13 abril 2009

Sementes ambientais


Sempre me bati pela educação ambiental de crianças e adolescentes, porque acho que a devastação do planeta passa, necessariamente, pela questão cultural.

Aqui mesmo no blog, comentando a LEI DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, afirmei:

“A divulgação de programas, campanhas educativas e informações sobre o tema, ninguém há de controverter, criará uma consciência ambiental, principalmente nos jovens, capacitando-os a trabalhar pela sobrevivência do planeta e dos seres que nele habitam. Por que os jovens? Porque eles estão em formação e não carregam, ainda, todos os vícios de uma sociedade imediatista e sem compromisso com o próprio futuro. Nas últimas décadas, o mundo vem passando por inúmeras transformações, e a rápida divulgação de informações, o transporte moderno, o conforto e comodidade das residências, os meios de produção cada vez mais automatizados, não duvidem, são uma ameaça constante aos recursos naturais.

Boa parte da sociedade já sabe, e os últimos desastres ambientais têm demonstrado isso: ou enfrenta o problema da degradação, ou a existência humana e os demais seres vivos estarão sob o risco de extermínio! Já se sabe que o consumismo desbragado da sociedade norte-americana afeta diretamente o clima do mundo, assim como as queimadas no cerrado e na região Amazônica. Sabe-se que a China cresce muito e polui demais. Isso precisa ser dito aos jovens numa linguagem que eles entendam e se interessem em ouvir! Temos a obrigação de lhes dar uma oportunidade de vida num mundo melhor que aquele que trouxemos à beira da destruição!”

Hoje, acidentalmente, esbarrei com um texto que se encaixa com perfeição à tese que venho defendendo. A matéria é do DIÁRIO DO PARÁ, e trata exatamente da educação ambiental nas escolas daquele Estado.

Segundo o jornal, “em tempos de preservação do meio ambiente, conversar, pensar e fazer ações em prol desta causa são atitudes necessárias. Nas escolas, por exemplo, o tema é um dos mais debatidos”.

A afirmação é da jornalista TÂNIA MONTEIRO, licenciada em Letras e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano pela UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA, no trabalho de pesquisa intitulado “EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO URBANO: A EXPERIÊNCIA DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE BELÉM”, orientado pelo professor CARLOS JORGE PAIXÃO. O estudo parte do princípio de que a legislação brasileira e documentos de conferências internacionais colocam a escola como co-responsável pela preservação do meio ambiente, tomando como exemplo a Lei Nacional do Meio Ambiente e a Lei de Educação Ambiental, onde está registrado que a educação ambiental tem que ser levada a todos os níveis de ensino. “A partir daí, surgiu o interesse de investigar se a temática era trabalhada nas escolas. Para isso, tomei como referencial teórico os Parâmetros Curriculares Nacionais, que vieram com orientações sobre como a escola poderia tratar o tema”, explica a jornalista, acrescentando que uma das orientações do documento é de que a escola deve buscar a solução de problemas, visando a transformação da realidade socioambiental.

Para iniciar a pesquisa, ela passou a verificar se as escolas vinham seguindo essa orientação.

Chegou-se à conclusão de que a temática ainda é trabalhada, especialmente, pelas disciplinas que trazem em seu conteúdo curricular obrigatório assuntos ligados ao aspecto físico e biológico – apesar de algumas outras disciplinas, como Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo, já discutirem o assunto. Concluiu-se, também, que houve um crescimento significativo da abordagem do tema, porém, na maioria das vezes, essas práticas foram iniciativas isoladas de poucos professores. Foi constatado, ainda, que 78% das escolas não incluíram o tema no seu projeto político pedagógico, ou seja, o tema não foi incorporado como um componente da cultura escolar.

A pesquisa definiu também que dos 92 (noventa e dois) projetos pedagógicos voltados para a educação ambiental mapeados pela pesquisa, 27% (vinte e sete por cento) deles levaram a escola a ultrapassar os seus muros e agir como agente de desenvolvimento local. Exemplo disso está na escola ANTONIO GOMES MOREIRA JÚNIOR, localizada no CONJUNTO PARAÍSO DOS PÁSSAROS, que fez um trabalho significativo no combate ao lixo e à violência. “A escola conseguiu fazer das pessoas da comunidade parceiras dela. Conscientizou-se os moradores sobre a importância de não jogar lixo nas ruas e, também, combateu- se a pichação, com a ajuda da valorização do grafite”.

Mas a principal constatação do trabalho preocupa: O tema meio ambiente ainda não foi percebido como algo que ultrapassa a visão de “contemplar as florestas e os pássaros”, e que há uma necessidade urgente de educar a população para isso. “O poder público tem o dever de zelar pelas praças, manter as ruas limpas, garantir a segurança, porém isso não adiantará muito se a população não tiver educação ambiental. Sem ela, não se preserva o meio onde se vive”, finaliza a jornalista TÂNIA MONTEIRO, a meu ver, acertadamente.

Os governos estaduais e as prefeituras municipais precisam incluir a EDUCAÇÃO AMBIENTAL em seus currículos obrigatórios, e como já dissemos quando da abordagem do assunto no texto referido linhas acima, a Lei nº 9.795, de 17 de abril de 1999, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, precisa ser reformulada, para determinar, de forma expressa e em horários nobres, a difusão de programas, campanhas educativas e de informações sobre temas relacionados ao meio ambiente.

Nada se consegue sem a educação, e a preservação ambiental jamais será uma realidade se a semente da orientação não for plantada no coração das crianças do mundo, futuros cidadãos do planeta!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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2 comentários:

  1. A Educação Ambiental deve se estender às empresas também. O adulto também tem que ser educado. Somente a informação não é suficiente se ele não acreditar na urgência das medidas de prevenção e solução do problema.
    O trabalho de incluir a educação ambiental no currículo escolar também tem que ser cuidadoso e criterioso, além de criativo também. Não pode ser mais uma "matéria chata" para estudar. As crianças precisam ser envolvidas em atividades interessantes, de preferência até junto à Natureza. Os pais também devem participar do projeto. Os filhos não aprendem o que os pais ensinam,eles aprendem o que os pais FAZEM.
    Por exemplo, gente, nada de arrancar florzinha do jardim para a criança dar para a professora tá? Primeiro que subliminarmente ela vai achar que a natureza está ali para serví-la na hora que ela quiser. Segundo que isso é corrupção em essência (peguei pesado, eu sei).

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  2. Concordo com a Anakris a educação embiental deve se estender a todos, eu sei que o assunto aqui não é o apagão, mas fazendo uma analogia entre um assunto e outro, economizar energia não é responsabilidade só da população mas sim dos orgãos públicos,municipais e prefeituras, o que eu quero dizer, que o dever é de todos e não de alguns. Não há uma preocupação intensiva sobre esse assunto, enquanto não acontece alguma coisa que demonstre ou prejudique, como por exemplo a catástrofe do acontecido na Italia já previsto, mas qual foi a importância dada? nenhuma,como é de algumas pessoas se expressarem Tô nem haí! Viu no que deu.

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