Logo no início do segundo set da partida contra a República Dominicana, a primeira das nossas meninas no Pan, Jaqueline e Fabi se chocaram, caindo na quadra. A líbero logo se recuperou e voltou ao jogo, mas a atacante saiu de maca e chorando muito, deixando apreensiva toda a torcida brasileira e seus familiares. Não há riscos aparentes à sua saúde, mas a ponteira, com uma fratura cervical, está definitivamente fora da competição.
- Foi uma pequena fratura cervical sem lesão na medula e sem necessidade de intervenção cirúrgica. Toda lesão na coluna é grave. O primeiro atendimento nesses casos é primordial. A lesão é estável e, apesar da gravidade, não oferece riscos maiores à atleta. Ela vai ficar em observação até amanhã. Por conta dessa lesão, ela está definitivamente fora do Pan. Não podemos mais contar com a Jaqueline para a competição – afirmou o doutor João Grangeiro, chefe médico do Comitê Olímpico Brasileiro.
Exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética realizados no Hospital Real de San Jose confirmaram que a atleta sofreu uma concussão cerebral, chegando a ficar inconsciente por alguns segundos, mas recuperando todos os sentidos já na saída da quadra de jogo, momento em que perguntou sobre o resultado da partida, vencida pelo pelo Brasil por 3 sets a 1.
- Foi a primeira coisa que ela perguntou. E ficou muito feliz com o resultado – informou Julio Nardelli, outro médico da seleção.
O momento do choque entre Jaqueline e Fabi (foto: Luis Pires/Vipcomm/divulgação) |
A caminhada de Jaqueline no vôlei tem sido ingrata. Em 2002, ela sofreu uma contratura no joelho e teve que se submeter a uma cirurgia, ficando seis meses fora das quadras. Quando voltou aos treinamentos, torceu novamente o mesmo joelho e foi operada mais uma vez. Além disso, Jaqueline teve complicações com a circulação sanguínea das mãos, o que novamente a tirou das competições, deixando-a, inclusive, fora do Campeonato Mundial de Vôlei Adulto de 2002, disputado no fim daquele ano.
Em julho de 2007, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, a jogadora foi apanhada em um exame anti-doping por uso da substância sibutramina, acusação que que teve origem num exame feito no mês anterior, durante as finais dos campeonato italiano. Jaqueline foi suspensa preventivamente por sessenta dias. No primeiro julgamento, ela recebeu uma punição de nove meses, o que a afastaria de grande parte das competições de 2008. Ela só voltaria às vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim. No dia 18 de setembro de 2007, porém, após uma nova avaliação do caso, a pena foi reduzida para três meses, e como Jaqueline já estava suspensa desde julho (a suspensão prévia contou como punição oficial), foi liberada para jogar.
Jaqueline deixa a quadra chorando muito (foto: Luis Pires/Vipcomm/divulgação) |
Em maio de 2011, logo após o término da Superliga 2010/2011, Jaqueline, que se casara com o também jogador Murilo, anunciou que estava grávida e pediu dispensa do SESI-SP, clube que iria defender na temporada e da Seleção Brasileira, manifestando a vontade de disputar os Jogos de Londres 2012, mas perdeu o bebê, e mesmo depois de muito sofrimento, voltou aos treinamentos e foi reincorporada ao clube e à Seleção Brasileira.
Exatamente às 15h27m de hoje, em entrevista dada à Rede Record, o doutor João Grangeiro disse que, apesar de estar fora do Pan, Jaqueline vai receber alta do hospital onde foi internada e voltar ao convívio das companheiras de seleção, o que será altamente positivo para o grupo e para ela mesma. Enfim, uma boa notícia para essa guerreira tão castigada pelo destino.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |