18 outubro 2010

A igualdade entre os desiguais

Essa história me foi enviada pela AnaKris através de um e-mail. Ela chegou no momento certo, bem a tempo de ser comparada à postagem anterior, que intitulamos A DESIGUALDADE ENTRE OS IGUAIS.

A intenção de quem criou a mensagem, ilustrada inclusive por fotografias, está claro no final do e-mail, foi buscar  ajuda para Rogério, o personagem central da história, a fim de  ele possa continuar protegendo os "amigos" que com ele convivem em condições tão precárias. Ele vive a região do Jabaquara, em São Paulo - SP. Quem tiver a possibilidade de acolher ou encaminhar o nosso Rogério a alguma instituição que o possa receber estará, sem nenhuma dúvida, prestando um grande favor a esse nordestino de coração tão solidário, que até já teve a chance de sair das ruas, mas não o fez porque teria que abandonar seus parceiros de infortúnio.

Leia o e-mail e tire suas próprias conclusões:


"Rogério é um morador de rua que vive numa carroça coberta com 10 cães, entre eles, alguns encontrados em condições extremas - espancados pelos antigos donos, jogados pela janela de um caminhão, doentes, abandonados e esfomeados, largados ao léu, amarrados em postes etc. 

Vive de doações de ração, remédio e comida. Os cães são muito bem tratados, mas dependem do amor e do carinho que o Rogério tem por eles, e da caridade daqueles que o conhecem e admiram.


Ele fica próximo a pontos de ônibus na avenida Georges Corbusier, após a rua Jequitibás (região do Jabaquara, em São Paulo), os cães não atrapalham ninguém, são super-educados e simpáticos (todos castrado(a)s) e passam boa parte do dia dentro da carroça.

Ele é muito querido pelos comerciantes da região, mas o problema é durante a madrugada, quando bêbados no volante, e garotos usuários de droga na região, tem sido uma constante ameaça. Rogério já foi espancado por jovens drogados e chegaram a jogar álcool nele enquanto dormia com os cães dentro da carroça, por sorte não tiveram tempo de acender o fósforo, pois um dos cães latiu e o avisou do perigo.


Ele é um exemplo de como uma pessoa pode se doar. Alguém na condição dele, poderia ter escolhido outros caminhos, mas Rogério demonstrou coragem e decidiu perseverar. Além de ser uma pessoa de muito valor, faz caridade prá deixar muito bacana por aí no chinelo. Sua presença ilumina os lugares por onde passa, mas ele já está cansado e também não é mais tão jovem assim.

São muitas as agressões que ele e os cachorros vêm sofrendo, e que vão desde assalto e espancamento, até atentados contra a vida como esfaqueamento e atropelamento. Enfim, é muito sofrimento para alguém que luta tanto. Na região todos o conhecem e apreciam, tanto que na última vez que uma turma veio bater nele porque queriam roubar suas coisas, o dono de um bar próximo saiu para enfrentar os safados e começou a dar tiros, colocando todos em fuga. Assim, mesmo, o Rogério passou dois dias no hospital por conta dos machucados recebidos, e se não fosse pela intervenção do dono do bar, os cachorros já seriam órfãos.


Assim, é diante de tudo isso peço que ajudem a divulgar esta história para que o Rogério possa conseguir uma oportunidade que lhe propicie melhores condições de moradia e de vida, em qualquer cidade, para que ele possa cuidar não somente dos seus, mas de outros tantos cães abandonados por esse Brasil, e que precisam de muitos cuidados e de carinho. Já lhe ofereceram abrigo, mas desde que os cães ficassem para trás, e o Rogério recusou, pois para ele, estes cães são como filhos; são sua familia.


Outro dia ele estava levando todos os cães para um pet shop para tomar banho - eram 11 cachorrinhos felizes – eram originalmente 10, mas agora apareceu mais um, um fox paulistinha que eu não conheci porque no momento que conversamos estava no banho. Ele disse que havia passado remédio contra pulgas nos cachorros, e que o tal remédio é meio melado, e então teve que dar banho em toda a tropa. Perguntei quanto ele iria gastar para dar banho em toda aquela tropa de cachorros, e ele, sorrindo como sempre, disse que a moça do pet shop o ajudava e não cobrava nada. Santa alma! Aí eu perguntei a ele – e você? Onde toma banho? E ele me respondeu que tomava banho no posto de gasolina da esquina, banho frio, gelado mesmo. Disse que como era nordestino, estava acostumado.

