COISAS QUE VOCÊ NÃO SABE SOBRE MIM!

Para início de conversa, tenho que pedir desculpas às amigas Maria Marçal, Vera, Eninha Campos, Sandra Paula e Isma, primeiro pela demora em atender aos convites que me enviaram, depois, pela minha ignorância sobre alguns temas tratados pela internet. Vocês podem rir à vontade, mas as meninas que mencionei acima me pediram para participar do meme, escrevendo sobre "seis coisas que você não sabe sobre mim". Mas o que é um meme? Como poderia eu responder aos convites sem saber exatamente sobre o que devia falar?

Ah, mas eu fui buscar e descobri! Um meme é a unidade mínima de informação da memória. É como um bit, um átomo, um gene. Algo como uma pequena partícula, só que de lembrança. Não deu para entender? O portal Wikipédia diz que "os memes podem ser idéias ou partes de idéias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autônoma".

Na blogosfera, a palavra meme significa um post que se multiplica por vários blogs, sendo que cada blogueiro personaliza da sua maneira. Um blogueiro pode, por exemplo, votar em cinco blogs e pedir que os blogueiros votados votem em outros cinco blogs à livre escolha de cada um deles. Vocês conseguiram entender?

Então vamos lá! Vou tentar lhes passar as tais "seis coisas que vocês não sabem sobre mim" e só espero que a decepção não seja muito grande.

Amilcar e Geny

PRIMEIRA

Sou de família pobre. Meu pai, Amilcar de Oliveira, e minha mãe, Geny Bellate de Oliveira, lutaram muito para educar a mim e meus irmãos, Fernando, formado em engenharia, e Paulo, que é biólogo. Comecei a trabalhar aos 14 anos, no escritório de um advogado amigo da família. Sempre fui batalhador: antes do escritório, como o dinheiro do meu pai mal dava para sustentar a casa, eu fazia pipas para vender; colecionava gibis e revistas (Capricho, Sétimo Céu, etc); apanhava coquinho ou jeribá (mais conhecido como coquinho de catarro) e vendia tudo na feira, aos domingos. Terminei o ginásio com 16 anos e parei de estudar. Voltei aos 19 e aos 22 terminei o curso de contabilidade, mas nunca suportei a profissão.

SEGUNDA

Meus pais se separaram quando eu tinha 21 anos de idade. Eu fiquei com meu pai porque achava que ele não podia ficar sozinho. Meus irmãos seguiram minha mãe. Uma reconciliação foi tentada, mas durou pouco. Eles brigavam muito e a coisa chegou a um ponto que eu, como filho mais velho, tive que tomar a iniciativa de mandar meu pai sair de casa, antes que algo pior acontecesse. Sei que fiz a coisa certa, mas sofri muito, e a lembrança desse fato ainda me faz sofrer até hoje. Eu já era um rebelde e acho que isso só me fez piorar, prejudicando minha vida pessoal e profissional. Apesar de extrovertido, o que sempre atraiu muitas amizades, nunca deixei as pessoas se aproximarem muito de mim. Sempre tive medo perder. 

Fernanda e Paula

TERCEIRA

Casei-me aos 25 anos e me separei aos 31, quando tinha duas filhas, Fernanda e Paula, hoje formadas em publicidade e fisioterapia, respectivamente. Um ano depois conheci uma outra pessoa, com quem passei a viver. Essa união durou cerca de 2 anos, e acabou por problemas financeiros, os mesmos que me levaram também a abandonar a faculdade de Direito que eu cursava. Eu estava no 3º anos (6º período no sistema atual) quando parei.

QUARTA

E como miséria pouca é bobagem, logo depois, no início do ano de 1985, perdi meu pai, meu maior amigo, apesar de todos os problemas em que a vida nos defrontou. Eu não conseguia aceitar a morte dele!

Durante cerca de 6 meses, desempregado e morando com minha mãe, eu me sustentei vendendo bijuterias de prata, muito em moda na época.

QUINTA

Num domingo, no mês de outubro de 1985, eu me deitei prá dormir e acordei com o meu pai dentro do quarto. Mais surpreso do que assustado, até porque aquilo prá mim era um sonho, travamos um diálogo mais ou menos nestes termos:

- Como é que você pode estar aqui, pai?

A resposta foi simples: - Me foi dada a opção de sair de onde eu estou, uma única vez, prá falar com você. Não posso me demorar! Vim aqui prá dizer que você precisa sair da vida que você está vivendo. Pare de sofrer por minha causa! Acredite, eu sou feliz! Onde estou eu tenho paz! Vivo num lugar maravilhoso! Não pense mais em mim, ao menos com tristeza! Levante sua cabeça, volte a trabalhar em alguma coisa mais segura, mas sobretudo, dê um jeito de voltar para a faculdade. Se você não for um advogado, não será nada, porque é isso que você gosta de fazer!

Então, respondi: - Pai, eu não posso voltar! Não tenho dinheiro prá pagar as mensalidades do período em que a minha matrícula ficou trancada, nem para aquelas que se vencerem daí em diante! Entenda isso!

Aí, ele respondeu: - Não importa! Vá à faculdade! Você tem amigos! Acredite nisso!

Nesse ponto eu acordei. Ou será que não foi um sonho? Muita gente diz que não!

No dia seguinte, segunda-feira, saí de casa de manhã e fui à faculdade. Até hoje não sei o que me levou até lá, mas fui!

Quando entrei no saguão, dei de cara com um dos filhos do dono da faculdade, que tinha sido meu colega de turma e se formava naquele ano de 1985. Ele se aproximou, me deu um abraço, e me criticou por haver abandonado o curso de Direito. Eu tentei passar prá ele tudo o que estava acontecendo comigo, mas não consegui e comecei a chorar!

Ele ficou constrangido e me levou para um canto do saguão, e depois que eu me controlei, ele perguntou:

- Por que você não volta? A resposta foi simples: - Cara, eu quero voltar, eu preciso voltar, mas como já expliquei, estou desempregado. Como é que eu vou pagar as mensalidades atrasadas, fazer matrícula e arcar com as mensalidades que se forem vencendo?

Ele me respondeu: Não seja idiota, Roberto! Quem disse que você vai ter que pagar tudo isso? Você tem amigos, porra! (desculpem, mas essa foi a expressão que ele usou).

Renovei minha matrícula no 3º ano de Direito. Voltei à faculdade em março de 1986. Naquele mês, mesmo sendo um estranho no ninho (eu não conhecia ninguém na turma para onde fui designado), ganhei a eleição para o cargo de representante de turma, e no final do ano letivo, reativei o Diretório Acadêmico que estava fechado há cerca de 10 anos e fui eleito seu presidente. Colei grau no dia 22 de janeiro de 1989. Sou advogado há 21 anos. Não foi fácil chegar até aqui, e não está sendo fácil sobreviver, mas estou na luta!

Raphael Bruno

SEXTA

Mas um pouco antes disso, quando estava para me formar, esbarrei novamente com aquela moça a que já me referi linhas acima, e voltamos a morar juntos. Aí nasceu o Raphael Bruno, meu terceiro filho. Dois dias antes dele completar 7 anos, sua mãe foi morta num assalto, na porta de casa, em Nova Iguaçu - RJ. A vida seguiu seu curso normal, e o meu filho hoje tem 21 anos de idade, tem vários cursos na área de internet, que é o que ele gosta de fazer.

Não temos muita coisa, mas estamos juntos, lutando por uma sobrevivência decente!

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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