26 março 2009

Onde existir viciado, vai existir tráfico

Beltrame afirma que falta de policiais é entrave na guerra contra o tráfico

‘Onde existir viciado, vai existir tráfico’, diz secretário de Segurança.

Após ocupação, criminosos estariam migrando para outras comunidades.

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou nesta terça-feira (24) que a falta de efetivo é um dos principais problemas da polícia do Rio na guerra contra o tráfico e disse que “onde existir viciado, vai existir tráfico”.

O comentário foi feito após reconhecer que, após a ocupação em áreas como o Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, os criminosos acabam migrando para outras comunidades da região, onde o lucro com a venda de drogas é maior.

“As ocupações que estamos fazendo não vão acabar com o tráfico, não vão acabar com a violência. Isso vai existir e o tráfico vai migrar. O tráfico vai sempre aonde existir viciado. O que nós não vamos admitir é essa territorialidade que o tráfico tem”, afirmou Beltrame, que voltou a afirmar que o usuário tem uma participação importante nessa cadeia, assim como o produtor e o fornecedor.

“As pessoas brigam, no fundo, por dinheiro. E de onde sai o dinheiro? De quem consome. Naquelas áreas se paga e se paga muito bem”.

Beltrame afirmou que, pelo menos por enquanto, a polícia não fará na Ladeira dos Tabajaras uma ação semelhante à que ocorre hoje do Morro Santa Marta, em Botafogo. Mas afirmou que a política de ocupações vai continuar.

"Nós temos que combater, fazer o que? Botar a cabeça embaixo da mesa? Deixar que isso tome conta do Rio como tomou?"


Conflito na Ladeira dos Tabajaras

Segundo a polícia, desde o último sábado (21), criminosos da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, tentavam invadir a Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, também na Zona Sul.

Uma operação policial iniciada na segunda (23) acabou com 5 pessoas mortas e, até a noite desta terça, o número de presos chegava a 19. O confronto entre traficantes e a polícia levou pânico a moradores de cinco bairros da cidade: Copacabana, Botafogo, Lagoa, que dão acesso à favela, além de Humaitá e Jardim Botânico, onde houve alguns apartamentos atingidos por balas perdidas.

A operação continua nesta terça-feira (24), em busca de traficantes que possam estar escondidos na mata da região.


Sem ajuda federal

Mesmo admitindo a falta de policiais, Beltrame descartou pedir ajuda ao governo federal, por meio da Força Nacional de Segurança, e afirmou que a falta de efetivo é um problema que já encontrou ao chegar na secretaria. Esse seria um dos entraves para se ocupar a Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

“Não podemos tirar efetivo das ruas de Copacabana, que já não tem, para fazer uma unidade pacificada. Eu preciso é produzir policiais”, afirmou Beltrame. “Não quero criar expectativas na população. Nosso problema não é simplesmente dinheiro. Eu preciso de efetivo preparado”.

Em busca de uma solução para o problema, a secretaria está investindo R$ 10 milhões na Academia de Polícia Militar para que sejam formados, a partir de maio, sete mil homens até o fim de 2010.

“Se a polícia perde mil homens por ano, tem que colocar para dentro pelo menos mil, 1,5 mil”, afirmou, ressaltando que hoje em dia apenas 900 policiais são formados a cada ano.

Ainda segundo Beltrame, que concedeu entrevista coletiva à imprensa na tarde desta terça, a polícia continuará na Ladeira dos Tabajaras, ainda sem data para sair.

fonte: G1.com.br

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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Um comentário:

  1. Pela lei da oferta e procura, que regula todos os mercados, a afirmação do Secretário Beltrame procede, mas não é determinante.
    Nova Iorque deixou de ser a cidade mais violenta para a mais segura do mundo (até o 11 de setembro) por conta de uma nova postura das autoridades municipais - a chamada Tolerância Zero. Tudo isso sem que houvesse diminuido o número de usuário de drogas.

    No Rio, Estado é ausente, a polícia é conivente. Muitos dos "Vossas Excelências" também são usuários contumazes - isso é sabido por toda a população. Inclusive, as drogas consumidas por eles são as sofisticadas e mais caras.

    Vamos a duas situações hipotéticas:

    1. Imaginemos que a maconha fosse liberada, inclusive para o plantio em domicílio (logo, não haveria o traficante para esse tipo de droga). Alguém acha que isso acabaria com a violência da cidade?

    2. Imaginemos que acabassem todos os usuários de maconha, haxixe, cocaína, LSD... todos. Os traficantes iriam ficar sem "trabalho"? Não, aumentariam os roubos às distribuidoras de bebidas e cigarros. Estes seriam vendidos nos morros por 1/5 do preço.

    Porque a bebida alcoólica que tira a pessoa de suas condições mentais normais, vicia, mata enfim, que tem o mesmo efeito (às vezes até pior) do que o das drogas ilícitas, também não é proibida?

    Hiprocrisia enche o saco, né?

    Bom, quanto ao Beltrame, me parece apenas um fantoche de uma estratégia (mais uma!) de jogar nas costas do cidadão brasileiro a responsabilidade por tudo o que acontece. Assim, os "Vossa Excelência" continuariam ganhando os seus maravilhosos salários, viagens e mordomias, sem tanto trabalho por fazer.

    PS: O cidadão brasileiro é responsável sim - mas por colocar políticos desprezíveis no poder!

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