A matéria não é recente. Foi publicada no jornal A Gazeta do Povo, em 11/10/2009, postada hoje no Limonada Digital, blog da Luiza Estrela, amiga do Facebook. Quem sacou a postagem foi a AnaKris, e nós resolvemos reproduzi-la no Dando Pitacos porque ela mostra, ao menos na nossa opinião, as desigualdades de tratamento e inconseqüências desse "nosso país".
O texto é assinado por Tostão, um dos maiores craques do futebol brasileiro, a quem eu tive a honra e o prazer de ver jogar, com as camisas do Cruzeiro, do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira, que ele integrou na histórica conquista do México, em 1970.
"Na semana passada, ao chegar de férias, soube, sem ainda saber detalhes, que o Governo Federal vai premiar, com um pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos campeões do mundo, pelo Brasil, em todas as Copas.
Não há razão para isso. Podem tirar meu nome da lista, mesmo sabendo que esse valor corresponde ao que ganho em uns dois anos para escrever minhas crônicas para vários jornais.
O governo não pode distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma? Além disso, todos os campeões foram premiados pelos títulos. Após a Copa de 1970, recebemos um bom dinheiro, de acordo com os valores de referência da época.
O que precisa ser feito pelo governo, CBF e clubes por onde atuaram esses atletas é ajudar os que passam por grandes dificuldades, além de criar e aprimorar leis de proteção aos jogadores e suas famílias, como pensões e aposentadorias.
É necessário ainda preparar os atletas em atividade para o futuro, para terem condições técnicas e emocionais de exercer outras atividades. A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda.
Alguns vão lembrar e criticar que recebi, junto com os campeões de 1970, um carro Fusca da prefeitura de São Paulo. Na época, o prefeito era Paulo Maluf. Se tivesse a consciência que tenho hoje, não aceitaria. Tinha 23 anos, estava eufórico e achava que era uma grande homenagem. Ainda bem que a justiça obrigou o prefeito a devolver aos cofres públicos, com o próprio dinheiro, o valor para a compra dos carros.
Não foi o único erro que cometi na vida. Sou apenas um cidadão que tenta ser justo e correto. É minha obrigação".
O cara saiu de campo, mas continua marcando seus golaços...
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |