Que fatores devem ser analisados por uma empresa na hora de contratar um profissional? Será correto exigir que o(a) candidato(a), além da formação curricular, preste também informações acerca de aspectos pessoais, como religião e opção sexual? Seja qual for a sua resposta, saiba que uma pesquisa realizada pela Trabalhando.com concluiu que o preconceito contra o homosssexual ainda existe na hora de contratar um trabalhador, independentemente da área de atuação.
A pesquisa entrevistou 400 pessoas, entre homossexuais ou não, e 54% delas afirmam que o preconceito existe, apesar de não ser assumido; 22% dizem que a discriminação depende do tipo de área e vaga desejada e apenas 3% pensam que esse problema não existe mais. A pesquisa ouviu também, ainda que anonimamente, representantes de 30 empresas, de médio e grande portes.
Eliana Dutra, diretora da Pro-Fit, empresa de coaching e treinamento profissional, ouvida sobre o tema, afirma:
- Noto que profissionais homossexuais são, sim, contratados. Porém, dificilmente alcançam cargos de diretoria. Em áreas e empresas onde há mais competição e, por consequência, maiores salários, essas pessoas sofrem ainda mais para alcançar um patamar elevado.
Renato Grinberg, diretor geral da Trabalhando.com Brasil, defende veementemente que a orientação sexual do candidato não pode ser levada em conta no momento da entrevista, bem como outros aspectos de sua intimidade.
- Em países como os Estados Unidos, por exemplo, fazer qualquer tipo de pergunta que não seja de cunho profissional no momento da entrevista, como perguntar a idade, o estado civil e se a pessoa tem filhos, é proibido por lei. O que é de fato relevante na contratação são suas competências, não o que ele faz nas horas vagas ou com quem se relaciona - explica.
Julyana Felícia, gerente de RH da MegaMatte, ressalta que a lei federal brasileira também trata do assunto:
- A nossa legislação é clara quanto a proibição de diferença de salário, exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Apesar disso, o assunto ainda é um tabu no mundo corporativo e a contratação do homossexual pode ser influenciada pelo perfil que a empresa busca. Em algumas corporações com foco em atendimento ao público, noto maior quantidade de colaboradores homossexuais, por serem geralmente vistos como muito simpáticos e atenciosos.
O trabalho dos pesquisadores também mostra que 21% dos consultados notou que o preconceito vem dinimuindo nos últimos anos, mas devagar, como pensa Ylana Miller, sócia-diretora da Yluminarh e professora do Ibmec.
- Ainda há muitos sistemas organizacionais onde o preconceito é velado e o discurso é bem diferente da ação. Divulgam crenças e valores não preconceituosos, mas na prática não é o que vemos, tanto em relação a orientação sexual, como a religião e ao nível socioeconômico - diz Ylana.
Todas as corporações listadas no ranking das 100 melhores empresas da Fortune já possuem políticas contra a discriminação, o que inclui a orientação sexual.
- Não é surpreendente para mim que os lugares que são classificados como os melhores para trabalhar sejam também os que respeitam e valorizam os seus funcionários. A evolução é claramente no sentido da igualdade no local de trabalho - disse Michael Cole-Schwartz, gerente de comunicações da Human Rights Campaign, uma organização que defende lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros americanos, em entrevista para à CNN Money.
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Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |