10 abril 2011

Monstros do Jazz

O Jazz, manifestação artístico musical oriunda dos Estados Unidos, teria surgido por volta do início do século XX, na região de Nova Orleans, e teve seu desenvolvimento mais importante relacionado à cultura popular e criatividade das comunidades negras que ali viviam. Ele se desenvolveu com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana. Esta nova forma de se fazer música incorporava o blues notes, chamada e resposta, forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do ragtime. Os instrumentos musicais básicos utilizados no Jazz sempre foram aqueles usados em bandas marciais e bandas de dança: metais, palhetas e baterias. Mas na verdade, o Jazz, em suas várias formas, aceita praticamente todo tipo de instrumento.

As origens da palavra Jazz são incertas. Suas raízes surgiram na gíria norte-americana e várias derivações têm sugerido tal fato. O Jazz não foi aplicado como música até por volta de 1915. Earl Hines, nascido em 1903, e que mais tarde veio a se tornar festejado músico de Jazz, costumava dizer que estava tocando o piano, antes mesmo da palavra Jazz ser inventada.

Desde o começo do seu desenvolvimento, no início do século XX, o Jazz produziu uma grande variedade de subgêneros, como o Dixieland, na década de 1910, o Swing das Big Bands, nas décadas de 1930 e 1940, o Bebop, de meados da década de 1940, o Jazz Latino, das décadas de 1950 e 1960, e o Fusion, das décadas de 1970 e 1980. Devido à divulgação mundial do gênero, o Jazz se adaptou a muitos estilos musicais locais, obtendo assim uma grande variedade melódica, harmônica e rítmica.

Sua origem data de 1808, quando o tráfico de escravos no Atlântico trouxe aproximadamente meio milhão de africanos para os Estados Unidos, principalmente para os estados do sul. Os negros, em sua maioria vindos do Oeste da África, trouxeram fortes tradições da música tribal. Em 1774, um visitante os descreveu, dançando ao som do banjo de 4 cordas e cantando "a música maluca", satirizando a maneira com que eram tratados. Uma década mais tarde, Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, também notou "o banjar, que foi trazido da distante África”, som que vinha da cabaça, como a bânia senegalesa ou como a akonting do Oeste da África. Festas onde predominavam as danças africanas, ao som de tambores, eram organizadas aos domingos em Place Congo – Nova Orleans.

Escravos da mesma tribo eram separados para evitar formações de revolta. E, pela mesma razão, nos estados da Geórgia e do Mississipi, não era permitido aos escravos a utilização de tambores ou instrumentos de sopro que fossem muito sonoros, pois poderiam ser usados no envio de mensagens codificadas. Entretanto, muitos fizeram seus próprios instrumentos com materiais disponíveis, e a maioria dos chefes das plantações incentivaram o canto para que fosse mantida a confiança do grupo. A música africana foi altamente funcional, tanto para o trabalho quanto para os ritos.

As work songs e field hollers incorporaram um estilo muito encontrado nas penitenciárias dos anos 60, e em um caso eram parecidas com uma canção nativa ainda utilizada no Senegal. No porto de Nova Orleans, estivadores negros ficaram famosos pelas suas canções de trabalho. Essas canções mostravam complexidade rítmica com características de Jazz. Na tradição africana eles tinham uma linha melódica e com o padrão pergunta e resposta, contudo, sem o conceito de harmonia do Ocidente. O ritmo refletido no padrão africano da fala e o sistema de tons africano levaram às blue notes do Jazz.

No começo do século XIX, um número crescente de músicos negros aprendeu a tocar instrumentos do ocidente, particularmente o violino, provendo entretenimento para os chefes das plantações e aumentando o valor de venda daqueles que ainda eram escravos. Conforme aprendiam a música de dança européia, eles parodiavam as músicas nas suas próprias danças cakewalk. Por sua vez, apresentadores dos ministrel show euro-americanos com blackface, estilo de maquiagem usado para a sátira, popularizavam tal música internacional, que era a combinação de sincopas com acompanhamento harmônico europeu. Louis Moreau Gottschalk adaptou a música latina e a melodia de escravos às músicas de piano de salão, em canções tais como Bamboula, danse de nègres, de 1849, Fantaisie grotesque, de 1855 e Le banjo, enquanto sua música polka Pasquinade, em torno do ano 1860, antecipou o ragtime e foi orquestrado como parte do repertório de concerto da banda de John Philip Souza, fundada em 1892.

Outra influência veio dos negros que freqüentavam as igrejas. Eles aprenderam o estilo harmônico dos hinos e os adaptaram em spirituals. As origens do blues não estão registradas em documentos, mas podem ser vistas como contemporâneas dos negro spirituals. Paul Oliver chamou a atenção à similaridade dos instrumentos, música e função social dos griots da savana do Oeste africano, sob influência Islâmica. Ele notou estudos mostrando a complexidade rítmica da orquestra de tambores da costa da floresta temperada, que sobreviveram relativamente intactos no Haiti e outras partes do Oeste das Índias, mas não era farta nos Estados Unidos. Ele sugeriu que a música de cordas do interior sudanês se adaptou melhor com a música popular e baladas narrativas, dos ingleses e dos donos de escravos scots-irish e influenciaram tanto o Jazz como o blues.

Nas fotos abaixo você vê alguns “monstros” do Jazz.


Retrato de Billie Holiday
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - fevereiro de 1947)


Retrato de Dizzy Gillespie
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - maio de 1947)


Retrato de Duke Ellington
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - novembro de 1947)


Retrato de Ella Fitzgerald
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - novembro de 1946)


Retrato de Harry Carney e Russel Procope
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - 1946)


Retrato de Louis Armstrong
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - abril de 1947)

Retrato de Nat King Cole
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - junho de 1947)

Retrato de Tommy Dorsey, Davis Beryl, Georgie Auld, Ray McKinley, Desmond Johnny, Vic Damone, Mel Tormé, Mary Lou Williams e Josh White
(foto de William Gottlieb - Nova Iorque - outubro de 1947)





Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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