O texto abaixo é o primeiro, esperamos que entre muitos, que nos é enviado pelo amigo GABRIEL BERTRAN, um guerreiro na defesa do meio ambiente. O texto e a foto que o ilustra, como sempre fazemos, são postados no formato original.
A imagem acima é chocante e vale mais que mil palavras. Foi publicada na segunda-feira (dia 16/03/2009) no jornal Gazeta do Povo. Leiam a reportagem "Paraná desmata o que sobrou da araucária" na íntegra clicando aqui.
Como podemos aceitar acontecer ainda o desmatamento de uma espécie de árvore, no caso a araucária angustifolia, da qual restam menos de 1% de sua cobertura original no Paraná? E o pior de tudo, esta destruição que continua a acontecer têm a complacência de políticos da região sul do Paraná, todos envolvidos com o esquema criminoso de madeira. Ainda por cima, os mesmos políticos utilizam-se de discursos populistas para incentivar a população a continuar a destruição, dizendo que a única fonte de renda de cidades como General Carneiro é a extração criminosa de madeira! Agora eu pergunto: se estes municípios não ficaram ricos até hoje, será que ficarão acabando com os 1% de florestas que deveriam guardar como patrimônio da humanidade??? Sim, porque os serviços ambientais que as florestas nos prestam são incalculáveis. Será que estes políticos esperarão o Rio Iguaçú secar (e já teve ano em que as cataratas desapareceram) por falta das matas ciliares, e ainda colocarão a culpa no clima (como se nenhum destes fatores estivesse interligado)? Por sinal estamos no DIA MUNDIAL DA ÀGUA, há o que comemorar??
Não seria o caso destas pessoas serem denunciadas por crime de lesa-pátria? Elas estão privando as próximas gerações de usufruírem de um meio-ambiente equilibrado, estão privando estas mesmas gerações até de experimentarem o pinhão, fruto desta linda árvore que conheceu os dinossauros e já alimentou milhares de espécies animais e gerações de seres humanos!
O que mostra outra reportagem que postarei abaixo é que toda a força política desta região montanhosa, localizada na divisa com Santa Catarina, trabalha pela destruição. O pensamento é que, se eles sempre destruíram, por quê não continuar destruindo? Eles ainda tem o cinismo de dizer que a cobertura vegetal da região aumentou, com o plantio de pinus! Não tem o menor discernimento de que o pinus, espécie nativa da América do Norte, não traz quase nenhum dos benefícios ambientais que as araucárias nos trazem! O pinus seca o solo e não deixa outras espécies vegetais se desenvolverem, não atrai pássaros nativos do Brasil, não dá frutos comestíveis, como o pinhão, etc. É claro que o pinus é importante se for utilizado para EVITAR o desmatamento de florestas nativas (que além das araucárias, abriga muitas outras espécies igualmente importantes). Agora meramente substituir a rica mata-atlântica brasileira por "desertos verdes" de pinus é um contra-senso. Se houvesse um planejamento há mais de 50 anos atrás, teríamos florestas de araucárias até hoje, com plantio e corte seletivo. Mas a "colonização" do Paraná se deu na forma de terra arrasada: foi-se derrubando e queimando tudo o que se via pela frente como se fosse "mato sem valor" e com isso as boas matrizes das araucárias se foram para sempre. O que existe hoje é uma pequena amostra, da pior qualidade, o que aumenta o perigo de extinção, pois não tem-se mais variabilidade genética. Por isso a necessidade de preservar cada araucária ainda viva. Ela é uma árvore de desenvolvimento lento, por isso estas matas demorarão séculos para se recuperarem, isso se os produtores rurais e os políticos paranaenses as deixarem em paz, o que está difícil de acontecer...
O que deveria ocorrer urgentemente é uma grande mobilização popular contra estes prefeitos. Mas o que parece é que a população é conivente com estes crimes. A população destas pequenas cidades com medo de perderem o emprego (só que quem fica com a maior parte da renda dos crimes são os poderosos políticos e donos de terra da região). Ao mesmo tempo, a população das grandes cidades, como Curitiba, deveria parar de comprar "madeira de pinheiro", como é chamada (e já presenciei vários casos aqui na capital). Se não existir o comprador, não existirá o traficante, assim como ocorrem com as drogas! A impressão que dá é que O Instituto Ambiental do Paraná, o IBAMA e algumas ONGs sérias, como a SPVS e o SOS Mata Atlântica, trabalham sozinhos, sem apoio da maioria da população. Não seria a hora de uma grande mobilização de todas as esferas da sociedade e do governo, apresentando, inclusive, alternativas econômicas à região e também PAGANDO A QUEM PRESERVA AS FLORESTAS? Afinal estas florestas prestam os serviços de manterem nossa água e nosso ar puros, além de controlarem pragas agropecuárias e fertilizarem a terra. Isso tudo tem, e muito, valor!
Segue a reportagem de sábado (21/03/2009), sobre a influência das forças políticas em prol do desmatamento no Paraná:
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=869334&tit=Forca-politica-age-a-favor-do-desmate
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
Você tem razão, Gabriel!
ResponderExcluirNão conheço o Paraná em detalhes, mas pelo que li a sua colonização não obedeceu a critérios ambientais. Muito ao contrário e conforme você registra, "foi-se derrubando e queimando tudo o que se via pela frente como se fosse "mato sem valor" e com isso as boas matrizes das araucárias se foram para sempre".
A corja de políticos que deveria "cuidar" dos nossos interesses não está nem aí e se aproveita da omissão das autoridades brasileiras para lucrar com a devastação.
E o pior de tudo, desgraçadamente você também tem razão, é a omissão da sociedade!!! Já não é falta de informação, é descaso mesmo, é falta de cultura, e o preço por tudo isso, não duvido, será muito alto. Pena que quem o vai pagar são as gerações futuras, que não praticaram crime algum!
A nós cabe continuar lutando! Não há outra alternativa!