Em janeiro último, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, se fez presente à cerimônia de abertura simbólica do Centro Especializado no Tratamento de Hipertensão e Diabetes, o Cethid, que é a primeira fase de construção do Hospital Geral de Queimados, localizado na Baixada Fluminense, cuja capacidade de atendimento diário, segundo o diretor da rede hospitalar federal do Rio de Janeiro, Oscar Berro, deverá ser de 400 a 600 pessoas. Ainda de acordo com Berro, o ministro Alexandre Padilha teria reiterado na ocasião que “a Baixada Fluminense é prioridade para a presidenta Dilma Rousseff”. Berro estimou que a conclusão do hospital, com adequação da lâmina de internação, deveria ocorrer no prazo de dois anos, e que ele terá a capacidade para atender duas mil pessoas por dia, não só de Queimados, mas dos demais municípios da Baixada Fluminense.
Lá se vai quase um ano e o hospital ainda não saiu do papel. Pior que isso: a única UPA 24 horas do município funciona à base de enfermeiros, pois médico de verdade lá é coisa rara.
Resultado de seis meses de investigação, reportagem do RJ TV 2ª Edição mostrou hoje (29/11) o quadro caótico do atendimento médico ao povo da Baixada Fluminense, onde a população aumentou e o número de leitos hospitalares diminuiu drasticamente. Para se ter uma idéia do desprezo das autoridades pelo cidadão desse pedaço do Estado, basta saber que o município do Rio de Janeiro, cuja população alcança entre 6 milhões de pessoas, incluindo as que trabalham na cidade e dormem em cidades dormitórios, tem 17 hospitais de grande porte, com atendimento de emergência, contra apenas três unidades na Baixada Fluminense, que tem uma população estimada em 3,5 milões de habitantes.
Do vídeo que mostra a reportagem, destaquei apenas a parte referente à miserável Baixada Fluminense e ao município de Nova Iguaçu, que é onde moro e trabalho. As cenas são chocantes, principalmente as registradas nos postos de saúde Patricia Marinho e de Cabuçu, onde, acredite se quiser, o relógio está desligado e o prédio é abastecido por um "gato", o que levaria qualquer cidadão comum a responder um processo criminal por furto de energia. O pior é que o fato é admitido por Josemar Freire dos Santos, secretário municipal de saúde, que numa tremenda saia justa, sequer consegue responder às perguntas do repórter Tiago Eltz, responsável pela entrevista. Dá pra perceber que de administração pública e cumprimento da lei ele não sabe nada, mas de demagogia... Prestem atenção, também, na entrevista de Alcides Rolim, prefeito de Belford Roxo e presidente do Cisbaf - Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada Fluminense, que já tem onze anos de existência.
Cá entre nós, o povo de Nova Iguaçu bem que merece o sofrimento enfrentado na busca por atendimento médico. Afinal, foi ele, povo iguaçuano, quem elegeu e reelegeu Lindberg Farias para a prefeitura da cidade. Ele é um dos responsáveis pelo "problema de anos" referido pelo projeto de secretário municipal de saúde mostrado no vídeo. Foi ele, povo de Nova Iguaçu, quem ajudou a eleger o mesmo Lindberg Farias para o Senado. Como todo mundo sabe, a semeadura é livre, mas a colheita é certa. Cada um colhe o que plantou, não é verdade?
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |