Durma-se com um barulho destes! Ontem (14/09), no Pará, uma professora de religião afro, é isso mesmo, religião afro, chamou um segurança da Universidade do Estado do Pará - UEPA de "macaco", fato denunciado à policia e levado ao conhecimento do Conselho Estadual de Igualdade Racial. Segundo um grupo de alunos que assistiram e gravaram cenas em um celular, além do segurança, a professora Daniela Cordovil também teria insultado um universitário que tentou defender o trabalhador.
Toda a confusão teria ocorrido a partir do momento em que Daniela tentou entrar na universidade com um grupo de pesquisadores convidados para participar de um evento, mas encontrou fechado o portão que fica na Avenida Djalma Dutra, no bairro Telégrafo, em Belém - Pará, e dá acesso ao Centro de Ciências Sociais e da Educação - CCSE.
Na delegacia, em princípio, Daniela Cordovil não quis falar com a imprensa, mas seu advogado, Claudinor Cardoso, explicou que o xingamento aconteceu em um momento de nervosismo e que as palavras por ela utilizadas não têm conteúdo racista, até porque a antropóloga estuda religiões africanas.
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O segurança que estava no local, Rubens dos Santos, de 39 anos, informou que o acesso por aquele local estava vedado por ordem da direção da universidade e orientou o grupo a entrar por outro portão, com o que não conformou a professora, que passou a xingar o servidor, cena gravada pelos alunos em um celular. No vídeo, a professora teria assumido a agressão ao segurança e dito a um dos universitários:
- Tu é um macaco também. Vai chamar a PM (Polícia Militar) agora!
O ocorrido foi levado à Seccional de São Brás, onde a professora e o segurança prestaram depoimentos, o que gerou a lavratura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência - TCO.
Daniela Cordovil |
Depois, aparentemente mais calma, ainda na Central de Flagrantes da Seccional de São Brás, numa entrevista dada ao jornal Diário do Pará, a jovem se defendeu e tentou afastar a ideia da prática do crime de racismo.
- Toda confusão aconteceu por conta de uma greve que possui pleitos infundados e vem atrapalhando a universidade desde a última quarta. Dois professores que são referências na minha área de pesquisa vinham dar uma palestra de graça pro meu grupo e seriam impedidos de entrar por conta que a coordenação do centro aderiu à greve. Então eu me revoltei com o porteiro e o chamei de macaco, mas não com conotação racista. Seria um contrasenso(sic) pra mim, que sou estudiosa das religiões afro, falar algo assim. O que eu disse é que ele era um macaco no sentido de fazer tudo o que a direção queria, com uma obediência cega - explicou Daniela, que disse estar imensamente arrependida da atitude que tomou, até porque o segurança só estava cumprindo ordens superiores.
Qual a sua opinião sobre o tema? Você acha que Daniela errou ao se dirigir a Rubens, ou tudo não passou de um lamentável equívoco? Você concorda que a expressão "macaco" por ela utilizada não teve cunho racista, mas apenas crítico, porque ele faz tudo o que a direção da universidade manda? Mas como empregado, não é essa a obrigação dele? E o xingamento endereçado ao universitário? Complicado, não? Deixe o seu comentário.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |