11 maio 2009

MUDANÇA DE HÁBITO


PRICILLA DE OLIVEIRA AZEVEDO, a capitã PRICILLA, 31 (trinta e um) anos de idade, é a única mulher no exercício de uma função de comando operacional da POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - PMERJ, onde está há 11 (onze) anos.

Filha de mãe professora e pai bancário, sobe o Morro Dona Marta todo dia, onde comanda 125 (cento e vinte e cinco) homens. Paz total no morro? O tráfico foi zerado? Não, claro que não! Ela é realista e diz que "quando se fala de segurança pública, é quase impossível falar zero disso, zero daquilo. É complicado afirmar: "Oh, zerou". O importante é que hoje quem coordena o morro e dita as normas, os limites e a lei é a PM, e não mais os traficantes".

Sequestrada por bandidos em 2007, ela conta: "Estava na porta de casa, no carro, esperando minha mãe, quando fui rendida e levada para o Morro do Castro, em Niterói. Tinha deixado todos os documentos em casa, inventei que era Renata, funcionária da prefeitura, não descobriram que eu era PM. Tive os olhos vendados. A certa hora, consegui escapar, entrei numa casa, mas fui espancada com cabos de vassoura pelo casal de donos. Fui pega de novo, tive mãos e pernas amarradas, levei socos, chutes e tapas, fui pisada, arrastada pelos cabelos, fiquei em cima de um formigueiro. Não tinha esperança de sair viva. Prenderam-me num carro, fugi, outros moradores negaram ajuda, até que um menino livrou minhas mãos. Isso fortaleceu a decisão de ser PM. Tanto que só fiquei um dia sem trabalhar. Dos seis bandidos, prendemos cinco. As coisas deram certo por causa de Deus".

Como toda mulher, ela diz: "Tinha planejado me casar e ter filho este ano. Agora nem sei quando vou poder. Mas ganhei um monte de "filhos" na comunidade. Não sei se por ser mulher, mas as crianças demonstram gostar da PM. Já levei-os para uma peça no Teatro João Caetano e ao Museu da Polícia Militar. Elas fazem desenhos com casinhas, árvores, crianças e a "capitã Pricilla".

Elogiada por seu trabalho pela Presidente do Comitê Olímpico Internacional - COI, a marroquina NAWALL EL MOUTAWAKEL, a capitã PRICILLA foi convidada para ir à DINAMARCA em outubro, quando será conhecida a cidade onde os jogos olímpicos serão realidados.

PRICILLA vem demonstrando que o trabalho da polícia pode ser mais humano, sem deixar de ser enérgico, e que a mulher pode, sim, ocupar cargos de comando em qualquer força militar, sem prejuízos para a função e as questões hierárquicas. O trabalho que ela vem desenvolvendo pode e deveria ser estendido a outros morros da cidade, que com certeza, além de ordem institucional, ganhariam muito em harmonia e humanidade. Parabéns, PRICILLA!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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3 comentários:

  1. Essa moça é um exemplo a ser seguido. O trabalho que ela fez até agora no Morro Dona Marta deveria sim, como já está dito no texto, "ser estendido a outros morros da cidade, que com certeza, além de ordem institucional, ganhariam muito em harmonia e humanidade". Você disse tudo, Carlos Roberto!

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  2. No meio de tanta violência e corrupção é muito bom saber que ainda há pessoas em quem se pode confiar!

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  3. Essa foi, exatamente, a razão da postagem: o exemplo! Como disse, e muito bem, o Bellate, "no meio de tanta violência e corrupção é muito saber que ainda há pessoas em quem se pode confiar".

    Sempre fui partidário da crítica, no momento em que ela é necessária, mas não posso me negar a um reconhecimento quando justo.

    Não deve ser fácil para uma mulher exercer uma função de comando como hoje o faz a capitã PRICILLA. Não deve ser fácil para uma mulher chefiar 125 (cento e vinte e cinco) homens num morro onde já imperou a desordem e o tráfico de drogas.

    Exemplos do como o seu, PRICILLA, nos fazem acreditar que é possível mudar esse País!

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