04 abril 2009

A AGONIA XAVANTE

Desde o início deste ano, em 03 (três) meses, portanto (porque abril está só começando), 21 (vinte e um) índios XAVANTES morreram no Estado de MATO GROSSO - MT, a maioria crianças, por falta de assistência médica e medicamentos básicos.

A matéria foi exibida no JORNAL NACIONAL. O fato, infelizmente, é comum, e demonstra o descaso das autoridades brasileiras com a nação indígena. O Ministério Público Federal - MPF, mais uma vez, diz que vai investigar causas e apurar responsabilidades...

Em março de 2005, a morte de 06 (seis) seis crianças indígenas XAVANTES na região do ARAGUAIA - MATO GROSSO - MT, e a internação de mais 30 (trinta) por desnutrição infantil, também motivou a inteferência do Ministério Público Federal - MPF. As crianças, segundo noticiários da época, morreram de fome, mesmo depois que a situação crítica pela qual passavam os índios das aldeias dos municípios de CAMPINÁPOLIS e BARRA DO GARÇAS, região leste daquele Estado, ter sido detectada e comunicada à FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI e FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA.

Naquela ocasião, a falta de alimentos e assistência médica enfrentada pelos XAVANTES foi objeto, inclusive, de um relatório produzido pelo superintendente de política indígena do Estado, IDEVAR SARDINHA. Isso aconteceu há 04 (quatro) anos!!!

O fato foi denunciado ao Ministério Público Federal - MPF, e MÁRIO LÚCIO AVELAR, Procurador da República em MATO GROSSO - MT disse que as providências cabíveis seriam tomadas.

- A saúde é responsabilidade de todos, da União, do Estado e do município. E a saúde indígena é de responsabilidade sobretudo do governo federal, que tem a Funasa como órgão executor da saúde indígena no país, mas não exclui órgãos do Estado, disse o procurador.

JOSSY SOARES, coordenador estadual da FUNASA em MATO GROSSO - MT, também disse, à época, que estava tomando medidas emergenciais para amenizar a desnutrição dos índios XAVANTES, e que uma equipe percorreria as aldeias para verificar a saúde das crianças e distribuindo alimentos.

Até a CÂMARA DOS DEPUTADOS aprovou a criação de uma comissão externa para investigar casos de morte por desnutrição entre índios nos Estados de MATO GROSSO - MT e MATO GROSSO DO SUL - MS.

OS XAVANTES CONTINUAM MORRENDO!!!

Ao que tudo indica, nada mudou, nem mesmo o Procurador da República no Estado, que continua sendo o mesmo MÁRIO LÚCIO DE AVELAR. Aliás, a grande mudança esperada pelo índio é na atitude do Estado e do Governo Federal, que precisam assumir efetivamente a responsabilidade que lhes cabe, o que até aqui não ocorreu por criminosas omissão e negligência.

Enquanto isso, no Senado, além do escândalo das centenas de inúteis diretorias que o blog já destacou, agora se descobre que a Casa também tem pelo menos 17 (dezessete) "Conselhos", cada um com 05 (cinco) a 10 (dez) integrantes, que pode ganhar até R$ 12 mil, se o cargo for comissionado. Existe até um "Conselho Administrativo do Coral". O próprio JOSÉ SARNEY preside o "Conselho Editorial".

Enquanto isso, em MATO GROSSO - MT, comentando a morte de mais uma criança XAVANTE, de apenas uma semana de vida, o Cacique JOSÉ LUÍS CERITÉ lamenta: "ela não tomou nenhum remédio nem medicamento, porque não tem remédio"!!!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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9 comentários:

  1. Essa não dava pra deixar de comentar, né?

    Sabe, eu me pergunto a razão disso. A minha natureza impede que eu aceite uma coisa dessas como puro fruto do egoísmo e descaso. Tem que haver uma razão mais maquiavélica $$$$$.

    Será que farão com o índio o que fizeram com o Nordeste por mais de 50 anos? Prometiam acabar com a seca para se elegerem e agora talvez possam prometer cuidar ou aculturar o índio, dependendo do resultado da opinião pública. Será que a idéia é realmente matar o índio de fome para que eles abandonem o campo e o deixem livre para os boizinhos pastarem?

    Acontece que o índio não está bem visto pela opinião pública. Tenho acompanhado as opiniões dos leitores nos jornais todas as vezes que uma questão relativa aos índios vai para a mídia. Para 1 comentário a favor, vem 8 contra. O General Heleno e a mídia fizeram um ótimo trabalho. Agora o índio é visto como entrave ao progresso e ameaça à soberania nacional por 80% dos brasileiros. "Tão com fome? Problema deles. Vai trabalhar vagabundo." Dos outros 20%, 15% é formado de gente que nem sabe o que é o índio. E os mínimos 5%, de apaixonados pela causa.

    Mas o que a mídia não mostrou foi o General Heleno se curando com os pajés, aprendendo um bocado de coisas sobre a floresta e sobre a cultura indígena, o que o levou a se retratar meses mais tarde ao episódio de Raposa Serra do Sol.

