06 dezembro 2013

Morre Nelson Mandela, o anjo negro da paz

Nelson Mandela (foto: reprodução)

A morte de Nelson Mandela choca o mundo e nos faz acreditar que o político, seja qual for a sua origem, pode, efetivamente, ganhar um lugar na história, batendo-se pelos interesses dos menos favorecidos, sem se preocupar com as estratégias imorais e corruptas da luta pela simples manutenção do poder e enriquecimento próprio. Oriundo da etnia Xhosa, Mandela, cujo verdadeiro nome era Rolihlahla Madiba Mandela, nasceu em um pequeno vilarejo na região de Transkei, África do Sul, em 18 de julho de 1918, e aos sete anos tornou-se o primeiro membro de sua família a frequentar a escola, que foi onde recebeu o nome inglês Nelson.

Mudou-se para Fort Beaufort, cidade cujas escolas recebiam a maior parte da realeza Thembu, em 1934, quando tinha apenas 16 anos de idade. Começou a se interessar por corrida, boxe e se matriculou em um curso de Direito na Universidade de Fort, onde conheceu Oliver Thambor, com quem iniciou uma grande amizade. Depois de se unir ao movimento estudantil em um boicote contra as políticas universitárias, acabou sendo expulso instituição, o que o obrigou a terminar sua graduação em Johanesburgo, em um curso por correspondência da Universidade da África do Sul.

Ainda na condição de estudante, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros, índios e mestiços (justamente os que compunham a maioria da população) direitos políticos sociais e econômicos. Foi nessa época que ele uniu-se ao partido Congresso Nacional Africano - CNA. Dois anos depois, em 1942, fundou com Oliver Thambor e Walter Sisulu a liga jovem do CNA. Quando os Afrikaners (partido nacional que apoiava o apartheid) venceram as eleições de 1948, Mandela se tornou mais ativo na oposição ao regime de segregação racial. Em 1955, divulgou a Carta da Liberdade, um dos documentos mais importantes da causa antiapartheid.

Apesar do compromisso pela não prática de atos violentos, Mandela decidiu recorrer à luta armada após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando 69 pessoas foram mortas e 180 feridas depois que a polícia sul-africana atirou contra manifestantes negros.

Nos dois anos seguintes, Mandela comandou uma campanha de sabotagem contra alvos militares do governo e viajou por outros países africanos para treinamento paramilitar. Em 1962, agentes da CIA repassaram à polícia sul-africana informações sobre seu paradeiro e ele acabou preso e condenado a cinco anos de prisão por incentivar greves, pena alterada em 1964 para prisão perpétua, pelo crime de sabotagem.

Durante os 27 anos em que passou na prisão, período em que angariou o respeito dos outros presidiários e até mesmo dos agentes penitenciários, Mandela se tornou um símbolo da luta contra o apartheid e ícone da campanha Libertem nosso Mandela. Ele foi solto em 1990, aos 72 anos, por ordem do então presidente Frederik de Klerk, com quem acabou dividindo o prêmio Nobel da Paz.

Em 1994, Nelson Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul, cargo que exerceu até 1999. Durante seu mandato, deixando de lado todo e qualquer sentimento de vingança, ele deu início à política de reconciliação que culminou no fim do apartheid. Após deixar o poder, Mandela se envolveu em questões sociais e de direitos humanos, como a campanha de combate à AIDS intitulada 46664, seu número durante os 27 anos de cárcere.

Por sua luta contra a segregação racial e na defesa dos direitos humanos, Mandela recebeu inúmeros prêmios internacionais, como a Ordem de St. John, da Rainha Elizabeth II, a Medalha Presidencial da Liberdade, de George W. Bush, o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá.






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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