10 maio 2012

Menina sofre estupro dentro da sala de aula

Na segunda-feira passada (07/05), uma menina de apenas 11 anos foi vítima de estupro dentro de uma sala de aula da Escola Estadual Professor Orlando Perez, no bairro Cidade Aracy - São Carlos - SP. A prática de atos libidinosos ou conjunção carnal" com menores de 12 anos é considerada estupro de vulnerável.

- Eu não queria isso. Portanto, eles fizeram isso com a vontade deles, não com a minha - disse a garota, que cursa a 5ª série.

Ainda assustada, a menina contou que foi abordada por quatro colegas de classe, durante a troca de professores.

- Eu comecei a me debater pra me jogar no chão, como eles eram muito fortes, eu não consegui. Um segurou a perna, com a minha perna aberta, e o outro me segurou nos braços, com os braços pra trás”.

Ela disse ainda que os meninos só fizeram cessar a agressão quando uma inspetora chegou. De acordo com o boletim de ocorrência, tudo foi visto pelos demais alunos que também estavam na sala de aula. A direção da escola suspendeu por cinco dias os alunos acusados de participar do abuso. Segundo a polícia, três deles, que têm entre 12 e 14 anos, serão encaminhados a um centro de recuperação de menores infratores e deverão cumprir medidas socioeducativas. O outro estudante, de 11 anos, será acompanhado pelo Conselho Tutelar.



Mas brutalidade não é privilégio das escolas. Em seu último post, o Dando Pitacos fez referência às "meninas que a partir dos dez ou onze anos de idade se prostituem Brasil afora", um tipo de violência que a sociedade finge não ver.

A violência contra a mulher, segundo relatório recebido na última semana pelo Ministério da Justiça, é preocupante. Ele mostra que a cada cinco minutos uma mulher é agredida no país, e em quase 70% dos casos, quem espanca ou mata uma mulher é o namorado, o marido ou o ex-marido. Por mais absurdo que isso possa parecer, entre 87 países, o Brasil é o 7º que mais mata. São 4,4 assassinatos em cada grupo de 100 mil mulheres, e o Estado mais violento é o Espírito Santo, com 9,4 homicídios por 100 mil. São tantos crimes que a polícia teve de criar a primeira delegacia do Brasil especializada em investigar homicídios de mulheres. Cerca de 300 mulheres são atendidas na Delegacia da Mulher da Cidade de Serra, na Região Metropolitana da grande Vitória, e pelo menos 200 homens são investigados todos os meses. O capixaba é muito macho, você não acha?

Numa pesquisa recém concluída pelo sociólogo Júlio Jacobo, o mapa da violência de 2012 mostra uma clara diferença entre assassinatos de homens e mulheres:

- Homem morre primordialmente na rua. Homem morre primordialmente por violência, entre os pares, entre os jovens, na rua. Mulher morre no domicílio, na residência - explica Jacobo.

Ao todo, 68% das mulheres que procuraram o Sistema Único de Saúde em 2011 para tratar ferimentos disseram que o agressor estava dentro de casa. Em 60% dos casos, quem espanca ou mata é o namorado, o marido ou ex-marido.

Os relatos são os mais absurdos:

- Me arrastou pelo cabelo, me jogou dentro do banheiro, enfiou minha cabeça dentro do vaso, me bateu muito, me chutou - lembra uma vítima.

- O último que ele ia me dar ia ser na barriga, porque, a todo momento que ele dava uma paulada, ele falava que ele ia me matar - conta outra mulher.

- Aquilo já virou tão rotina, que você não conta mais quantas agressões foram, se foram três em um mês, se foram dez - diz outra.

Quando foi assassinada pelo marido, aos 47 anos, Anita Sampaio Leite trazia um papel que o obrigava a ficar pelo menos um quilômetro longe dela. Anita e o marido, o pedreiro Hercy de Sousa Leite, de 52 anos, viveram juntos por mais de 30 anos. Os filhos do casal já não suportavam ver a mãe apanhar.

- Ele mantinha minha mãe completamente em cárcere privado. Minha mãe não podia sair. Para ela sair, era tudo programado do jeito dele. Se passasse do jeito dele, dava problema. Ele batia nela - contou Wellington Sampaio.

Quando Anita pediu a separação, em 2011, Hercy voltou a agredi-la e foi preso, mas pagou a fiança e saiu da cadeia. Anita foi morta a facadas no quintal da casa dela, em agosto de 2011. Um dia depois do assassinato, um oficial de Justiça foi procurar Anita para intimá-la a depor como vítima no processo contra o marido.

- Ela está lá no cemitério de Ponta da Fruta, você vai encontrar ela lá agora. Porque ela já morreu. Demorou demais para chegar essa intimação - relata o irmão sobre o encontro com o oficial da lei. Hercy ainda está foragido e só Deus sabe se ele um dia vai pagar pelo crime que cometeu.

Que medidas de combate estão sendo adotadas pelas autoridades? Por que é que nestes casos ninguém houve falar das poderosas "secretarias" criadas pelo Governo Federal para patrulhar o comportamento do cidadão? Ou será que elas só se envolvem em assuntos mais sofisticados como as campanhas publicitárias da Gisele Bündchen, os personagens de programas humorísticos e novelas e o conteúdo de clips como o da dupla Alexandre Pires e Neymar?

A principal razão de tanta violência, não duvide, é a impunidade, a mesmoa impunidade que alimenta a corrupção que hoje toma conta do país, o que você pode confirmar assistindo ao vídeo abaixo, que retrata a verdadeira cruzada vivida por Maria da Penha Maia Fernandes, a inspiradora da "Lei Maria da Penha". Seu relato simples deixa bem clara a omissão do Estado brasileiro quando o assunto é o cumprimento da lei e a aplicação da justiça. Assista e deixe o seu comentário sobre o assunto.





Fonte: Fantástico e G1



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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