15 novembro 2014

Uma república mergulhada na lama

Renato Duque (foto: reprodução)

O Brasil comemora hoje os 125 anos do levante político-militar que instaurou a república federativa presidencialista vigente no país, mas, infelizmente, nada temos a comemorar. Se na época da proclamação o reinado de Dom Pedro II enfrentava inúmeras crises e manifestações ideológicas, agora o país se debate num verdadeiro mar de lama e corrupção surgido desde que Lula assumiu o poder no primeiro mandato. De escândalo em escândalo, passando pelo mensalão, a sociedade brasileira agora se depara com a Operação Lava Jato, que a todos vem revelando o verdadeiro assalto de que vem sendo vítima a Petrobras, com o objetivo de encher os bolsos de doleiros e funcionários graduados, políticos e caixas de partidos, entre eles o PT e o PMDB, irmãos siameses na condução do governo brasileiro e da corrupção que nele se instalou.

Com o novo capítulo da operação deflagrada esta semana pela Polícia Federal - PF, um clima de perplexidade e medo tomou conta do mundo político em Brasília, principalmente em razão das investigações em cima dos corruptores, os executivos das grandes empreiteiras. O ambiente no Palácio do Planalto é de extrema preocupação, mesmo que alguns assessores do governo insistam em afirmar que a "presidenta" Dilma Rousseff está blindada. Não há como negar que o aprofundamento das investigações vai criar uma crise política sem precedentes e de resultados imprevisíveis. Alguns chegam a reconhecer que apesar da blindagem de Dilma, a gestão da estatal durante o período do governo Lula já está irremediavelmente manchada, o que recomenda uma imediata separação entre as administrações da Petrobras nos períodos Lula e Dilma.

Se na base aliada a situação é de verdadeiro pânico, no PT a coisa não é diferente, principalmente a partir da prisão do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, nomeado para a Diretoria de Serviços da estatal, em 2004, por José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil e agora condenado no processo do mensalão.

A dúvida que aflige o coração dos petistas é sobre a capacidade de resistência de Duque dentro da prisão. Todos temem que ele, como Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, acabe entregando toda a rataiada corrupta. Senadores e deputados de partidos aliados estão surpresos com a prisão dos diretores e executivos das empreiteiras fornecedoras da Petrobras, até porque muitos deles têm estreitas relações com os políticos já citados nas delações premiadas.

- Todo mundo está querendo entender a extensão dessa investigação. Ninguém imaginava uma operação dessa dimensão da Polícia Federal. Tudo está andando numa velocidade muito maior do que foi no escândalo do mensalão. Muito em breve, a operação vai atingir a classe política. Já é a maior crise política depois do impeachment de Collor - disse um senador da base aliada, acrescentando:

- E esse ambiente irá contaminar definitivamente o governo Dilma.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sério candidato a ocupar uma das cadeiras do Supremo Tribunal Federal - STF e por isso mesmo grande interessado em defender o governo federal, afirmou neste sábado (15/11), que a oposição está tentando usar as novas prisões da Operação Lava Jato para construir um "terceiro turno eleitoral". Patético, você não acha?

Por isso, o Brasil não tem nada a comemorar neste 15 de novembro. Muito pelo contrário...







Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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