28 março 2014

Estudo conclui que a mulher que mostra o corpo merece ser atacada

Foto: reprodução

Apesar de alguns avanços, a luta da mulher por liberdade e igualdade de tratamento em relação ao homem parece muito longe do fim. Mostrando o atraso e o raciocínio machista que ainda nos influencia, a maioria dos brasileiros (seis em cada dez dos entrevistados) acredita, segundo o estudo "Tolerância social à violência contra as mulheres", divulgado ontem (28/03) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, que se a mulher se "comportasse melhor", o número de agressões que ela sofre, inclua-se aí os estupros, diminuiria significativamente.

Mas não é só, A maior parte da nossa sociedade, 65,1% dos quase 4 mil entrevistados, concordam que as mulheres que usam roupas que mostram o corpo (decotes ou saias justas e curtas) merecem ser atacadas. Trocando em miúdos, culpamos a mulher pelas agressões que infestam o seu cotidiano. E a cereja do bolo: as entrevistas foram feitas com homens e mulheres, e elas, na verdade, foram maioria na consulta (66%), o que demonstra, como revelado por Mary Del Priore, historiadora, professora universitária e autora de obras como "História das Mulheres no Brasil", vencedora dos prêmios Jabuti e Casa Grande e Senzala, e "Histórias e Conversas de Mulher", que as mulheres brasileiras do último século conquistaram o direito de votar, tomar anticoncepcionais, usar biquíni e a independência profissional, mas ainda hoje são vítimas de seu próprio machismo, já que "não conseguem se ver fora da órbita do homem", o que as faz dependentes da vontade e desejo masculinos.

Mas tem mais, e bem mais grave. Embora a violência física não seja mais tolerada, a grande maioria da população ainda enxerga o homem como o chefe da família e acha que à mulher cabe “se dar ao respeito”, tanto que 34,6% concordam que tem mulher que é para casar e tem mulher que é para cama.

Outro dado preocupante está nos constantes relatos de abusos sexuais no transporte público nas cidades brasileiras, o que o Dando Pitacos já abordou em "Abusos praticados contra mulheres no transporte público leva 17 suspeitos à prisão". Só na cidade de São Paulo, cerca de 30 grupos de "encoxadores" (nome dado aos homens que molestam mulheres no Metrô e na Companhia Paulista de Transporte Metropolitano - CPTM) estão sendo investigados pela Polícia Civil.

No ano passado, mais precisamente nos meses de agosto e setembro, uma outra pesquisa, realizada em 50 municípios brasileiros com 1.500 entrevistas feitas pelo Instituto Avon em parceria com o Instituto Data Popular com homens e mulheres de 16 anos ou mais, traçou o perfil do comportamento machista do brasileiro. Segundo o estudo "Percepções dos Homens Sobre a Violência Doméstica contra a Mulher", 69% dos homens não concordam que a mulher saia com amigos ou amigas sem sua companhia, 46% consideram inaceitável que ela use roupas justas e decotadas e 47% deles acham que o homem precisa mais de sexo do que a mulher.

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Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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