    Talvez o que falte é humanidade. O Governo não inclui o índio nos programas para população pobre. Nessas horas o índio é uma outra nação mesmo. Afinal, ele não vai perder a graninha boa que vem dos fazendeiros amigos por causa de índios, né?

    E olha... um índio xavante é forte pra caramba. Tem uma compleição física enorme, dentes fortíssimos. Para chegarem à inanição, são muitos e muitos meses de subnitrição.

    Tenho acompanhado esse nascente Movimento Indígena Brasileiro. Estão muito fracos por divisões ainda. Enquanto o venezuelano elegeu o Evo Morales para presidente de país, o sonho máximo do índio brasileiro é ver um presidente índio na FUNAI!

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  2. Seu raciocínio está correto, AnaKris, mas a ele me permito fazer um acréscimo: o indígena brasileiro, como qualquer outro, em qualquer parte do mundo, não é discriminado apenas pela mídia e os entes governamentais, mas também e principalmente pela sociedade, que o enxerga como um ser “diferente”, sem tentar compreender seus costumes e cultura.

    Aqui mesmo no blog, onde tantos representantes do povo índio poderiam deixar suas importantes opiniões só nos dois nos batemos, o que confunde um pouco a minha cabeça.

    O texto abaixo, que prefiro postar na forma original, até para evitar supostas manipulações é um exemplo do estamos discutindo. Ele está no endereço http://portalamazonia.globo.com/noticias.php?idN=81350&idLingua=1

    TEXTO NA ÍNTEGRA:

    “Integrantes de tribos indígenas que vivem na área urbana de Manaus enfrentam dificuldades para conseguir emprego e sofrem preconceito em escolas, órgãos públicos e nos próprios bairros onde moram.

    - Eu demorei muito para conseguir um emprego. Em todos os lugares que ia, quando sabiam que eu era indígena, eles tratavam de me dispensar. Consegui emprego porque recorri aos representantes do movimento indígena - contou uma assessora especial da Fundação Estadual de Política Indigenista do Amazonas (Fepi), Lindomar Silva, conhecida como Linda Marubo.

    Ela relata que saiu da aldeia ‘Maronal’, na região de fronteira do Acre com a Colômbia, no Alto Solimões, e já passou por cidades como Cruzeiro do Sul, no Acre, e Porto Velho, capital de Rondônia, até chegar a Manaus.

    Em todos os lugares, segundo ela, foi difícil ser aceita pelos moradores das cidades. “Somos discriminados de várias formas, desde o acesso à educação até o impedimento de realizarmos nossos rituais conforme nossa cultura”.

    Mesmo fazendo parte de um órgão estatal ligado à preservação da identidade indígena, Linda Marubo afirma que seus filhos não se identificam como indígenas na escola onde estudam. “Se a vida já está difícil sem eles se identificarem, imagine se eu chegar lá e disser que eles são índios? Certamente as outras crianças vão caçoar deles”, justificou.

    Expectativa

    A maioria dos povos indígenas que vive hoje na capital amazonense veio em busca de uma vida melhor. As famílias da etnia Sateré-Mawé, que ocupam uma área verde do conjunto Santos Dumont, bairro da Paz, zona Oeste, são um exemplo da migração de povos indígenas do interior do Estado para Manaus, diante da expectativa de emprego e melhores condições de vida.

    - Minha família veio para cá, há 20 anos, com promessa de que tinha muito trabalho e saúde. Quando chegou aqui, passou o maior aperto, porque, na verdade, o trabalho era pra quem tinha instrução, e a maioria deles mal sabia ler - contou o cacique Moisés Sateré, que coordena a comunidade formada por seis famílias indígenas, com 48 pessoas, ao todo. Sem lugar para morar, eles decidiram invadir a área na qual vivem até hoje.

    Na época, segundo Moisés, os moradores não queriam indígenas na vizinhança. “Quando descobriram que a gente era índio, eles fizeram de tudo pra tirar nosso povo daqui. Por onde nossos filhos passavam, ouviam gracinhas, tiravam sarro da cara deles”, lembrou o cacique, ressaltando que, aos poucos, os Sateré conseguiram conquistar a confiança dos moradores do Santos Dumont.

    Discriminação

    Na escola, o problema se agravava. “Várias vezes nossas crianças chegaram chorando porque foram destratadas na escola. Faz parte da nossa cultura sairmos pintados, com colares e adornos, e isso espantava as pessoas”, disse Moisés.

    Ele conta ainda que, apesar de ter diminuído após um trabalho de esclarecimento realizado no bairro e nas escolas, a discriminação ainda existe. “Ano passado fui chamado pela diretora por causa de discriminação. A única coisa que posso fazer é tentar convencer os ‘brancos’ que nós somos iguais a eles em tudo”.

    Conscientização

    O trabalho de conscientização tem obtido bons resultados. Todos os anos, os Sateré-Mawé se reúnem para celebrar o ritual da tucandeira, sempre no dia 19 de abril.

    Para minimizar a distância entre os índios e a vizinhança, Moisés convida os moradores para presenciar o ritual de passagem do jovem indígena para a vida adulta. “Isso aumentou até nossas vendas de artesanato, porque as pessoas não têm mais medo de vir até aqui”, disse.

