Marcelo Leite e Maria Elisabete Rodrigues (foto: reprodução) |
A partida aconteceu no dia 25 de abril de 2011, depois que conseguiram patrocínio para 50% dos custos da viagem, calculados em cerca de US$ 42.250, ou US$ 65 por dia. O orçamento incluía acampamentos, pernoites em residências, comida enlatada e passagens rápidas por países caros, como os Estados Unidos. A moto levou dois baús e uma mala. Num baú, foram colocadas as ferramentas e peças de reposição. No outro, uma barraca e acessórios para acampar. Na mala, com capacidade para 49 litros, itens de uso pessoal. Cada um levou uma calça jeans e uma jaqueta para andar de moto, um short, um par de chinelos, luvas, capacete, três camisetas, três peças íntimas e três pares de meias.
Foi na Mongólia que Marcelo e Bete enfrentaram seu maior desafio físico. Lá não existe banheiro privado. As famílias pagam para tomar banho uma vez por semana - todos juntos – em algum lugar que ofereça o serviço. Fora da capital, a população mora em tendas e se banha em rios – mesmo no verão, a água é gelada. Os dois não escondem: ficaram dez dias sem tomar banho.
Mas nada foi pior do que lidar com a miséria, e ela se mostrou dura demais na Etiópia, onde Marcelo e Bete chegaram depois de visitar o Sudão, de população humilde. Mas na Etiópia, são miseráveis. As pessoas caminham descalças nas ruas porque não têm dinheiro para comprar sapatos. No frio, as pontas dos dedos dos pés necrosam por falta de circulação e caem. Na feira, os sapatos são vendidos por pé, não por par. Pode parecer absurdo, mas lá, ter um pé de sapato é considerado status social. Nas plantações do interior, eles notaram que sempre havia uma criança em cima de um poste, como se estivesse num ninho. Ficaram sabendo, depois, que aquela criança é a escolhida para ser o cuidador da roça. É o espantalho da plantação. Ela não brincará nem frequentará a escola. Nunca!
Ainda na Etiópia, conta Bete, ela viveu a pior experiência de sua vida. Um homem, numa charrete, pediu ajuda ao casal. Ele carregava o filho pequeno, agonizando. O menino tinha o rosto coberto por moscas. Como a comunicação era difícil, já que não falavam a mesma língua, ela pediu ajuda a um policial da fronteira, que não lhe deu atenção. Diante de sua insistência, ele a encarou e disse: “Por que você está preocupada? Ele é um em 1.000”. Mesmo assim, o policial a levou para uma ONG que oferecia ajuda médica. O menino morreu na frente dela, diante do desespero do pai. Bete chorou a noite toda.
A entrevista completa está no link da Época, logo aí embaixo. Não saia sem deixar seu comentário...
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |