminista de Estudos e Assessoria - CFEMEA, essa geração de jovens sofreu um avanço conservador nos últimos anos, e na sua sua opinião, uma educação não sexista nas escolas seria de importância fundamental para mudar esse cenário.


“Nós vemos que hoje a violência surge como uma forma de colocar a mulher nos trilhos, de corrigi-la. É preciso investir em educação para mudar isso“, afirma Jolúzia.


Os pesquisadores entrevistaram 1.208 jovens com idade entre 18 e 29 anos em 15 estados e no Distrito Federal, sendo que 55% deles foram mulheres. Os critérios da coleta de dados, feita em 2012, são semelhantes aos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O trabalho foi concebido e analisado pela John Snow Brasil Consultoria, e a coleta de dados foi feita pela Opinião Consultoria.

Entre os jovens entrevistados, apenas 30% estudam e 56% já foram reprovados no colégio. Mais da metade são católicos e quase um terço, evangélicos. De cada dez, seis acessam a internet com frequência e cinco navegam pelo menos duas horas por dia. A maioria perdeu a virgindade entre os 14 e os 18 anos, 10% ainda não tiveram relação sexual, 95% se declararam heterossexuais, 3% disseram ser bissexuais e os 2% restantes, homossexuais.

Resumindo: uma roupa um pouco mais provocante pode justificar um ato de violência sexual contra a mulher, como o estupro, por exemplo? A agressão à mulher que se recusa a fazer sexo com um homem é um fato a ser encarado com indiferença ou naturalidade? Espancar a mulher que o traiu é direito do homem? Você concorda com o resultado da pesquisa? Deixe um comentário.






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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