Enquanto políticos do alto escalão daqui e de outros países são atendidos pelos melhores e mais renomados profissionais de saúde nos grandes hospitais do país, cenas de descaso com a vida do cidadão são mostradas pela mídia a todo momento, sem que qualquer providência efetiva seja tomada, apesar do lamento e protestos da gente simples que vê seu ente querido morrer à porta das unidades da rede hospitalar pública.
E isso, registre-se, não está acontecendo apenas no Rio de Janeiro, mas em todos os Estados brasileiros.
Desta vez o desabafo não vem da rua, mas de dentro do próprio Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, onde a médica Angela Tenório teve a coragem de revelar a situação precária em que se encontra a saúde do Estado.
- Estou sozinha nessa porcaria aqui. Não posso fazer nada pelo excesso de pacientes doentes. E a secretaria e o governador não fazem nada. Cadê o Pedro II? Nós somos sobrecarregados. Eu sou diabética e hipertensa. O Pedro II está lá, com médicos que não atendem porque não tem cama. Eu já estou de saco cheio. Eu vou ser punida por uma boa causa.
Há cerca de dois anos, um incêndio fechou o Hospital Estadual Pedro II, em Santa Cruz, na zona oeste, o que vem causando a superlotação do restante da rede, com destaque para o Hospital Rocha Faria, localizado na mesma região. O congestionamento de ambulâncias e pacientes à espera de atendimento na porta do hospital é constante. A principal reclamação é pela falta de profissionais médicos e equipamentos de saúde, o que é confirmado por Angela, para quem as condições são precárias e pessoas correm o risco de morrer.
- A saúde está zerada, os pacientes estão à míngua e estão morrendo.
Como sempre acontece e através da famosa "nota oficial", a direção do Hospital Estadual Rocha Faria informou que o quadro médico estava completo na quarta-feira, mas confirma que a superlotação tem sido uma realidade na unidade desde o incêndio e fechamento do Hospital Pedro II.
Alheios a tudo isso, o governador do Estado, escondido desde que estourou o escândalo de Carlinhos Cachoeira, e o prefeito da cidade carioca, que já não sabe se vale a pena aparecer junto dele, não se manifestam. Quem paga por essa omissão criminosa é a população do Rio de Janeiro (a miserável, é claro), que cruza os dedos e torce para não precisar socorrer-se de um hospital público. As imagens, apesar de algumas opiniões em contrário, falam por si. Assista ao vídeo e deixe o seu comentário.
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Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