As vezes faltam palavras que possam definir a grandeza de uma alma como esta, que mesmo não tendo quase nada para si, dá o pouco que tem para minorar o sofrimento desses pobres animais de rua. Muito mais importante dos que as aparências, a riqueza, e o poder ostentado pelas pessoas, são suas atitudes e seus valores éticos e espirituais".

Um belo exemplo, não?

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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7 comentários:

  1. Carlos, vou te confessar uma coisa.

    Ontem quando li a postagem "A Desigualdade entre os Iguais", preparei um cometário daqueles que se riscasse o fósforo explodia. Botei toda a minha raiva nas palavras, atacando algumas instituições, o governo, essa elite de funcionários públicos que vem sendo formada a custa de macetes para passar em concursos... blá bla blá...

    Mas alguma coisa me desviou a atenção no meio do caminho e eu, ao invés de clicar em "postar", fechei o site por engano. Acho que isso foi obra de alguém "superior" porque logo depois recebi esse email.

    O Rogério me lembrou em tudo São Francisco de Assis que, mesmo na sua pobreza (e não é uma pobreza romântica dos filmes do Zeffirelli, mas sim uma pobreza sofrida com risco de vida), ele não perdeu a sua doçura e principalmente a sua felicidade.

    Então tive um "insight" daqueles tipo "vozinha no ouvido" que dizia, se você tem algo bom para se concentrar e colocar a sua energia, porquê focar no mal?

    Talvez se a mídia parasse de alimentar o lado mórbido das pessoas que "comem" sangue televisivo e passassem a mostrar as boas iniciativas, a sociedade melhoraria. Do mesmo modo que a grande massa age como gado seguindo o caminho do matadouro, poderia sim seguir um pastor direto para o pasto verde. Essa responsabilidade ética da mídia deveria ser levada mais a sério.

    Aos que moram em São Paulo, se não puderem ajudar, pelo menos repassem aos seus amigos. Quem sabe?

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  2. Sempre há tempo para mudanças, sou daqueles que ainda acredita na bondade da humanidade.

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  3. Eu acho que você está certa, AnaKris!

    Se começarmos a mostrar o lado bom do ser humano talvez consigamos "contaminar" outras pessoas e fazer com que elas tomem iniciativas iguais, mais ou menos como numa competição entre o "bem" e o "mal". Pode ser por aí!

    Um grande abraço...

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  4. É porque também acreditamos, Victor, que continuamos a bater nessa tecla, tentando mobilizar as pessoas pelo "bem" e contra o "mal". Seu raciocínio é parecido com o da AnaKris, por isso concordo com você como concordei com ela.

    Um abração...

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  5. Parabéns Roberto pelo texto, pois esse brasileiro chamado Rogério demonstra ao próximo que devemos parar de falar e termos atitude.

    O que ele tem para manter a sua solidariedade como bens materiais? Nada! Contorna as dificuldades para dar segurança a esses cães,e ainda tem que enfrentar adversários de sua própria espécie( ser humano) para defender a sua família que são os cães. Isso é uma vergonha para o ser humano que na verdade se tornou uma pedra de concreto.

    Pessoas que tem como ajudar e nada fazem, e outras com nada realizam!
    Isso é uma grande lição de vida,isso que é Amor!


    Um grande Abraço!

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  6. É verdade, Ediléia!

    Infelizmente a solidariedade não se mede pelos bens materiais que cada um tem, mas pela sua índole, pelo seu coração, pela sua vontade de ajudar o próximo, e o nosso personagem, o Rogério, é um exemplo disso.

    Como diz você, o que é que ele tem, em termos de bens materiais, para dividir com alguém? Na verdade, nada! O que sobra nele é o espírito de cooperação, a vontade de ajudar a quem precisa, humano ou animal. É o que está faltando no mundo!

    Um abração...

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  7. Isso me fez lembrar um ditado que meu ex-maridofala sempre "Pouco com Deus é muito, mas muito sem Deus é Nada"

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