Escola de Artes Visuais do Parque Lage

Visitei pela última vez a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Jardim Botânico – RJ, em setembro de 2009, e fiquei encantado com o prédio que a abriga e todo o enorme espaço que o circunda, mas muito triste e decepcionado com o abandono da área. Cheguei a comentar com meus filhos, Fernanda e Raphael, meus parceiros na visita, que não entendia como um patrimônio como esse não era preservado dignamente pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, que é quem o administra.

Instalada em um parque com área total de 93,5 mil m2, bem aos pés do Corcovado, a Escola de Artes Visuais oferece formação artística comprometida prioritariamente com a arte atual, discutindo o pensamento contemporâneo em toda sua abrangência. A mansão foi projetada em 1920 pelo arquiteto italiano Mario Vodrel, a pedido Henrique Lage e sua esposa, a cantora lírica Gabriela Bezanzoni.

No início do ano, ao comentar o assunto com um amigo, fiquei sabendo que há um grande projeto para a recuperação e manutenção permanente de todo o Parque Lage, e isso me fez buscar mais informações.

Descobri, por coincidência, que exatamente no ano de 2009, quando lá estive, um novo convênio, assinado entre a Secretaria de Estado de Cultura e o Ministério do Meio Ambiente, garante a permanência da Escola de Artes Visuais no Parque Lage por mais 40 anos, além de legitimar o único grande centro de produção de arte e cultura da Zona Sul do Rio de Janeiro. Além disso, o projeto também visa adequar a estrutura do palacete aos novos tempos, redesenhar o programa de ensino e garantir a utilização, pela Escola, dos jardins e seu entorno.

A recuperação e a revitalização da Mansão dos Lage e das Cavalariças, o que será feito com recursos do Governo do Estado e iniciativa privada, além do apoio da Associação de Amigos da Escola de Artes Visuais, fará com que as salas de aula, auditório, oficinas de gravura e de fotografia ganhem novos equipamentos e condições adequadas.

Isso vai reforçar a importância da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e o seu papel como referência nacional no meio artístico, criando mecanismos internos e linhas de atuação externa que permitem um diálogo produtivo com a cidade e com o circuito de arte nacional e internacional.

Além do programa para jovens, há outros cursos destinados a artistas, historiadores, pesquisadores e demais interessados em aprofundar o conhecimento e o contato com a arte. Esses cursos, com diferentes formatos e dinâmicas, privilegiam a experiência e a reflexão sobre arte e outras questões do mundo contemporâneo.

Ficou previsto que já a partir de 2010, e não sei se isso ocorreu porque lá ainda não retornei, a programação das Cavalariças e das galerias internas da escola seria conduzida por dois curadores especialmente convidados. Nas Cavalariças, quatro exposições anuais deverão mostrar a obra de artistas de maior trajetória. Nas galerias 1 e 2 e no piso térreo, trabalhos de alunos, professores e artistas em início de carreira poderão ser exibidos alternadamente. Desta forma, a escola cumpre o seu papel de centro de formação em arte, e também de polo de cultura e pensamento, divulgando o que há de mais relevante no cenário artístico e cultural.

O projeto de restauração e renovação objetiva dar maior sustentabilidade ao prédio, com economia de água, através da preparação do edifício para captação de águas pluviais, e um teto verde para proporcionar um resfriamento natural em dias de calor, criando assim um isolamento térmico natural.

Além da recuperação física do Palacete, Cavalariças, Casa da Guarda, Aquário e banheiros, está prevista também a revitalização de toda a área construída, incluindo os jardins, alamedas e lagos. Serão também instalados novos equipamentos e mobiliário compatíveis com a modernização e uso de seus espaços.

Mais que recuperar o aspecto original, o Palacete terá duas grandes salas de aula, uma em cada lateral. Seus três pavimentos serão interligados por escadas e elevador para cadeirantes. O terraço ganhará uma praça suspensa com espaços protegidos e a céu aberto, para abrigar todo tipo de atividade cultural. Uma cobertura em lona e um grande jardim fazem parte desse novo projeto. A cafeteria, além do entorno da piscina, vai se expandir para o terraço. O acesso será feito através de uma escada com estrutura metálica.

O Salão Nobre vai ser utilizado como auditório e também como espaço de aulas de teoria para um grande número de pessoas. Projetado como espaço multimídia, receberá tela de projeção retrátil, projetor, equipamentos de sonorização e de iluminação. Além disso, será criado o Núcleo de Documentação, que abrigará o atual acervo da Biblioteca, que conta com mais de 10.000 livros, catálogos, documentos e revistas sobre arte moderna e contemporânea.

As antigas Cavalariças serão transformadas no principal espaço de exposição da escola. Uma de suas salas abrigará um pequeno bistrô, com mesas espalhadas pelo calçamento para atender aos visitantes. Nos fundos será construído um anexo, de arquitetura singela, para abrigar os banheiros necessários ao atendimento dos frequentadores do bistrô e das salas de exposição. Está prevista ainda a construção de um outro anexo atrás do Palacete, de dois pavimentos, com área de 800 m2. Será um prédio verde, autossustentável. O projeto foi concebido para receber ainda um ateliê de 3D, um laboratório de fotografia, o Núcleo de Arte e Tecnologia - NAT, a marcenaria e um espaço para guarda do material de manutenção dos jardins. 

Precisamos conferir se o projeto já saiu do papel...

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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