O menino Lucas Neiva (foto: reprodução) |
Já houve um tempo em que as escolas podiam exigir certos padrões de vestimentas, até porque o uniforme era obrigatório, e de aparência, como corte de cabelo, maquiagem, uso de certo tipo de jóias e por aí afora. Era uma atitude considerada normal. Hoje, porém, com o alargamento das liberdades, às vezes até de forma exagerada, a coisa vem mudando, o que gera algumas polêmicas, principalmente no âmbito das escolas. Um colégio em Guarulhos, na Grande São Paulo, por exemplo, pediu que um de seus alunos cortasse o cabelo, que é crespo. A mãe não não atendeu a solicitação e o menino ficou sem a matrícula. O fato ocorreu na escola Cidade Jardim Cumbica e Polícia Civil abriu inquérito por racismo.
Maria Izabel Neiva, a mãe do garoto Lucas Neiva, de 8 anos, explicou que recebeu, agosto último, um bilhete da professora do filho pedindo que ele usasse um corte de cabelo mais adequado. Maria Izabel resolveu não atender à solicitação e mandou um bilhete à diretora da escola, que respondeu dizendo que o cabelo black power "não é usado no colégio pelos alunos".
Izabel disse que procurou a diretora da escola:
Vim conversar com ela pessoalmente, passei umas duas ou três horas, e falei que não atrapalha em nada o cabelo dele. Ele enxerga normalmente, o cabelo não está no olho, não atrapalha em nada. Mas ela disse que 'atrapalha os colegas a enxergar a lousa'". Ela falou que o cabelo dele 'é crespo, cheio e inadequado. Venhamos e convenhamos, mãe'".
Izabel afirma, ainda, que não recebeu qualquer aviso sobre a rematrícula do filho e ao procurar a secretaria da escola recebeu a informação de que já não havia mais vaga para o menino, o que não seria verdade porque a mãe de uma outra aluna, coleguinha de classe de Lucas, conseguiu a matricula da filha depois do problema criado com ela.
Para a polícia, a conduta da escola pode ser qualificada como racismo.
Toda vez que a pessoa é impedida ou é tolhida de entrar em algum estabelecimento, inclusive em estabelecimento de ensino, que tenha a conotação que é por causa da cor ou do cabelo, está caracterizado dentro da lei que apura os crimes raciais", disse o delegado Jorge Vidal Pereira, do 3º Distrito Policial, encarregado do caso.
Em nota, a direção do colégio Cidade Jardim Cumbica disse que a mãe perdeu o prazo da rematrícula e que foi orientada a colocar o nome do filho na lista de espera. Ainda de acordo com a escola, a professora havia orientado a mãe a cortar o cabelo do menino porque a franja estaria atrapalhando a visão dele, mas que isso não tem relação com o fato de o menino não poder ser rematriculado. A direção considerou o inquérito policial como "absurdo".
O que você acha dessa história? Terá havido racismo por parte da escola ou tudo não passa de artifício criado pela mãe do menino por ter perdido o prazo da matricula? Deixe o seu comentário.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |