09 abril 2010

QUEREMOS O NOSSO DIREITO À VIDA!



A nossa "cidade maravilhosa", o Rio de Janeiro, já contou 205 mortos pelas chuvas até o momento em que acabei de redigir essa postagem, e o Corpo de Bombeiros calcula que 200 pessoas ainda podem estar soterradas no Morro do Bumba, em Niterói.


Na Cidade Sorriso, como Niterói é conhecida, morreram até agora 125; no Rio de Janeiro, capital, 60; no município de São Gonçalo, outras 16 e os outros quatro mortos foram registrados em Petrópolis, Nilópolis, Paulo de Frontin e Magé. Além disso, segundo a Defesa Civil, cerca de 4.000 mil pessoas estão desabrigadas e oscila entre 12 e 15 mil, o número de desalojados em toda a região.



Esse é o quadro surrealista que a Natureza pintou, com cores bem fortes, diga-se de passagem, a partir das últimas chuvas derramadas sobre o Estado do Rio de Janeiro, e eu tenho certeza que ela, a Natureza, escolheu suas aquarelas motivada por três fatores:

O primeiro deles, o principal, é a omissão criminosa de quem governou e governa o nosso Estado e os nossos Municípios.


Jorge Roberto Silveira, por exemplo, governou Niterói de 1989 a 1993; de 1997 a 2001 e de 2001 a 2002, quando passou o cargo ao vice, para se candidatar ao governo do Estado. Assumiu a prefeitura novamente em 2008. Sob qualquer ponto de vista, não pode agora vir a público e dizer que não tem responsabilidades na tragédia que se abateu sobre a sua cidade, como quer fazer parecer na entrevista dada ontem (08/04) ao G1:


- A gente sabia que o lixão estava desativado há 30 anos. Quando eu assumi pela primeira vez, já havia um início de ocupação. A região é muito pobre e as informações que eu tinha eram de que aquele aterro era muito antigo e não representava nenhum risco”, afirmou.


A prefeitura da Cidade Sorriso recebeu, em 2004, da Universidade Federal Fluminense - UFF, dois estudos sobre ocupação desordenada e risco de deslizamentos nas encostas. Um dos estudos fazia menção expressa ao Morro do Bumba, considerado região de "extremo risco", onde os deslizamentos poderiam ocorrer até com certa facilidade em razão do fluxo de detritos acumulados no solo. Ou ele mentiu na entrevista, o que é normal na classe política brasileira, ou não deu bola para os trabalhos da Universidade, o que é de se lamentar!


A maioria das pessoas que busca refúgio nas chamadas "áreas de risco", todos nós sabemos, não são simplesmente imprudentes, mas pessoas miseráveis, que não tem onde morar. Ninguém se deita sobre o lixo e a podridão por opção própria!


Esse drama faz parte do cotidiano de nossas cidades e é incentivado pela política canalha de quem disso se aproveita para oferecer "melhorias" em época de eleições. É a troca de um pouco de dignidade pelo voto que mantém o poder, tática introduzida no Rio de Janeiro por Leonel Brizola e o seu PDT, aliás, o mesmo partido de Jorge Roberto Silveira, um dos responsáveis pelas mortes de Niterói.


Segundo Arnaldo Jabor, "o Rio fica mais visível não a luz do sol, com barquinhos na baia a deslizar. O Rio fica mais claro na chuva. Vemos a verdade que se esconde na paisagem. Uma cidade com a grande maioria de pobres e desamparados, a mercê de décadas de governantes irresponsáveis e corruptos".


Na verdade, quem mata centenas de miseráveis indefesos não é a Natureza. O verdadeiro criminoso, o matador em série é o político, que executa suas vítimas com suas armas preferidas: a omissão e a corrupção. Se o Brasil fosse um país sério, o destino de cada um deles seria único: a cadeia!


Aliás, corrupção e o favorecimento é o que não tem faltado no governo Lula!


De acordo com o portal Contas Abertas, "o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou na tarde de hoje que o Ministério da Integração explique os critérios adotados na distribuição dos recursos de prevenção a desastres para os estados e municípios. Levantamento realizado por técnicos do tribunal validam as informações divulgadas pelo Contas Abertas (CA), desde maio do ano passado, que constataram a baixa execução do principal programa federal de “prevenção e preparação para emergências e desastres”. Os dados ainda mostraram favorecimento à Bahia, estado de origem do ex-ministro e pré-candidato ao governo local nas eleições de 2010, Geddel Vieira Lima. Entre 2004 e 2009, só os municípios baianos ficaram com 37% do valor desembolsado pelo programa no período – R$ 357,9 milhões.


