22 abril 2013

Arthur Zanetti pode competir por outro país nas Olimpíadas

Arthur Zanetti

Foram 14 anos de muito suor e dedicação, mas oito meses depois de sua maior conquista, nada mudou. Sem estrutura e pouco apoio para treinar, o ginasta Arthur Zanetti, um dos grandes destaques do Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres, ganhador da medalha de ouro nas argolas, não descarta a possibilidade de competir por outro país.

- Se algum outro pais me der uma condição melhor, paciência. Eu vou com o coração partido, mas preciso pensar no meu futuro - disse o medalhista olímpico em entrevista ao Esporte Espetacular.

Convites para isso não faltam. Numa entrevista para a ESPN Brasil, o pai do atleta, Arquimedes, revelou que o filho já recebeu convites para competir por países como Inglaterra, Espanha e Itália.

- Como temos descendência italiana e espanhola, então facilitaria - explicou Arquimedes.

O ginásio onde Zanetti treina, em São Caetano do Sul - SP, abriga cerca de 300 alunos de uma escolinha, mantida pela prefeitura e por uma associação de pais, e apesar do aumento na procura por vagas, efeito direto da conquista de Zanetti, não pôde receber novos alunos por falta de estrutura.

Equipamentos ultrapassados e improvisados. Colchões de proteção idênticos aos utilizados em camas comuns. Ausência de vestiários e armários. Tudo como a quinze anos atrás, segundo a treinadora Salete Meneguel, coordenadora do ginásio.

Além disso, como o treinamento é feito em dois períodos, os atletas passam a maior parte do tempo no ginásio, razão pela qual são responsáveis pela limpeza do local, comem em quentinhas e lavam a louça suja. O descanso, necessário depois das refeições, é feito no próprio ginásio, porque não há alojamentos. Tudo muito diferente do que acontece com os atletas de China e Japão, onde estão os principais adversários de Zanetti.

Em 2011, um convênio foi assinado entre a Confederação Brasileira de Ginástica e o Ministério dos Esportes, mas os R$ 7 milhões que deveriam ter sido utilizados na compra de novos equipamentos a serem distribuídos aos centros de treinamento e clubes onde os atletas da seleção treinam não chegaram. Por problemas burocráticos, pelos menos é o que dizem os responsáveis pelo setor, o processo de licitação até hoje não foi concluído.

- Quando eu ganhei a medalha (em Londres), muitos atletas do Brasil, que já foram medalhistas olímpicos, vieram me falar: "Agora sua vida vai mudar". Mas nada mudou - lamentou - se Zanetti.

Por isso, faltando apenas três anos para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro - RJ, o país corre o risco de ver seu único ginasta medalhista de um ouro olímpico competindo por outra bandeira em seu próprio país. Triste, constrangedor e revoltante, principalmente quando se tem conhecimento da fábula de dinheiro que se esvai pelo ralo da corrupção política que varre o Brasil de ponta a ponta. Assista ao vídeo da apresentação dourada de Zanetti em Londres e deixe o seu comentário.





O Globo




Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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