    Apesar de comemorar o bom resultado no bairro, o cacique da aldeia Yapyrehyt (que significa terceira luva da tucandeira) afirma que ainda sofre preconceito em ônibus, órgãos e lugares públicos. “Quando a gente está na parada de ônibus no Centro, por exemplo, com nossa pintura, nossas penas, muita gente fica olhando. Uns com olhar de curiosidade, mas a maioria olha com discriminação”, afirma”.

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  3. Você tem razão, Carlos Roberto, quando diz que além de desprezados pela mídia e pelos órgãos do governo, os índios são discrinados pela própria sociedade, que engraçado, cria até grupos de defesa dos direitos do bandido, do marginal, do assassino, do estuprador, do traficante, mas esquece o "POVO DA TERRA", que já estava aqui quando CABRAL chegou!

    Que estranho, não!

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  4. Eu sei que o assunto não é o negro, mas o negro como o índio, neste país parecem mutantes, seres esquisitos, que não podem conviver com a sociedade, principalmente com os filhos de governadores, prefeitos e vereadores, então o antídoto para acabar com essa epidemia seria dar um fim em negros e índios, pois assim os nossos governantes poderiam governar tranquilos sem a presença dos estranhos. Isso é uma vergonha, mas, infelizmente, é a nossa realidade.

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  5. Concordo com a Edileia. Na época do Collor eu costumava a dizer que ele iria acabar com a pobreza simplesmente matando os pobres. Acho que esse modelo foi aprendido e aplicado eficazmente. Não é exagero.
    Se a gente parar pra pensar vai lembrar que os bandeirantes esfregavam as roupas em pessoas com varíola e depois as davam de presente aos índios. Método eficas para acabar com um povoado inteiro em questão de semanas, uma vez que os índios não tinham anticorpos para a varíola. Muitas etnias foram totalmente exterminadas desta forma.
    Digamos que acabar com as florestas de onde o índio tirava sua subsistência e cortar as cestas básicas e os remédios é uma formula eficiente enquanto o gado engorda.

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  6. A idéia, na visão de alguns políticos, minha querida Ediléia, até nem é nova.

    Na década de 60, Amado Ribeiro, jornalista de a ÚLTIMA HORA, ao investigar a morte de alguns mendigos jogados no rio da guarda ouviu de um sobrevivente revelações que ligavam o governador CARLOS LACERDA ao crime.

    Não será difícil que outro político queira se livrar de negros e índios da mesma forma. É mais fácil do que enfrentar o problema de forma legal.

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  7. Seu comentário não está muito longe da realidade, LUIZ BELLATE. Aliás, se encaixa como uma luva às postagens antecedentes feitas pela EDILÉIA e ANAKRIS.

    A corrupção e a formação das quadrilhas que hoje atuam em praticamente todos os órgãos legislativos nacionais, não se iludam, praticam verdadeiros crimes hediondos. Explico porque: o crime de latrocínio ocorre quando, para consumar o roubo, a violência empregada pelo agente causa a morte da vítima. Além da tipificação contida no artigo 157, §3º, parte final, do Código Penal Brasileiro, ele está previsto no rol taxativo dos crimes hediondos (artigo 1º, II, da lei nº 8.072 de 1990).

    Estamos falando da ação de um agente contra uma vítima!

    E quando a ação dos agentes políticos impede o acesso do cidadão à educação, ao transporte e à moradia? E quando o dinheiro destinado à saúde é desviado, e em razão disso pessoas perdem a vida por esse Brasil afora, como no caso dos XAVANTES? A verdadeira “farra” com o dinheiro do contribuinte hoje instalada no CONGRESSO NACIONAL é um exemplo típico dessa firmação.

    Quantas vidas não teriam sido salvas com todo o dinheiro que sai pelo ralo dos esgotos políticos de Brasília? Estamos ou não diante de crimes hediondos?

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  8. Tudo isso é muito triste! É vergonhoso para uma nação! Compromete, inclusive, os principais conceitos que trazemos do seio de nossa família e de nossos bancos escolares, que são a honestidade e ética!

    Vale a pena ser honesto e ético no Brasil? Ou será melhor pegar um atalho se juntar aos políticos, jogar o jogo deles, o jogo dos poderosos e imunes à lei?

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  9. Como Re tsi Ori, descendente dos Xavantes, respondo. Ana Kris, voce está errada. Quando desmantelaram a assistencia médica da Funai e repassaram para a FUNASA, uma ONG ligada à FUNASA recebeu mai sde R$50.000.000,00 só para fazer o projeto da assistencia indigena.Sobraram R$11.000 reais para a real assistencia, o resto foi gasto em progeto e seu gerenciamento. Não faltaram denuncias. Falta vontade real e politica da UNIAO de cumprir os artigos 5o e 196o. da Constituição Federal, prisão para os presidentes dessas ONGS pilantrópicas e para como agora de fabricarem indios, colocando os verdadeiros como massa de manobra politica!Re pa ri

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