Matéria publicada pelo CA em janeiro deste ano apontou que a Bahia recebeu quase a metade de toda a verba utilizada pelo governo federal em 2009 para prevenir danos e prejuízos provocados por desastres naturais. Para o tribunal, chamou atenção a execução orçamentária e financeira relativa aos orçamentos nos anos de 2008 de 2009. Dos R$ 175,3 milhões efetivamente transferidos às cidades brasileiras nestes dois exercícios, R$ 114,2 milhões (65%) foram repassados aos municípios do estado da Bahia. Enquanto isso, o Rio de Janeiro, onde as chuvas desta semana causaram mais de 100 mortes, aparece com o menor montante recebido para obras de prevenção nos últimos seis anos".


O objetivo do glorioso Geddel Vieira Lima com a chuva de dinheiro em todos os cantos da Bahia foi um só: "comprar" sua vitória nas eleições para o governo daquele Estado, e por tabela, garantir o apoio da politicada baiana a Dilma Rousseff! Será que Lula também "não sabe" disso? Claro que sabe, mas como a nojeira favorece seus "cumpanheros", tá tudo dominado!


O segundo fator que move a reação da Natureza, infelizmente, é a má educação do cidadão, o que eu prefiro traduzir para o popular e dizer: o cidadão é porco!


"As pessoas jogam lixo dos carros, das bolsas, da boca, imaginando que lixo é coisa para gari. Não é. Lixo é tarefa da cidadania. Civilizado não joga lixo no chão. As cidades civilizadas são tão limpas como a sala de visitas da casa da gente. Sabemos que assim como cabelo na pia entope o ralo, o lixo na rua entope o bueiro. Bueiro entupido é rua alagada quando chove. Por isso, a civilidade é inteligente: não coloca lixo na rua. E não tem alagamento" (Alexandre Garcia).


O terceiro fator, anotem, é a devastação ambiental!


O homem precisa aprender a preservar o meio-ambiente. Alguns cataclismos são inevitáveis e vão ocorrer sempre, independentemente das nossas atitudes, mas muita coisa pode ser evitada ou amenizada se soubermos respeitar os já estrangulados limites do planeta.


"Estamos despreparados. O que esperar para o futuro? É bom termos uma noção do tamanho da tragédia. Desde que começaram as chuvas, de novembro para cá, já morreram mais de 300 pessoas no Brasil, em sete estados. É mais que a queda de um Boeing lotado.


O que está acontecendo é grave. Os climatologistas dizem que o futuro será pior. Ou seja, eventos extremos, como grandes chuvas e secas prolongadas, vão acontecer com mais frequência, por causa das mudanças climáticas. Isso é para já" (Miriam Leitão).


As pessoas de bem já não conseguem conviver com tanta omissão, corrupção e incompetência demonstradas pelas "autoridades" responsáveis pela sua segurança. Algo precisa ser feito para que esse quadro de desmandos se modifique e o cidadão contribuinte tenha garantido seu maior patrimônio: o direito à vida!


Chega de frases como "eu acredito muito no programa minha casa, minha vida que o presidente Lula está lançando", dita em frente às câmeras de televisão pelo ridículo Secretário de Obras de Niterói (veja o vídeo), que aproveitou a desgraça e a dor dos que perderam seus entes queridos para fazer demagogia! Chega de decretos de "calamidade pública" e "luto oficial"! Chega de políticos canalhas, ladrões e corruptos! Chega de omissão e negligência! Chega de dor! Queremos o nosso direito à vida!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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2 comentários:

  1. Belo e verdadeiro post.

    Essa a introdução sobre o tema na revista Época:

    "A maior tragédia na história do Rio de Janeiro em décadas serve de alerta para a omissão das autoridades diante da ocupação ilegal dos morros."

    Parabéns Carlos!

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  2. Concordo com a Augusta. O blog abordou o tema com muita propriedade e a dose certa de veemência. Já passou da hora de uma reação da sociedade. Não dá mais para conviver com tanta omissão.

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